BENTO XVI FALA AOS BISPOS E CLERO DA AUSTRÁLIA E PRESIDE À GRANDE VIGÍLIA DE ORAÇÃO DOS JOVENS EM SYDNEY
Sydney, 19 jul (RV)
- Bento XVI iniciou cedo suas atividades neste sábado em Sydney, na Austrália, onde se encontra, desde domingo passado, para o XXIII DMJ.
O Papa deixou a residência episcopal de Sydney, às 9 horas locais, e se transferiu à Catedral de “Maria, Auxílio dos Cristãos”, padroeira da Austrália, que compreende também a Residência do Cardeal George Pell.
Ali, o Pontífice celebrou Missa para os bispos australianos, seminaristas, os noviços e as noviças.No início da celebração Eucarística foi feita uma saudação ao Papa, por parte do Cardeal-arcebispo de Sydney, George Pell, como também por um seminarista e uma religiosa, em nome de todos os presentes.
A seguir, em sua homilia, Bento XVI cumprimentou todos, mas, de modo particular, os seminaristas e noviços, que, como os jovens israelitas da leitura de hoje, são um sinal de esperança e de renovação para o povo de Deus; eles, como os jovens israelitas, têm a missão de edificar a casa de Deus para as gerações futuras. O Bispo de Roma recordou os sacerdotes, religiosos e fiéis leigos que contribuíram, segundo a própria função, para a construção da Igreja na Austrália e a difusão do Evangelho, com a conseqüente conversão dos corações, a santidade, unidade e caridade.
Durante a celebração Eucarística, Bento XVI consagrou o novo altar daquela catedral, que, como ele disse, é símbolo de Jesus Cristo, presente no meio da sua Igreja como sacerdote e vítima. Na liturgia da Igreja e, sobretudo, no sacrifício da Missa consumado sobre os altares de todo o mundo, explicou o Papa, Cristo nos convida a partilhar da sua auto-oblação e nos chama a oferecer, em união com Ele, os sacrifícios quotidianos para a salvação do mundo. E, recordando que somos consagrados ao serviço de Deus e para a edificação do seu Reino, afirmou:Em nome da liberdade e da autonomia humanas, o nome de Deus foi silenciado, a religião reduzida a uma devoção pessoal e a fé banida. Tal mentalidade, radicalmente contrária à essência do Evangelho, pode ofuscar a compreensão de Igreja e da sua missão.
Também nós podemos ser tentados a reduzir a vida de fé a uma questão de mero sentimento, enfraquecendo assim o seu poder de inspirar uma visão coerente do mundo e um diálogo rigoroso com tantas outras perspectivas, que lutam por conquistar as mentes e os corações dos nossos contemporâneos.
Que esta celebração na presença do Sucessor de Pedro, disse o Papa, seja um momento de nova consagração e de renovação para toda a Igreja na Austrália. E, aqui, expressou a vergonha de toda a Igreja pelos abusos sexuais contra menores, cometidos por alguns sacerdotes e religiosos daquela e de outras nações.
E acrescentou: Estou realmente sentido pela dor e o sofrimento das vítimas, com as quais, como Pastor, expresso minha solidariedade. Tais agravos, que constituem grave traição da confiança, devem ser condenados de modo inequívoco, pois causaram grande sofrimento e prejudicaram o testemunho da Igreja.
Por isso, peço a todos que apóiem, assistam e colaborem com seus bispos para combater este mal. As vítimas devem receber compaixão e tratamento e os responsáveis destes males devem ser levados diante da justiça. Constitui uma urgente prioridade a promoção de um ambiente mais seguro e sadio, especialmente para os jovens.
Nestes dias, disse ainda o Santo Padre, caracterizados pela celebração do DMJ, somos chamados a refletir sobre a importância deste tesouro que nos foi confiado: os jovens e a sua educação. Enquanto a Igreja na Austrália continua, no espírito do Evangelho, a enfrentar, com eficácia este sério desafio pastoral, o Pontífice manifestou seu desejo de que este tempo de purificação possa proporcionar zelo, reconciliação e fidelidade às exigências morais do Evangelho.A seguir, o Papa dirigiu uma palavra de encorajamento aos seminaristas e aos noviços e noviças da Austrália, exortando-os a dedicar suas vidas à busca da santidade, ao serviço do seu povo e à edificação da Igreja!
Por fim, o Bispo de Roma invocou Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, para que sustente a Igreja na Austrália na sua fidelidade ao seu Filho. E que a força do Santo Espírito possa consagrar, na verdade, os fiéis daquela terra, produzir abundantes frutos de santidade e de justiça e guiar a humanidade à plenitude da vida.
Vigília de OraçãoDepois da celebração da Missa, Bento XVI almoçou com os bispos australianos, na residência do cardeal-arcebispo de Sydney. Na parte da tarde, o Papa se deslocou ao Hipódromo de Randwick, a 6,5 km., onde se realizou o ponto alto de hoje do DMJ: a grande Vigília de Oração.
A Cruz dos Jovens e o ícone de Nossa Senhora foram colocados no palco. ~
Ao entrar, acompanhado de 12 jovens peregrinos, o Santo Padre ouviu o testemunho de alguns jovens, representantes dos cinco continentes, e pronunciou seu longo e denso discurso.Bento XVI iniciou com o tema do DMJ: “Recebereis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós; e sereis minhas testemunhas”: palavras que Jesus pronunciou antes da sua ascensão ao céu. Assim, o Papa exortou os milhares de jovens presentes: Reunidos diante da Cruz e do ícone de Maria, que peregrinaram por este país e pelo mundo, rezamos sob o esplendor da constelação do Cruzeiro do Sul.
Nesta noite, rezo por vocês e pelos jovens de todos os cantos do mundo. Deixem-se inspirar pelo exemplo dos seus Santos Padroeiros. Acolham em seus corações e em suas mentes os sete dons do Espírito Santo. Reconheçam e acreditem na força do Espírito Santo em suas vidas.
Durante esta Vigília noturna, o Bispo de Roma fixou sua atenção sobre o modo de “ser testemunha”, reconhecendo a pessoa do Espírito Santo e a sua presença vivificante na nossa vida. Sabemos que o Espírito Santo, silencioso e invisível, proporciona orientação e definição ao nosso testemunho sobre Jesus Cristo.
Nosso testemunho cristão é oferecido a um mundo, sob muitos aspectos, frágil. A unidade da criação de Deus está enfraquecida e o espírito humano quase esmagado pela exploração e o abuso das pessoas. De fato, a sociedade contemporânea está passando por um processo de fragmentação e de relativismo.
O Espírito guia a Igreja pelo caminho da verdade total e a unifica na comunhão. A unidade pertence à essência da Igreja. O Espírito Santo tem a função de levar a cumprimento a obra de Cristo. Enriquecidos pelos dons do Espírito, afirmou o Pontífice, os jovens têm a força de ultrapassar as visões parciais, a utopia, a precariedade fugaz e oferecerem a coerência e a certeza do testemunho cristão.
E afirmou:Queridos jovens, o Espírito Santo realiza a maravilhosa comunhão dos fiéis em Cristo. Por sua natureza de doador de graças e dons, agora Ele atua por meio de vocês; façam com que o amor unificante seja a sua medida, o seu desafio, a sua missão. Os dons do Espírito imprimem a direção e a definição do nosso testemunho.
Os dons do Espírito Santo, continua o Papa, nos dão as condições para a edificação da Igreja e o serviço ao mundo; convidam-nos a uma participação ativa e alegre na vida da Igreja: nas paróquias e nos movimentos eclesiais, nas aulas de religião, nas escolas, nas capelas universitárias e nas outras organizações católicas.
A Igreja deve crescer na unidade, revigorar-se na santidade, rejuvenescer e renovar-se constantemente por meio do Espírito Santo. Por isso, o Santo Padre convidou os jovens a voltar-se a Ele, para descobrirem o verdadeiro sentido da renovação.O Papa concluiu seu longo discurso aos jovens do mundo inteiro, convidando-os a invocar o Espírito Santo, artífice das obras de Deus, para que Ele amadureça a sua fé em suas vidas, nos estudos, no trabalho, no esporte, na música, na arte; para que Ele transforme as famílias, as comunidades e as nações. Enfim, pediu a todos que “acreditem na força do Espírito de amor”!
Por fim, Bento XVI passou a cumprimentar os milhares de jovens presentes na Vigília de Oração, no hipódromo de Sydney, em várias línguas. Vamos ouvir sua saudação em português:Meus queridos amigos, recebei o Espírito Santo, para serdes Igreja! Igreja quer dizer todos nós unidos como um corpo que recebe o seu influxo vital de Jesus ressuscitado. Este dom é maior que os nossos corações, porque brota das entranhas da Santíssima Trindade. Fruto e condição: sentir-se parte uns dos outros, viver em comunhão.
Para isso, jovens caríssimos, acolhei dentro de vós a força de vida que há em Jesus. Deixai-O entrar no vosso coração. Deixai-vos plasmar pelo Espírito Santo. Depois da homilia da grande Vigília de Oração, foram apresentados ao Pontífice os 24 jovens que, amanhã, receberão a Crisma ou Sacramento da Confirmação, durante a Missa conclusiva do DMJ.A Vigília de Oração prosseguirá durante toda a noite no Hipódromo de Randwick de Sydney, com a Adoração do Santíssimo Sacramento, alternada com orações, cantos e momentos de reflexão, em preparação da solene celebração Eucarística de conclusão do grande evento, que será presidia pelo Santo Padre, amanhã, naquele mesmo lugar.
No entanto, Bento XVI deixou o hipódromo, de automóvel, e se dirigiu à Residência Episcopal de Sydney, para o jantar e o pernoite. (MT)
Fonte: RV
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