............ - Eucaristia, Devoção a Maria e Fidelidade ao Papa – ............
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NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
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segunda-feira, 28 de junho de 2010
BUSCAR PLENA UNIDADE ENTRE CRISTÃOS
domingo, 27 de junho de 2010
SAUDADES - VICÊNCIA NILCE GALLUCCI LOPES - NILCE
NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO
Nesse quadro a Virgem Maria foi representada a meio corpo, segurando o Menino Jesus nos braços. O Menino segura forte a mão da Mãe e observa assustado, dois anjos que lhe mostram os elementos de sua Paixão.
O ladrão faleceu e a Virgem Maria apareceu a uma menina, filha da mulher que guardava a pintura, avisando que a imagem de Santa Maria do Perpétuo Socorro deveria ir para uma igreja.
O quadro foi então solenemente entronizado na capela de São Mateus, em Roma no ano de 1499 e ai permaneceu durante décadas.
Em 1739, eram os agostinianos irlandeses exilados do seu país, os responsáveis dessa igreja e do convento anexo, no qual funcionava o centro de formação da sua Província, em Roma.
Mais tarde, já idoso ele quis cuidar para a devoção de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, não ser esquecida e contou a história do ícone milagroso à um jovem coroinha. Dois anos depois de sua morte, em 1855 os padres redentoristas compraram uma propriedade em Roma, para estabelecer a Casa Generalícia da Congregação fundada por Santo Afonso de Ligório.
sábado, 26 de junho de 2010
BELGICA - ESPANTO" PELA VIOLAÇÃO DE TÚMULOS
Bruxelas - Belgica - Palácio da Justiça, onde nem tudo são flores
Cidade do Vaticano,
- O Vaticano manifestou seu "espanto" diante da abertura de túmulos, no contexto das buscas efetuadas nesta quinta-feira, pela Justiça belga, no território do Arcebispado de Malines-Bruxelas, mas reiterou sua "firme condenação contra todo e qualquer ato pecaminoso e criminoso de abuso de menores por parte de membros da Igreja".
Num comunicado oficial da Secretaria de Estado, a Santa Sé indica "a necessidade de reparar e confrontar tais atos, em conformidade com as exigências da Justiça e os ensinamentos do Evangelho".
De acordo com a imprensa da Bélgica, as buscas feitas na sede do Arcebispado, em seguida a novas denúncias contra membros do clero do país, estenderam-se à cripta da Catedral Saint Rombout, em Malines.
Os policiais estariam à procura de um dossier sobre pedofilia, que – supostamente – estaria escondido num túmulo.
A Secretaria de Estado exprimiu "vivo espanto pela modalidade com que foram feitas algumas buscas conduzidas ontem pelas autoridades judiciais belgas, e seu ressentimento pelo fato de terem sido violadas as sepulturas dos cardeais Jozef-Ernest Van Roey e Léon-Joseph Suenens, falecidos arcebispos de Malines-Bruxelas".
A nota do Vaticano comentou a ação, expressando "pesar" contra "algumas infrações à confidencialidade" "à qual têm direito as vítimas que motivaram a realização dessas buscas".
De acordo com o comunicado, as opiniões foram discutidas pessoalmente pelo secretário vaticano das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti, e pelo embaixador da Bélgica junto à Santa Sé, Charles Ghislain.
A Igreja belga é uma das atingidas pelos episódios de pedofilia denunciados, recentemente, em várias partes do mundo, e que teriam sido cometidos por membros do clero.
Em abril, o bispo emérito de Bruges, Dom Roger Joseph Vangheluwe, teve sua renúncia aceita pelo papa, após ter enviado uma carta à Santa Sé, na qual admitia ter abusado sexualmente de uma criança, durante anos.
O Santo Padre acaba de nomear o novo bispo de Bruges. Trata-se de Dom Jozef De Kesel.A busca de documentos na sede do Arcebispado belga foi condenada pela Conferência Episcopal do país.
De acordo com o porta-voz da entidade, Eric de Beukelaer, a medida "vai contra o direito à reserva, que deve ser garantido às vítimas" de pedofilia.
"Não foi uma experiência agradável, mas tudo se desenvolveu de modo correto" – disse ele.
Por sua vez, o arcebispo de Malines-Bruxelas, Dom André Joseph Leonard, primaz da Bélgica, afirmou que a magistratura "tinha o direito de fazer aquilo que desejava", mas que ficou "chocado" pelo método adotado.
Dom Leonard enfatizou que durante as buscas "foram abertos túmulos na catedral e confiscados computadores e os livros de contabilidade sobre a administração do pessoal". (AF)
Fonte: RV
sexta-feira, 25 de junho de 2010
HOMENAGEM A CRISTÃOS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA POR FIDELIDADE AO EVANGELHO
Cidade do Vaticano, 25 jun (RV)
quinta-feira, 24 de junho de 2010
NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA
São João Batista faz exceção desta regra, pelo motivo de ter vindo ao mundo em estado de santidade, isento da lei do pecado original. Sabemos que seu nascimento foi um acontecimento extraordinário, acompanhado de fatos igualmente extraordinários, como o relatam os santos Evangelhos. A narração bíblica do nascimento do Precursor de Jesus Cristo, feita sob a inspiração do Divino Espírito Santo, é tão clara e circunstanciada, que não há mister acrescentar coisa alguma.
Em Hebron, nas montanhas da Judéia, oito milhas além de Jerusalém, vivia um casal - Zacarias e Isabel. Ambos justos diante do Senhor. Não tinham filhos, o que muito os afligia, e eram já idosos. Zacarias, sacerdote, um dia em que estava desempenhando seu ministério no templo de Jerusalém, entrou no santuário para queimar o incenso, enquanto o povo orava no adro. Apareceu-lhe então, à direita do altar dos perfumes um Anjo. Zacarias ficou atônito. O Anjo, porém, lhe disse: "Não temas Zacarias, porque Deus ouviu a tua oração. Tua mulher dar-te-á um filho, a quem darás o nome de João.
Zacarias disse ao Anjo: "Como saberei com certeza que isto vai dar? Já estou velho e minha mulher já vai adiantada em anos". Respondeu-lhe o Anjo: "Eu sou Gabriel e meu lugar é diante de Deus. Ele é que me manda trazer esta feliz nova. Mas como não deste crédito a estas minhas palavras, ficarás mudo, até o dia em que tudo isto se cumprir".
Tudo o que o Anjo predissera se cumpriu ao pé da letra. Seis meses depois, o mesmo Anjo Gabriel foi mandado por Deus à cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a Maria Santíssima, para comunicar-lhe que tinha sido escolhida para ser Mãe do Salvador. Disse-lhe também que sua prima Isabel, apesar de idosa e estéril, tinha concebido um filho, porque a Deus nada era impossível. Maravilhada pelos acontecimentos extraordinários, cheia de gratidão a Deus, que coisas tão maravilhosas operara, Maria pôs-se a caminho e, pressurosa, foi à casa da prima. Esta, ouvindo a voz de Maria, ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: "Bendita sois entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre! De onde me vem a felicidade de ser visitada pela Mãe do meu Senhor?
"Logo que chegou a meus ouvidos a voz da vossa saudação, o menino saltou de prazer no meu ventre! Bem-aventurada sois por teres criado! Pois tudo que vos foi dito da parte do Senhor, se realizará".
É opinião unânime dos Santos Padres, que os sinais de prazer que João deu, antes do nascimento, foram causados pelo fato do Precursor, por uma graça especial de Deus, ter conhecido a presença do Senhor e lhe haver prestado homenagem de adoração. Dizem mais, que ao mesmo momento, teria João sido santificado, como o Anjo prometera.
Chegada a época, Isabel deu à luz um filho. Sabendo os vizinhos e parentes desse grande favor, que lhe fizera Deus, correram todos jubilosos a felicitá-la.
No oitavo dia se reuniram para a circuncisão da criança e propuseram, que lhe fosse dado o nome do pai. A mãe, porém, opôs-se e disse: "Não; deve chamar-se João". Disseram-lhe: "Mas, na tua família não há pessoa desse nome". Isabel, porém, insistiu que ao menino fosse dado o nome de João. Então, fizeram sinal ao pai, para que manifestasse a sua opinião. Zacarias pediu uma tabuinha para escrever e escreveu: "João é o seu nome".
Tendo ciência desses acontecimentos, toda a região vizinha se impressionou e por toda a parte, nas montanhas e nos vales da Judéia, se contava estas maravilhas e cada qual dizia: "Que será um dia deste menino?" De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Alguns dos Santos Padres são de opinião, que Isabel procurou com o filhinho o deserto, para salvá-lo da perseguição e crueldade de Herodes. Outros dizem que João, tendo apenas cinco anos, levado pelo Espírito Santo, foi para o deserto, com o intuito de santificar-se ainda mais e preparar-se para a alta missão que Deus lhe dera. Os Santos dos Evangelhos dizem-nos alguma coisa sobre a vida de São João no deserto.
Tendo trinta anos de idade, recebeu São João ordem divina para sair do deserto e encetar sua missão, que era de pregar os caminhos ao Messias. João Batista percorreu toda a região do Jordão pregando o batismo de penitência, para a remissão dos pecados. Vieram, então, de Jerusalém e de toda a parte da Judéia, grandes turbas. Todos se faziam batizar por ele no Jordão, confessando os seus pecados.
Os santos Evangelhos contam minuciosamente o que ele pregou, que conselho deu às pessoas que o procuravam, entre estas aos soldados; falam da grande graça que teve, de receber a visita de Nosso Senhor, que quis por ele ser batizado e naquela ocasião o Espírito Santo desceu visivelmente, pairou sobre Jesus Cristo e ao mesmo tempo se ouviu do céu uma voz: "Este é meu Filho muito amado, em quem pus minha complacência".
No dia seguinte, diz o Evangelista, João viu aproximar-se Jesus e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". Com essas palavras foi apresentado ao mundo o Messias, como tinha profetizado Isaías.
O que mais aconteceu ao glorioso Precursor, até a morte do martírio, o leitor encontrará no capítulo da degolação de São João Batista. (29 de agosto)
Reflexões:
Que nestas reflexões encontrem sabedoria, consolo e edificação as senhoras casadas e que, como a Santa Isabel, faz sofrer as tristezas da esterilidade. Não devem esquecer-se das angústias do parto, que não raras vezes equivalem a uma verdadeira agonia, e da série infinita de trabalhos, de cuidados e preocupações, que acompanham infalivelmente a educação dos filhos.
É mais que justificado o desejo da bênção da maternidade.
O respeito, o amor, o cumprimento dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, são coisas que devem cultivadas desde tenra idade. Ai dos pais que dão liberdade excessiva aos filhos e não os conduzem pelo caminho da virtude. Devemos pedir a intercessão de São João Batista, cuja retidão, personalidade e caráter incita poderosamente na alma o desejo ardente em consagrar nossos filhos a Deus, os quais queremos ver preservados de tantas distorções e imundícies que o mundo atual lhes oferece.
Os casais que sofrem o drama da esterilidade, devem procurar todos meios lícitos para tentar reverter tal situação, confiando, sobretudo, na Providência Divina. Existem bons médicos e medicamentos nessa área, que poderão auxiliar no tratamento adequado para cada caso. Sendo, porém, algo crônico ou irreversível, coloquemo-nos resignadamente aos desígnios de Deus, principalmente na prática da virtude e da oração.
Em nome do que chamam de "progresso científico", os estudos e procedimentos de fertilização a qualquer preço parecem prevalecer. Muitos casais estéreis, tapando olhos e ouvidos à Igreja, perseguem obsessivamente a gestação e submetem-se à qualquer tipo de método para satisfazer seu próprio desejo, seu ego. Dão de ombros com o "... seja feita a Vossa vontade" do Pai-Nosso; em detrimento de tantas e tantas crianças nos orfanatos que, ansiosamente, aguardam a eventual chegada de um pai e uma mãe que os acolha. A voz dos bebês, crianças e adolescentes, dos orfanatos sobe aos céus clamando por justiça junto ao trono de Deus. E neste cenário global, acentuam-se sistemáticos ataques ao Papa pela condenação dos métodos artificiais de fertilização, de contracepção, também das escandalosas pesquisas envolvendo células-tronco embrionárias e da clonagem humana, cujo terreno foi maliciosamente bem preparado pela ciência há anos. Ai de nós, ai de nós, se formos cúmplices ou defendermos a ciência nesse aspecto, fechando nossos ouvidos ao que a Igreja diz. Se ao mundo apoiamos, somos co-responsáveis e participantes diretos nessas práticas artificiais absurdas, que o mundo oferece sutilmente como grandes conquistas científicas, sem querer se aperceber do grave pecado que tudo isso constitui. Pecado, portanto, na mesma proporção grave para tanto para o cientista, legislador, ou para qualquer um de nós, seja pela conivência, apoio ou pela prática.
São Zacarias e Santa Isabel, intercedei pelos casais estéreis, pedi a Deus que lhes conceda sabedoria, confiança, resignação e amor às práticas das virtudes.
São João Batista, que possamos ter tua valentia, coragem e determinação na defesa da Igreja de Cristo. São João Batista, rogai por nós, esclarecei nossos casais, médicos cientistas, políticos e todos os responsáveis pela legislação nacional.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
SOCERDOTES: "A VOCAÇÂO VEM DE DEUS"
Diálogo entre o Papa e os sacerdotes do mundo inteiro
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 21 de junho de 2010
A questão apresentada por Anthony Denton, da Austrália, em nome dos sacerdotes da Oceania, supõe "um problema grande e doloroso da nossa época", admitiu Bento XVI.
É "a falta de vocações, razão pela qual as igrejas locais estão em perigo de tornar-se áridas, porque falta a Palavra da vida, falta a presença do sacramento da Eucaristia e dos demais sacramentos".
No entanto, advertiu o Papa, diante desse problema existe uma "grande tentação", que consiste em "transformar o sacerdócio - o sacramento de Cristo, o ser escolhidos por Ele - em uma profissão normal, em um emprego que tem suas horas e que, no resto do tempo, a pessoa pertence somente a si mesma; e fazer isso como qualquer outra vocação: torná-lo acessível e fácil".
Mas - sublinhou - esta "é uma tentação, não resolve o problema".
A propósito disso, citou a história bíblica de Saul, que realiza um sacrifício no lugar do profeta Samuel porque este não se apresenta a tempo antes de uma batalha.
Este rei, explicou o Papa, "pensa em resolver assim o problema, que naturalmente não se resolve, porque tenta fazer o que não pode fazer sozinho; considera-se Deus ou quase Deus; e não se pode esperar que as coisas aconteçam do jeito que Deus quer".
"Assim também nós, se exercêssemos somente uma profissão como as demais, renunciando à sacralidade, à novidade, à diversidade do sacramento que só Deus dá, que pode vir somente da sua vocação e não do nosso fazer, não resolveríamos nada."
O único que é preciso fazer, insistiu, é "rezar com grande insistência, com grande determinação, com grande convicção também", clamar "ao coração de Deus, para que nos dê sacerdotes".
Três conselhos
O Papa indicou três "receitas" para promover as vocações. A primeira: cada sacerdote "deveria fazer o possível para viver seu próprio sacerdócio de tal maneira que este se tornasse convincente".
"Acho que nenhum de nós teria chegado a ser sacerdote se não tivesse conhecido sacerdotes convincentes, nos quais ardia o fogo do amor de Cristo", sublinhou.
A segunda: oração; e a terceira: "ter o valor de falar com os jovens sobre o possível chamado de Deus, porque com frequência uma palavra humana é necessária para abrir a escuta da vocação divina".
"O mundo de hoje é tal que quase parece excluído o amadurecimento de uma vocação sacerdotal; os jovens precisam de ambientes nos quais se viva a fé, nos quais apareça a beleza da fé, nos quais apareça que este é um modelo de vida."
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Cidade do Vaticano, 16 jun (RV) - Abrindo ontem o Congresso Diocesano na Basílica de São João de Latrão, Bento XVI pediu aos cristãos que participem das missas dominicais, “momentos fundamentais do encontro entre o homem e Deus”.
“Para nós cristãos, é muito importante encontrarmo-nos com o Renascido aos domingos” - destacou o Pontífice, que ainda recordou que “o compromisso apostólico é reduzido com o ativismo estéril”.
Ao se referir ao tema do Congresso Diocesano deste ano, “Seus olhos se abriram, reconheceram-no e anunciaram-no. A Eucaristia dominical e o testemunho da caridade”, Bento XVI explorou a questão das necessidades e pobrezas de tantos homens e mulheres, pedindo:
“Em um tempo como o atual, de crise econômica e social, devemos ser solidários com todos os que vivem na indigência” – apontou. Para o Papa, a caridade é capaz de gerar uma mudança autêntica e permanente na sociedade, agindo nos corações e nas mentes dos homens. “Assim sendo – completou – o testemunho da caridade pelo discípulo de Jesus não é um sentimento passageiro, mas ao contrário, plasma a vida, em qualquer circunstância”. O Pontífice fez também um convite aos jovens da Diocese de Roma a não terem medo de escolher o amor como a regra suprema da vida, seja no sacerdócio como ao formar famílias cristãs que vivem o amor fiel, indissolúvel e aberto à vida.
Ao chegar à Basílica, Bento XVI foi confortado pelo Cardeal-vigário de Roma, Dom Agostino Vallini, pelo sofrimento dos últimos meses, em que a Igreja foi abalada com a revelação de casos de abusos envolvendo alguns sacerdotes.
“Desejamos lhe manifestar, mais uma vez, o afeto e a proximidade pelo sofrimento destes últimos meses, e juntos expressar a gratidão mais sincera por seu testemunho humilde e forte”.
(CM)
Fonte: RV
quarta-feira, 16 de junho de 2010
A GRAÇA DIVINA NÃO ANULA MAS APERFEIÇOA A NATUREZA HUMANA
Cidade do Vaticano, 16 jun (RV) - O Papa Bento XVI encontrou-se nesta manhã com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a habitual audiência geral das quartas-feiras. O Pontífice continuou hoje com a apresentação de Santo Tomás de Aquino, um teólogo tão importante, que o estudo de seus escritos foi recomendado especialmente pelo Concílio Vaticano II.
Já anteriormente, o Papa Leão XIII, grande promotor do tomismo, declarou Santo Tomás padroeiro das escolas e universidades católicas. Sua doutrina - disse Bento XVI – destaca-se não somente pelo seu conteúdo, mas também pela metodologia que utiliza. Trata-se do esforço para discernir a inteligibilidade e coerência das verdades da fé cristã com o auxílio da razão humana, iluminada sempre pela fé.
A profundidade do pensamento de Tomás de Aquino brota da sua fé viva e de sua piedade fervorosa, que expressou em orações eloqüentes, como a que pede a Deus: “Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que te conheça, uma vontade que te busque, uma sabedoria que te encontre, uma vida que te agrade, uma perseverança que te espere com confiança e uma confiança que, enfim, te possua”.
Após a catequese proferida em língua italiana, o Santo Padre fez uma síntese da mesma em várias línguas e saudou os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro. Ouça o que Bento XVI disse em português.
Queridos irmãos e irmãs,
A confiança que São Tomás de Aquino deposita nos dois instrumentos do nosso conhecimento – a fé e a razão –, assenta na convicção de que ambas provêm da mesma e única fonte da verdade, o Verbo divino, que age tanto no âmbito da criação como no da redenção. Este acordo fundamental entre razão humana e fé cristã transparece ainda noutro princípio basilar do seu pensamento: a Graça divina não anula, mas supõe e aperfeiçoa a natureza humana. Esta, com o pecado, não ficou totalmente corrompida, mas apenas ferida e debilitada. Com a Graça, a natureza é curada, fortalecida e ajudada a alcançar a felicidade, que é o anseio natural de toda a pessoa humana. São Tomás propõe-nos um conceito amplo da razão humana, porque não se limita aos espaços da chamada razão empírico-científica, mas abre-se a todo o ser e às questões fundamentais e irrenunciáveis do viver humano.
Saúdo cordialmente todos os peregrinos lusófonos, em particular os brasileiros da paróquia São Vicente Mártir de Porto Alegre e os irmãos da Misericórdia de Maringá, como também os professores e alunos portugueses do Centro Cultural Sénior de Braga, para todos implorando uma vontade que procure a Deus, uma sabedoria que O encontre, uma vida que Lhe agrade, uma perseverança que por Ele espere e a confiança de chegar a possuí-Lo. São os meus votos e também a minha Bênção!
Fonte: RV
terça-feira, 15 de junho de 2010
TRABALHAR A SERVIÇO DA VERDADE E DAS CAUSAS NOBRES
BENTO XVI EXORTA JORNALISTAS: TRABALHAR A SERVIÇO DA VERDADE E DAS CAUSAS NOBRES
Cidade do Vaticano,
- Depois da oração mariana deste último domingo (13/06), Bento XVI recordou a proclamação, este final de semana, de dois novos Beatos que viveram no século passado.
Este domingo, na Eslovênia, na conclusão do Congresso Eucarístico Nacional, o legado pontifício, Cardeal Tarcisio Bertone, beatificou o jovem mártir Lojze Grozde.
Ele era particularmente devoto da Eucaristia, que alimentava a sua fé inabalável, a sua capacidade de sacrifício pela salvação das almas, e o seu apostolado na Ação Católica para conduzir outros jovens a Cristo.
Ontem (12/06), na Espanha, foi beatificado Manuel Lozano Garrido, leigo e jornalista.
Não obstante a doença, a cegueira no final da vida e a invalidez que o obrigaram a viver 28 anos em uma cadeira de rodas, "Lolo", como era conhecido, trabalhou com espírito cristão no campo da comunicação social.
"Os jornalistas poderão encontrar nele um testemunho eloquente do bem que se pode fazer quando o trabalho reflete a grandeza da alma e se põe a serviço da verdade e das causas nobres" – exortou o pontífice. (BF)
Fonte: RV
segunda-feira, 14 de junho de 2010
SACERDOTES, OPERÁRIOS DA CIVILIZAÇÃO DO AMOR
Cidade do Vaticano, 13 jun (RV)
sábado, 12 de junho de 2010
IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
sexta-feira, 11 de junho de 2010
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
****************
Vinde a Mim e não temais, porque Eu vos amo!
Ah! Se as almas soubessem como as espero cheio de misericórdia!
Estou sempre esperando com amor que as almas venham a Mim!
Não é o pecado que mais fere meu Coração...
Queria também mostrar às almas que nunca lhes recuso a minha graça, nem mesmo quando estão carregadas dos mais graves pecados, e que não as separo então daquelas que amo com predileção.
Vinde a Mim e não temais, porque Eu vos amo! Purificar-vos-ei no meu sangue e vos tornareis mais brancas que a neve.
Pelo contrário, deseja, e com ardor, que d’Ele vos aproximeis para vos perdoar. Se não ousais falar-Lhe, dirigi para Ele vossos olhares e os suspiros do vosso coração e em breve vereis que sua mão bondosa e paternal vos conduz à fonte do Perdão e da Vida!
Desejo que as almas creiam na minha misericórdia, esperem tudo da minha bondade e não duvidem nunca do meu perdão.
Meu Coração é infinitamente sábio, mas também infinitamente santo, e como conhece a miséria e a fragilidade humanas, inclina-se para os pobres pecadores com misericórdia infinita.
Não me canso das almas, e o meu Coração sempre espera que venham refugiar-se n’Ele, por mais miseráveis que sejam. Não tem um pai mais cuidado com filho que é doente, do que com os que têm boa saúde? Para com este filho, não são maiores as suas delicadezas e a sua solicitude. Assim também o meu Coração derrama sobre os pecadores, com mais liberalidade do que sobre os justos, a sua compaixão e a sua ternura.
Dêem-me o seu amor e nunca desconfiem do meu, e sobretudo me dêem a sua confiança e não duvidem da minha misericórdia. É fácil esperar tudo do meu Coração!” (1)
Assim falou o Divino Redentor. Assim continua a nos falar, com o mesmo entranhado e infinito amor de Pai e de Deus. Procuremos ouvi-Lo, esforcemo-nos em seguir o seu carinhoso apelo, em depositar n’Ele essa confiança completa de filhos que tudo podem alcançar das infinitas misericórdias de um Coração onipotente.
Roguemos a Maria Santíssima, Mãe deste Sagrado Coração, que interceda por nós junto a Ele, a fim de que essa Fornalha ardente de caridade “nunca cesse de iluminar o horizonte da vida de cada um de nós, aqueça nossos próprios corações e nos faça abrir nossas almas para o seu amor que é eterno e nunca se consome. O único amor capaz de transformar o mundo e a vida humana” (João Paulo II, Meditações da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus, junho de 1985).
(“Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor”, Mons. João Clá Dias, EP)
A fim de mais nos afervorarmos nessa devoção, não será supérfluo salientar o vínculo indissociável entre o Sagrado Coração e o Sacramento da Eucaristia. Neste, Jesus está realmente presente em corpo, sangue, alma e divindade. Portanto, nele se acha vivo e palpitante o seu Coração adorável que convida a si todos os homens.
“A infinita majestade de Deus se oculta no Coração humano do Filho de Maria. Este Coração é nossa Aliança. Este Coração é a máxima proximidade de Deus junto à história e aos corações humanos. Este Coração é a maravilhosa condescendência de Deus: o Coração humano que pulsa com a vida divina; a vida divina que pulsa no coração humano.
“Na Santíssima Eucaristia descobrimos com o sentido da fé esse mesmo Coração — o Coração de Majestade Infinita — que (nela) continua latejando com o amor humano de Cristo, Deus-Homem.
“Quão profundamente sentiu este amor o Santo Papa Pio X! Quanto desejou que todos os cristãos, desde os anos da infância, se aproximassem da Eucaristia, recebendo a santa comunhão: para que se unissem a este Coração que é, ao mesmo tempo, para cada um dos homens, Casa de Deus e Porta do Céu.
“Casa, uma vez que, através da comunhão eucarística, o Coração de Jesus estende sua morada a cada um dos corações humanos. Porta, porque em cada um destes corações humanos, Ele abre a perspectiva da eterna união com a Santíssima Trindade” (Meditações da Ladainha do Sagrado Coração, junho de 1985).
Devemos, pois, ir ao Santíssimo Sacramento para encontrarmos o Sagrado Coração, aí acessível a todos, infatigável, prodigalizando as maravilhas de sua bondade, de sua terníssima compaixão pela humanidade pecadora.
Melhor ilustração desse vínculo não poderíamos evocar, senão a que nos mostram as próprias aparições de Paray-le-Monial: na maioria das vezes, o Sagrado Coração se revelou a Santa Margarida-Maria numa hora em que esta, humilde e recolhida nos abençoados silêncios da capela, orava fervorosamente diante do Santíssimo Sacramento.
Imitemos o edificante exemplo dessa zelosa filha de São Francisco de Sales, dessa alma eleita que, por suas excelentes virtudes e obras, até o fim de sua vida não cessou de glorificar e exaltar o divino Coração de Jesus. E, por isso mesmo, mereceu ser inscrita para sempre no rol dos heróis da Fé.
Sim, procuremos seguir o caminho traçado por Santa Margarida-Maria.
Ela é, sobretudo, A que soube corresponder de modo exímio, crescente e ininterrupto às ardentes efusões da caridade de seu Divino Filho, junto a Quem não cessa de pedir por todos e cada um de nós. “Através do Imaculado Coração de Maria permanecemos na aliança com o Coração de Jesus, que é o mais esplêndido e perfeito Tabernáculo do Altíssimo” (João Paulo II, idem).
Fonte: Arautos do Evangelho
quarta-feira, 9 de junho de 2010
BEATO JOSÉ DE ANCHIETA
Beato José de Anchieta
Apóstolo do Brasil.
Ele nasceu em 19 de março de 1534 em San Cristóvão de La Laguna, Tenerife, Ilhas Canárias, Espanha.
Filho de uma rica e proeminente família e possivelmente parente de Santo Inácio de Loyola, ele foi educado em Portugal. Entrou para a Ordem dos jesuítas em 1551 com
17 anos. Foi missionário no Brasil, chegando 13 de julho em 1553.Apóstolo Nacional do Brasil e co-fundador das cidades de São Paulo e São Sebastiãodo Rio de Janeiro.
Quando jovem deslocou a espinha e quando entrou para os jesuítas foi enviado ao Brasil na esperança que com o seu clima quente suas costas melhorassem. Isto nunca ocorreu e ele estava em constantes dores nas constas por 44 anos que ele trabalhou no Brasil.
Ele e o Jesuíta Manuel da Nóbrega chegaram em Piratininga na festa de São Paulo e assim nomearam a missão como São Paulo. Nascia a cidade de São Paulo. Seus fundadores, sob a inspiração de Manuel da Nóbrega, haviam sido os treze jesuítas chegados de São Vicente. Em 1553 ele se encontrou com os índios Tupis que viviam nas proximidades da missão. Ele dominou rapidamente a língua dos índios. Por duas décadas José trabalhou na gramática indigina e escreveu dicionários que seriam usados pelos portugueses e pelos missionários. José mais tarde foi feito refém por 5 meses pelos índios da tribo do Tamoios e durante este tempo ele compôs um poema em latim em Honra a Santíssima Virgem.Como não tinha papel e tinta, ele escreveu na areia molhada e memorizou os versos. Quando de novo voltou para São Vicente ele passou ,ao todo, 4.172 linhas para o papel. José converteu a tribo dos Maramomis e compôs peças para os estudantes representarem. Ele as compunha em latim ,espanhol, português e em Tupi (a mais usada das línguas indiginas). Como os seus dramas foram os primeiros escritos no Brasil, José é conhecido como o "Pai da Literatura Nacional Brasileira".
Foi indicado Provincial Jesuíta em 1577 . Em carta para seus colegas missionários ele os advertia que o desejo de converter apenas, não era suficiente "E necessário vir com uma sacola cheia de virtudes".
Ele faleceu em 9 de junho de 1597 em Reritiba( hoje Anchieta) no Estado do Espirito Santo, Brasil.
Foi beatificado em 22 de junho de 1980 pelo Papa João Paulo II.
Fonte: cademeusanto
segunda-feira, 7 de junho de 2010
PAPA SE DESPEDE DE CHIPRE
domingo, 6 de junho de 2010
CRISTÃOS, ARTESÃOS DA PAZ. BENTO XVI RENOVA APELO PELA PAZ NA TERRA SANTA
Nicósia, 06 jun (RV)
MARIA TORNOU REALIDADE A ESPERANÇA DA HISTÓRIA
A RIQUEZA DA IGREJA
sábado, 5 de junho de 2010
CHIPRE UM GRANDE EVENTO
Cidade do Vaticano, 05 jun (RV)
sexta-feira, 4 de junho de 2010
"SUICIDIO DEMOGRAFICO" DA ITÁLIA
Presidente da CEI adverte contra “suicídio demográfico” da Itália
Pede proteção para as famílias saírem da crise
Por Antonio Gaspari
ROMA,
-O inverno demográfico e a falta de trabalho, sobretudo dos jovens, são os dois problemas mais graves que a Itália deve enfrentar nesse momento.
Assim afirmou o cardeal Angelo Bagnasco, arcebispo de Gênova e presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), durante a abertura, no Vaticano, da Assembleia Plenária dos bispos italianos, realizada na semana passada.
O purpurado quis alertar sobretudo sobre o "lento suicídio demográfico ao qual a Itália está se dirigindo".
Mais de 50% das famílias italianas atuais não têm filhos, e entre as que têm, quase metade tem somente um e o restante, dois. Só 5,1% das famílias têm três ou mais filhos.
"Por isso - afirmou o arcebispo de Gênova -, é urgente uma política que oriente os filhos, que querem desde já se encarregar de uma mudança 'geracional‘ equilibrada."
Segundo o presidente dos bispos italianos, "a família fundada nesse bem inalterável que é o matrimônio entre um homem e uma mulher, deve ser defendida e continuamente preservada e determinante na hora de dar perspectiva de vida a nosso presente".
Trabalho e jovens
O presidente da CEI destacou que outro ponto essencial para que a Itália saia dessa crise é o trabalho, que é "o recurso, a cota mínima de capital que a sociedade proporciona a cada cidadão, em particular aos jovens em busca do primeiro emprego, para que possam se isentar e, encontrando sentido no que fazem, possam se sentir úteis como fator de crescimento e desenvolvimento".
O arcebispo de Gênova convidou o governo e as forças sociais a potencializarem as pequenas e médias indústrias, colocá-las em rede também no plano decisivo, qualificar o setor da pesquisa e o turístico, potencializar a agricultura e o artesanato, racionalizar a distribuição, facilitar o cooperativismo.
Clero e abusos
Outra questão central em sua intervenção foram os atuais escândalos por abusos sexuais cometidos por membros do clero, animando aos fiéis a "viver de forma cristã neste momento de prova", contudo, "nos termos de um exame de consciência".
O cardeal Bagnasco disse que a pedofilia é um "pecado assustador" e afirmou que o Papa é "intransigente com toda a sujeira, tendo decisões de transparência e limpeza. Com ele a Igreja aprendeu e aprende a não ter medo da verdade, ainda que seja dolorosa e odiosa, a não calar-se ou se encobrir".
O purpurado acrescentou que "sem evocar aqui as posturas extremas daqueles que, no Ocidente, tentam dar dignidade política à prática pedófila, temos que dizer que nos movemos em uma contradição cultural e ética" nesta questão.
"Hoje existe uma inquestionável exasperação da dimensão da sexualidade, que se distingue por ser cansadamente obsessiva e que não pode deixar de produzir efeitos indesejados nas atitudes das pessoas, em particular das psicologicamente mais frágeis e expostas."
Fonte: ZENIT.org
quinta-feira, 3 de junho de 2010
CORPUS CHRISTI
Mais do que a Encarnação ou a morte na Cruz, o amor de Deus para com os homens manifestado na Eucaristia ultrapassa nossa capacidade de compreensão.
Maria e Jesus caminham juntos. Através d'Elaqueremos permanecer em diálogo com o Senhor,aprendendo deste modo a recebê-Lo melhor.(Bento XVI, homilia de 11/9/2006)
Corria o ano de 1264.
A razão da convocatória relacionava- se com uma recente bula Pontifícia instituindo uma festa anual em honra do Santíssimo Corpo de Cristo. Para o máximo esplendor desta comemoração, desejava Urbano IV que fosse composto um Ofício, bem como o próprio da Missa a ser cantada naquela solenidade.
Célebre tornou-se o episódio ocorrido durante a sessão.
Lauda Sion Salvatorem, lauda ducem et pastorem in hymnis et canticis (Louva, Sião, o Salvador, o teu guia, o teu pastor com hinos e cânticos) ... Maravilhamento geral.
Frei Tomás concluiu: ...tuos ibi commensales, cohæredes et sodales, fac sanctorum civium (admiti-nos no Céu, à Vossa mesa, e fazei-nos coherdeiros na companhia dos que habitam a Cidade Santa).
Frei Boaventura, digno filho do Poverello, rasgou sem vacilações sua composição, e os demais o imitaram, rendendo tributo ao gênio e à piedade do Aquinate. A posteridade não conheceu as demais obras, sem dúvida sublimes também, mas imortalizou o gesto de seus autores, verdadeiro monumento de humildade e despretensão.
Origem da festa de "Corpus Christi"
Vários motivos haviam conduzido a Sé Apostólica a dar esse novo impulso à piedade eucarística, estendendo a toda a Igreja uma devoção que já se praticava em certas regiões da Bélgica, Alemanha e Polônia. O primeiro deles remonta à época em que Urbano IV, então membro do clero de Liège, na Bélgica, analisou de perto o conteúdo das revelações com as quais o Senhor Se dignara favorecer uma jovem religiosa do mosteiro agostiniano de Mont Cornillon, próximo a essa cidade.
Em 1208, quando contava apenas 16 anos, Juliana fora objeto de uma singular visão: um refulgente disco branco, semelhante à lua cheia, tendo um dos seus lados obscurecido por uma mancha. Após alguns anos de intensa oração, fora-lhe revelado o significado daquela luminosa "lua incompleta": ela simbolizava a Liturgia da Igreja, à qual faltava uma solenidade em louvor ao Santíssimo Sacramento. Santa Juliana de Mont Cornillon fora por Deus escolhida para comunicar ao mundo esse desejo celeste.
Mais de vinte anos se passaram até que a piedosa monja, dominando a repugnância proveniente de sua profunda humildade, se decidisse a cumprir sua missão, relatando a mensagem que recebera. A pedido seu, foram consultados vários teólogos, entre o quais o padre Jacques Pantaléon - futuro Bispo de Verdun e Patriarca de Jerusalém -, e este mostrou- se entusiasta das revelações de Juliana.
Que seria a Igreja sem a Eucaristia? Seria um museudotado de coisas antigas e preciosas, mas sem vida.(...) Por isso Jesus Cristo na Eucaristia é o coraçãoda Igreja. (...) (D. Antonio Augusto dos SantosMarto, Bispo Leiria-Fátima)
Encontrava-se esse Papa em Orvieto, no verão de 1264, quando chegou a notícia de que, a pouca distância dali, na cidade de Bolsena, durante uma Missa na Igreja de Santa Cristina, o celebrante - que passava por provações quanto à presença real de Cristo na Eucaristia - vira transformar- se em suas próprias mãos a Sagrada Hóstia em um pedaço de carne, que derramava abundante sangue sobre os corporais.
Pouco depois, em 11 de agosto do mesmo ano, Urbano IV emitia a bula Transiturus de hoc mundo, pela qual determinava a solene celebração da festa de Corpus Christi em toda a Igreja.
Assim, a solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo nascia também para contrarrestar a perniciosa influência de certas ideias heréticas que se alastravam entre o povo, em detrimento da verdadeira Fé.
Já no século XI, Berengário de Tours se opusera abertamente ao Mistério do Altar, negando a transubstanciação e a presença real de Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade nas sagradas espécies. Segundo ele, a Eucaristia não passava de um pão bento, dotado de um simbolismo especial. E em inícios do século XII, o heresiarca Tanquelmo espalhara seus erros em Flandres, principalmente na cidade de Antuérpia, afirmando que os Sacramentos, e sobretudo, a Santíssima Eucaristia, não possuíam valor algum.
Embora todas essas falsas doutrinas já estivessem condenadas pela Igreja, algo de seus ecos nefandos ainda se faziam sentir pela Europa cristã. Assim, Urbano IV não julgou supérfluo censurá-las publicamente, de modo a tirar-lhes todo prestígio e penetração.
A Eucaristia passa a ser o centro da vida cristã
A partir desse momento, a devoção eucarística desabrochou com maior vigor entre os fiéis: os hinos e antífonas compostos por São Tomás de Aquino para a ocasião - entre os quais o Lauda Sion, verdadeiro compêndio da teologia do Santíssimo Sacramento, chamado por alguns o credo da Eucaristia - passaram a ocupar lugar de destaque dentro do tesouro litúrgico da Igreja.
No transcurso dos séculos, sob o sopro do Espírito Santo, a piedade popular e a sabedoria do Magistério infalível aliaram-se na constituição dos costumes, usos, privilégios e honras que hoje acompanham o Serviço do Altar, formando uma rica tradição eucarística.
Ainda no século XIII, surgiram as grandes procissões conduzindo o Santíssimo Sacramento pelas ruas, primeiro dentro de uma âmbula coberta, e mais tarde exposto no ostensório. Também neste ponto o fervor e o senso artístico das várias nações esmeraram-se na elaboração de custódias que rivalizavam em beleza e esplendor, na confecção de ornamentos apropriados e na colocação de imensos tapetes florais ao longo do caminho a ser percorrido pelo cortejo.
Os Papas Martinho V (1417-1431) e Eugênio IV (1431-1447) concederam generosas indulgências a quem participasse das procissões. Mais tarde, o Concílio de Trento - no seu Decreto sobre a Eucaristia, de 1551 - sublinharia o valor dessas demonstrações de Fé: "O santo Sínodo declara que é piedoso e religioso o costume, introduzido na Igreja de Deus, de celebrar todos os anos com singular veneração e solenidade, em dia festivo e peculiar, este excelso e venerável Sacramento, levando-O em procissões por vias e locais públicos com reverência e honra".1
O amor eucarístico do povo fiel não se restringiu, porém, a manifestações externas; pelo contrário, elas eram a expressão de um sentimento profundo posto pelo Espírito Santo nas almas, no sentido de valorizar o precioso dom da presença sacramental de Jesus entre os homens, conforme Suas próprias palavras: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20). O mistério de amor de um Deus que não só Se fez semelhante a nós para resgatar-nos da morte do pecado, mas quis, num extremo de ternura, permanecer entre os Seus, ouvindo seus pedidos e fortalecendo- os em suas tribulações, passou a ser o centro da vida cristã, o alimento dos fortes, a paixão dos santos.
«Ao levar a Eucaristia pelas ruas e as praças, queremossubmergir o Pão descido do céu no cotidiano denossa vida; queremos que Jesus caminhe ondenós caminhamos, que viva onde vivemos» (Papa Bento XVI - Angelus 18-6-2006)
São Pedro Julião Eymard, ardoroso devoto e apóstolo da Eucaristia, exprimiu em termos cheios de unção esta celestial "loucura" do Salvador ao permanecer como Sacramento de vida para nós:
"Compreende-se que o Filho de Deus, levado por Seu amor ao homem, tenha-Se feito homem como ele, pois era natural que o Criador tivesse interesse na reparação da obra saída de Suas mãos. Que, por um excesso de amor, o Homem-Deus morresse sobre a Cruz, compreende-se também. Mas o que já não se compreende, aquilo que espanta os débeis na Fé e escandaliza os incrédulos, é que Jesus Cristo glorioso e triunfante, depois de ter terminado Sua missão na terra, queira ainda permanecer conosco, num estado mais humilhante e aniquilado do que em Belém e no Calvário".2
"Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa"
A Eucaristia é o maior e o mais sublime de todos os Sacramentos. Embora o Batismo, sob certo ponto de vista, mereça o primeiro lugar por nos introduzir na vida divina, tornando- nos filhos de Deus e participantes de Sua natureza, a Eucaristia supera- o quanto à substância, pois tratase do verdadeiro Corpo, Sangue Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O próprio momento e as circunstâncias solenes em que foi instituído indicam sua importância e a veneração que Cristo queria infundir nas almas de seus discípulos por este admirável Sacramento. Para isto reservou Ele as últimas horas que Lhe restavam de convívio com os Apóstolos antes de caminhar para a morte, pois "as últimas ações e palavras que fazem e dizem os amigos no momento de se separar, gravam- se mais profundamente na memória e imprimem-se mais fortemente na alma".3
Naqueles instantes - poder-se-ia afirmar - Seu adorável Coração pulsava com santa pressa de realizar, no tempo, aquilo que desde toda a eternidade contemplara em Sua ciência divina. Suas palavras "desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer" (Lc 22, 15), deixam transparecer claramente os inefáveis anseios de amor do Deus Encarnado por todos os homens, a "multidão de irmãos" (Rm 8, 29), pelos quais iria oferecer-Se naquela mesma noite.
O desejo do Divino Mestre era de que o mistério de Seu Corpo e Sangue se perpetuasse pelos séculos futuros: "Fazei isto em memória de Mim" (Lc 22, 19). Entretanto, devemos considerar que já bem antes da Encarnação havia a Divina Providência multiplicado os símbolos e as figuras que permitiriam aos homens melhor compreender e amar este Sacramento.
A este respeito, diz São Tomás de Aquino: "Este Sacramento é especialmente um memorial da Paixão de Cristo; e convinha que a Paixão de Cristo, pela qual Ele nos redimiu, fosse préfigurada para que a Fé dos antigos se encaminhasse ao Redentor".4
Melquisedec: símbolo e prenúncio do Supremo Sacerdote
Um dos sinais mais remotos da Eucaristia aparece no capítulo 14 do Gênesis, naquele personagem fascinante e misterioso que saiu ao encontro de Abraão quando este voltava de sua vitória contra os reis, e o abençoou, oferecendo pão e vinho. Melquisedec, "rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo" (Gn 14, 18), reunia em si as glórias da realeza, a santidade sacerdotal e o carisma profético.
A Eucaristia é o mais alto ícone da Beleza de Deusrevelada em Cristo, porque é a presença real do"mais belo entre os filhos dos homens", a verda-deira beleza em pessoa. (D. Antonio Augusto dosSantos Marto, Bispo Leiria-Fátima)
Ele é bem o símbolo dAquele que mais tarde proclamaria diante de Pilatos: "Eu sou Rei" (Jo 18, 37) e a propósito do qual todos comentavam: "um grande profeta surgiu entre nós" (Lc 7, 16).
Jesus Cristo, porém, ao descer à terra, não mais oferece pão e vinho, como outrora Melquisedec, mas sim a oblação pura de Seu Corpo e Sangue: "Não Vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas formastes-Me um corpo: não desejais holocausto nem vítima de expiação. Então Eu disse: ‘Eis que venho'" (Sl 39, 7-8). Assim Ele levou à plenitude aquilo que Melquisedec apenas prenunciara.
O Cordeiro entregue à morte pelos pecados do povo
No Livro do Êxodo abundam as figuras que nos aproximam da Eucaristia. Encontramo-las, sobretudo, na ceia pascal, prescrita em suas minúcias pelo próprio Deus a Moisés, na qual deveriam os israelitas imolar um cordeiro sem defeito e comê-lo com pães ázimos ao cair da tarde.
O pão sem fermento, com o qual deviam os judeus comer a carne do cordeiro, representava também a integridade do Corpo de Cristo, concebido no seio puríssimo de Maria, sem mancha alguma de pecado, e que, após a morte, não experimentou a corrupção do sepulcro, como anunciara Davi: "Não permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção" (Sl 15, 10).
Por isso o Salvador escolheu a noite da Páscoa, principal das festas judaicas, para deixar à humanidade Seu legado de amor, dando a entender que Ele mesmo é o Cordeiro imaculado, entregue à morte para tirar os pecados do mundo, por cujo sangue seria afastada a sentença de condenação que sobre nós pesava desde a queda de Adão e Eva.
Aquela oferenda que os israelitas, reunidos em Jerusalém, imolavam sob as sombras de uma figura profética, o Senhor, rodeado de um punhado de discípulos, levava à perfeição, no exíguo ambiente do Cenáculo. Entretanto, aquilo que as circunstâncias obrigavam Jesus a realizar na escuridão, os Apóstolos deveriam, no momento propício, dizer às claras e publicar de cima dos telhados (cf. Mt 10, 27), de maneira que o Sacrifício da Nova Aliança substituísse definitivamente os antigos sacrifícios e fosse celebrado diariamente sobre todos os altares da terra. Cumprir-se-ia assim a palavra do Espírito Santo pronunciada pela boca de Malaquias: "Do nascente ao poente, Meu nome é grande entre as nações e em todo lugar se oferecem ao Meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras" (Ml 1, 11).
A respeito desta passagem profética, assim comenta Alastruey: "Estes, são, pois, os caracteres do novo culto vaticinados por Malaquias: universalidade absoluta de tempos e lugares; pureza objetiva da vítima em si, incapaz de ser manchada por indignidade alguma do ofertante; excelência insigne, da qual resultará uma grande glorificação de Deus entre os povos".6
Alimento que reparava as forças e dava vigor
Quem come minha Carne e bebe meu Sangue tem a vida eterna" (Jo 6, 54).
Outra imagem de grande eloquência é a do maná, ao qual o próprio Jesus faz alusão no sermão sobre o Pão da Vida, referido no capítulo sexto de São João. Este alimento branco e miúdo como a geada (cf. Ex 16, 14), contendo em si todos os sabores (cf. Sb 16, 20), que nutriu o povo eleito durante a longa viagem pelo deserto, é símbolo também do Pão do Céu, penhor da ressurreição futura, que alimenta todo cristão, dando-lhe as graças e a fortaleza necessárias para atravessar o deserto desta vida e chegar à Terra Prometida, ou seja, à Pátria Celeste.
"O maná - comenta ainda São Pedro Julião Eymard - que Deus fazia cair cada manhã sobre o acampamento dos israelitas, continha todos os gostos e propriedades; reparava as forças decaídas, dava vigor ao corpo e era um pão muito suave.
Encontramos por fim, ainda no Êxodo, mais uma prefigura desse divino Sacramento, na ordem dada por Deus a Moisés para fazer uma mesa de madeira revestida de ouro puro, onde seriam colocados permanentemente diante do Senhor os pães sagrados ou pães da proposição.
Aqueles pães, "porção santíssima" (Lv 24, 9) que só aos sacerdotes era permitido comer, exigiam a pureza ritual dos corpos (cf. I Sm 21, 4-5) e deviam ser consumidos "em lugar santo" (Lv 24, 9).
Por outro lado, se os pães da proposição estavam reservados exclusivamente a Aarão e seus descendentes, Nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Pão da proposição, oferece- Se em alimento a todos os fiéis, sem exceção, dando aos homens um privilégio do qual aos Anjos, por sua natureza, não é dado gozar. "Coisa admirável! Os pobres, os servos e os humildes comem o seu próprio Senhor" - canta-se no hino Sacris Solemnis, também composto por São Tomás de Aquino para a festa do Corpus.
A mesa de ouro sobre a qual se achavam os pães encerra outro simbolismo muito elevado: ela prefigura a Mãe de Deus, em cujo seio foi formado o Corpo de Jesus. Assim comenta o padre Jourdain: "Maria é a mesa mística magnificamente ornada e feita de madeira incorruptível, que Deus preparou para os que se comprazem na meditação das coisas divinas. Ela é a mesa santa e sagrada, portando o Pão da Vida, Jesus Cristo Nosso Senhor, o sustentáculo do mundo".8
A Eucaristia é a saúde da alma e do corpo, remédio detoda enfermidade espiritual, cura os vícios, reprime aspaixões, vence ou enfraquece as tentações, comunicamaior graça, confirma a virtude nascente, confirmaa fé, fortalece a esperança, inflama e dilata a caridade. (Imitação de Cristo, Tomás de Kempis):
Muitos outros indícios do Sacramento da Eucaristia no Antigo Testamento poderiam ser mencionados: Abraão oferecendo seu filho Isaac em sacrifício (cf. Gn 22, 1-13); o pão cozido sob cinza, pelo qual Elias recobrou as forças para andar quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Horeb, Monte de Deus (cf. I Rs 19, 5-8); a multiplicação dos pães operada pelo profeta Eliseu para alimentar cem pessoas (cf. II Rs 4, 42-44); etc.
Preparação próxima para a revelação da Eucaristia
Já no Novo Testamento encontramos três sinais insignes pelos quais o Salvador preparou as almas para o grande mistério cuja manifestação reservara para a véspera de Sua Paixão.
Primeiro, a transmutação da água em vinho, nas bodas de Caná da Galileia, cujo efeito nos é relatado por São João: "manifestou a Sua glória, e os Seus discípulos creram nEle" (Jo 2, 11). Mais tarde, a multiplicação dos pães, pela qual Jesus saciou mais de cinco mil pessoas que O haviam seguido até o deserto (cf. Mt 14, 15- 21).
Tão belos exemplos nos mostram como o Criador, enquanto divino Pedagogo, foi passo a passo preparando as mentalidades para a revelação do Sacramento da Eucaristia, eterno testemunho de Seu amor e de Seu desejo de permanecer entre nós.
Ajoelhemo-nos diante do Tabernáculo!
Quais devem ser nossa atitude e nossos sentimentos de alma ao considerarmos o extremo de bondade de Deus feito Homem que, tendo-Se encarnado, não abandonou a criatura resgatada por Seu Sangue, mas mantém- Se presente, assistindo e amparando todos os que dEle queiram se aproximar?
Ajoelhemo-nos diante do Tabernáculo ou, melhor ainda, diante do Ostensório, entreguemos a Jesus Sacramentado todo o nosso ser - nosso corpo com todos os seus membros e órgãos, nossa alma, com suas potências, suas qualidades e até as próprias misérias - e ofereçamos a Deus Pai o divino Sangue de Seu Filho, derramado na Cruz em reparação de nossas faltas.
De modo análogo aos raios do sol que, incidindo sobre o rosto, deixamno corado e moreno, assim também, diante do Santíssimo Sacramento nossa alma recebe uma renovada infusão de graças, convidando-nos ao abandono total nas mãos de Jesus, por meio de Maria. Assim, nossas almas irão se transformando rumo à santidade para a qual Deus nos chama.
E se em algum momento, as dificuldades da vida nos fizerem sentir desânimo ou aridez, lembremonos destas tocantes palavras do padre Faber:
"Muitas vezes, quando o homem é tomado de desespero e assaltado por questões, dúvidas, desânimos e incertezas, em considerar a sua vida, e se sente cercado de inimigos, que lhe uivam ao redor, como feras furiosas, então um impulso, que é uma graça, o leva a ajoelhar-se ante o Santíssimo Sacramento e, sem que faça qualquer esforço, eis que todos aqueles clamores se afundam no silêncio. O Senhor está com ele: as vagas se aquietaram, a tempestade abateu-se e diretamente, sem embaraço, a viagem vai terminar no ponto procurado. Não foi necessário mais que olhar para a face de Jesus, e as nuvens se dissiparam e a luz se fez. O esplendor do Tabernáculo reaparece como o sol".9 ²
1 DENZINGER-HÜNERMANN, n. 1644.2 EYMARD, São Pedro Julião. Obras Eucarísticas, "Eucaristía". 4. ed. Madrid: 1963, p. 65.3 ALASTRUEY, Gregorio. Tratado de la Santísima Eucaristía. 2. ed. Madrid: BAC, 1952, p. 19-20.4 AQUINO, São Tomás de. 4 Sent., dist. 8, q. 1, a.2 apud: ALASTRUEY, Op. Cit., p. 7.5 AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica III, q. 73, a. 6, Resp.6 ALASTRUEY, Op. cit., p. 286.7 EYMARD, Op. cit., p. 272.8 JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900, t. I, p. 467.9 FABER, Frederick William. O Santíssimo Sacramento. Petrópolis: Vozes, 1929, p. 217.
(Revista Arautos do Evangelho, Junho/2009, n. 90, p. 24 à 31)
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O "Lauda Sion"
Monsenhor João Clá Dias, EP
A sequência da Missa de Corpus Christi é constituída por um belíssimo hino gregoriano, intitulado Lauda Sion.
"A devoção à Eucaristia é a mais nobre de todasas devoções, porque tem o próprio Deus porobjeto; é a mais salutar porque nos dá o próprioautor da graça; é a mais suave, pois suave é o Senhor". (S. Pio X)
Urbano IV encontrava-se em Orvieto, quando decidiu estabelecer a comemoração de Corpus Christi. Estavam coincidentemente naquela cidade dois dos mais renomados teólogos de todos os tempos, São Boaventura e São Tomás de Aquino. O Papa os convocou, assim como a outros teólogos, encomendando-lhes um hino para a sequência da Missa dessa festa.
Conta-se que, terminada tarefa, apresentaram-se todos diante do Papa e cada um devia ter sua composição.
O primeiro a fazê-lo foi São Tomás de Aquino, que apresentou então os versos do Lauda Sion.
São Boaventura, ato contínuo àquela leitura, queimou seu próprio pergaminho, não sem causar espanto em São Tomás que perguntou "por que"? O santo franciscano, com toda a humildade, explicou-lhe que sua consciência não o deixaria em paz se ele causasse qualquer empecilho, por mínimo que fosse, à rápida difusão de tão magnífica Sequência escrita pelo dominicano.
Síntese teológica, em forma de poesia
Aquilo que São Tomás ensinou em seus tratados de Teologia a respeito da Sagrada Eucaristia, ele o expôs magistralmente em forma de poesia no Lauda Sion.
Trata-se de verdadeira pela de literatura, que brilha pela profundidade do conteúdo e pela beleza da forma, elevação da doutrina, acurada precisão teológica e intensidade do sentimento. O ritmo flui de modo suave, até mesmo nas estrofes mais didáticas. A melodia - cujo autor é desconhecido - combina belamente com o texto. A unção é inesgotável.
São Tomás se revela como filósofo e místico, como teólogo da mente e do coração, realizando sua própria exortação: "Seja o louvor pleno, retumbante, alegre e cheio do brilhante júbilo da alma".
Repassemos alguns trechos desse célebre cântico.
Amém. Aleluia.
***
Louva Sião, o Salvador, louva o Guia e Pastor com hinos e cânticos
Ele continua a conclamar os fiéis a "louvar o guia e pastor com hinos e cânticos". Mas, como louvar adequadamente esse santo sacramento? Como louvar de modo suficiente o próprio Deus? É o sacramento mais elevado e substancioso de todos, pois nele está presente o próprio Homem-Deus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Não há palavras, não há gestos, não há nada a ser oferecido que esteja à altura d'Ele.
Por isso São Tomás quase geme ao dizer: "Tanto quanto possas, ouses tu louvá-Lo, porque está acima de todo o louvor e nunca O louvarás condignamente".
E explica ser essa a tarefa que recebeu do Papa: "É-nos hoje proposto um tema especial de louvor, o pão vivo que dá a vida".
"É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma".
O santo se preocupa em incentivar em nossa alma um louvor, o mais perfeito de que sejamos capazes, para assim nos aproximarmos do Santíssimo Sacramento e adorar a Jesus, que ali se encontra por detrás do "véu" do pão e do vinho.
Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete
A partir deste verso, até a décima estrofe, São Tomás passa a apontar a instituição da Eucaristia na festa litúrgica estabelecida pelo Papa.
"Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga". O rito da Igreja Católica Apostólica Romana encerrara o da Antiga Lei, que era uma prefigura dele. Por isso completa São Tomás:
"O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite".
Sim, uma vez tendo vindo ao mundo o simbolizado, não faz sentido celebrar o símbolo. O culto da Sinagoga no antigo Testamento era todo voltado para a espera do Salvador, e seus ritos simbolizavam-No. No novo rito, na celebração Eucarística, Nosso Senhor Jesus Cristo se imola Ele próprio. Ora, estando presente o simbolizado, para que o símbolo? Qual o sentido de imolar um cordeiro?O rito novo rejeita o velho ...
"O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua".
Aqui São Tomás recorda as palavras de Jesus na Ceia da Quinta-feira Santa: "Fazei isto em memória de mim".
"E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação".
São Tomás, sacerdote, podia dizer com toda a propriedade: "instruídos por suas ordens sagradas". É uma referência ao Sacramento da Ordem, que da àquele que o recebe a grande glória de poder emprestar sua laringe e suas mãos ao Divino Mestre. Para que, sobre o altar, se opere um dos maiores milagres - e o mais freqüente deles - da História da humanidade: a transubstanciação. Quer dizer, a substância vinho cedem lugar à substância Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É dogma de Fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador
A partir deste ponto, em dez estrofes, o autor dá em detalhe, numa maravilhosa síntese, a doutrina católica sobre o Sacramento do Altar. Ele continua:
"O que não compreendes nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural".
De fato, pela nossa inteligência, jamais chegaríamos a penetrar neste mistério tão sagrado. Nem sequer os demônios, que, embora decaídos, são de natureza angélica, e portanto superior à nossa, conseguem discernir nas aparências do pão e do vinho o Homem-Deus. Só mesmo a Fé nos faz penetrar neste mistério sagrado.
"Debaixo de espécies diferentes, aparência e não realidades, ocultam-se realidades sublimes".
São Tomás volta a insistir na idéia de que os "véus" do vinho e do pão ocultam realidades divinas.
"A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente".
Esta é uma verdade de Fé, que a Teologia nos explica. Olhando para o vinho e para a hóstia consagrados, poderíamos ser levados a imaginar que a carne está só na eucaristia pão, e o sangue só na eucaristia vinho. Entretanto, a doutrina nos diz e a nossa Fé assimila que o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo encontram-se plenamente tanto na hóstia como no vinho consagrados.
"E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro."
Outra das impressões equivocadas que podem transpassar uma alma é esta: ao ver o ministro dividindo uma hóstia, pensar que Nosso Senhor já não se encontra inteiro em cada uma das partículas. Não é verdade; Por um mistério sagrado, Nosso Senhor Jesus Cristo se encontra de modo integral em todas as frações que sejam visíveis.
"Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-O podem consumi-Lo"
Senhor meu Jesus Cristo, que, por amor aos homens,ficais dia e noite neste Sacramento, todo cheio demisericórdia e amor, esperando, chamandoe acolhendo todos os que vêm visitar-Vos, eucreio que estais presente no Sacramento doaltar... (Santo Afonso de Ligório)
Outra verdade de Fé: se um milhão de pessoas comungarem ao mesmo tempo, como já aconteceu em algumas Missas presididas pelo Santo Padre em suas viagens pelo mundo, todos estarão recebendo um só e o mesmo Jesus, sem qualquer fracionamento de seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
"Recebem-No os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte. Morte para os maus e vida para os bons: vede como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento" .
Quem comunga em estado de graça, recebe um influxo de vida e de força espiritual e até corporal. Entretanto, ai daqueles que se aproximam desse Sacramento em estado de pecado mortal" O odor da morte se assenhoreia ainda mais da alma, e do próprio organismo. Quanto cuidado devemos tomar para não nos aproximarmos da Eucaristia sem estarmos inteiramente preparados. Procuremos antes o confessionário, que se encontra à nossa disposição, e saibamos ajoelhar-nos com humildade e pedir perdão de nossas faltas.
"Quando a hóstia é dividida, não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quando no hóstia inteira. Nenhuma divisão pode violar a substância: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alterados".
São Tomás retorna aqui o que já ensinara mais acima, para solidificar nas almas a doutrina católica a respeito da Eucaristia.
"Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos"
O santo recorda nestas frases que o Sacramento do Altar é a realização de antigos signos: "Verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães. As figuras o simbolizam, é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais".
As últimas estrofes louvam o Bom Pastor que nos alimenta e guarda e nos faz futuramente participantes do Banquete Celestial. Nesse trecho final, letra e melodia se unem numa suprema beleza, de irresistível doçura:
"Bom Pastor, pão verdadeiro, Jesus,, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.
"Ó Vós que tudo sabeis e tudo podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa.