Acolher e testemunhar o dom do Espírito Santo - responsabilidade de todos os cristãos, a começar pelos jovens: Bento XVI na Missa de encerrramento da JMJ 2008
(20/7/2008) Milhares de pessoas (cerca de 350 mil ) tinham-se juntado neste Domingo a Bento XVI para o ponto alto da Jornada Mundial da Juventude 2008, em Sidney: a celebração da Santa Missa que iniciou ao som do Gregoriano, após a chegada do papamóvel, por entre a multidão.
O Cardeal George Pell, Arcebispo da Austrália, saudou Bento XVI e falou da Igreja “jovem” e “viva”, apesar de aparecer tantas vezes desfigurada.
A seca que atinge várias partes do país foi ainda motivo para um pedido especial de oração, para que a chuva chegue a “esta terra Austral do Espírito Santo”.
Após as leituras em espanhol, francês, italiano e inglês, a aclamação ao Evangelho voltou a dar atenção às comunidades da Oceânia, desta vez das Ilhas Fiji, com cantos e danças tradicionais.
Na sua homilia, o Papa pediu uma “nova geração” de Apóstolos, prontos a levar “Cristo ao mundo” e a dar vida a uma "nova era".
Bento XVI situou esta celebração em continuidade com o Pentecostes, quando o Senhor ressuscitado enviou o Espírito aos seus discípulos reunidos no Cenáculo. Foi assim que, pela força deste Espírito, Pedro e os Apóstolos partiram a pregar o Evangelho até aos confins da terra. Também agora o sucessor de Pedro viajou até à Austrália… presidindo a esta assembleia que congrega jovens de todas as nações… como num novo Cenáculo, sobre o qual se invoca a descida do Espírito…
“Em cada Missa, o Espírito Santo desce novamente, invocado na solene oração da Igreja, não só para transformar os dons do pão e do vinho no Corpo e Sangue do Senhor, mas também para transformar as nossas vidas, para fazer de nós, com a sua força, um só corpo e uma só alma”em Cristo".
A força, a “potência”, do Espírito Santo, é a potência da vida de Deus: o poder que nos conduz, que conduz o nosso mundo, em direcção ao Reino de Deus que vem. O amor que nos liga ao Senhor e entre nós é a luz que abre os nossos olhos para ver as maravilhas da graça de Deus em todos nós.
Uma experiência que se renovou concretamente em Sidney, nesta Jornada Mundial da Juventude: “Também aqui, nesta grande assembleia de jovens cristãos provenientes de todo o mundo, fizemos uma experiência viva da presença e da força do Espírito na vida da Igreja. Vimos a Igreja como ela é na verdade: Corpo de Cristo, comunidade viva de amor, com gente de todas as raças, nações e línguas, de todos os tempos e lugares, na unidade que nasce da nossa fé no Senhor ressuscitado”.
Esta experiência, esta realidade – advertiu Bento XVI – “não é algo que possamos merecer ou conquistar; podemos apenas recebê-la como puro dom”. Para tal, algo nos toca fazer: “O amor de Deus só pode infundir a sua força quando lhe permitimos que nos transforme por dentro. Temos que deixar que penetre a dura crosta da nossa indiferença, do nosso cansaço espiritual, do nosso cego conformismo ao espírito deste nosso tempo”.
O que há-de corresponder a passos concretos, a começar pela oração, pessoal e comunitária; nos nosso corações; diante do Santíssimo Sacramento; e a oração litúrgica, bem no coração da Igreja. A propósito do “testemunho” (outro aspecto desenvolvido pelo Papa), Bento XVI deu graças a Deus pelo dom da fé, tesouro transmitido de geração em geração na comunhão da Igreja.
Dirigindo o olhar para o futuro, o Santo Padre interpelou os jovens congregados em Sidney, perguntando-lhes: o que vão transmitir à próxima geração; se estão a construir algo que possa durar no futuro; se estão dando lugar ao Espírito Santo nas suas vidas… A força do Espírito impulsiona para o futuro, em direcção do Reino de Deus…“A efusão do Espírito Santo sobre a humanidade é penhor de esperança e de libertação de tudo aquilo que nos empobrece”.
“Uma nova geração de cristãos está chamada a contribuir para a edificação de um mundo em que a vida seja acolhida, respeitada e tratada com amor, não rejeitada nem temida como uma ameaça e portanto destruída.Uma nova era em que o amor não seja ávido e egoísta, mas puro, fiel e sinceramente livre, aberto aos outros, respeitoso da sua dignidade…
Uma nova era em que a esperança nos liberte da superficialidade, da apatia e da miopia que mortificam a nossa alma e envenenam as relações humanas.”“O mundo tem necessidade desta renovação!” – sublinhou o Papa, que recordou o “deserto espiritual” que se vai alargando, com um “vazio interior”, medos, “sentimento de desespero”…
Em todo o caso, observou Bento XVI, dirigindo-se especialmente aos jovens de todo o mundo, também a Igreja carece de renovação:
“(A Igreja) tem necessidade da vossa fé, do vosso idealismo, da vossa generosidade… Cada cristão recebeu um dom que há-de ser usado para edificar o Corpo de Cristo. A Igreja tem especial necessidade do dom dos jovens, de todos os jovens…
As intenções da oração universal dos fiéis foram propostas em inglês, alemão, polaco, vietnamita, árabe e sudanês. Nesta língua rezou-se por todos os cristãos “que não podem servir abertamente o Senhor por causa de pressões políticas, instabilidade ou medo”.
Nesta celebração, conclusiva da jornada mundial da juventude , participou também o Presidente da Republica de Timor Leste José Ramos Horta que depois saudou o Papa, como confirmou o director da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Frederico Lombardi que referiu ainda que o presidente timorense tinha participado nos dias passados nas outras actividades da jornada mundial da juventude ,em que esteve presente também um grupo proveniente de Timor Leste.
A versão integral dos discursos pronunciados pelo Santo Padre está disponível no site da Santa Sé www.vatican.va e nas várias edições do jornal L'Osservatore Romano.
Fonte: RV
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