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Visita a Capela da Medalha Milagrosa, localizada na Rue du Bac, 140 - Paris

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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Papa a empresários: rejeitem a desonestidade



Papa em audiência com os empresários - AP

27/02/2016 13:43

Cidade do Vaticano (RV)

– A pessoa está acima do mercado: foi o que recordou Francisco aos empresários que viveram este sábado (27/02), no Vaticano, o seu Jubileu da Misericórdia.



O Papa recebeu na Sala Paulo VI cerca de sete mil membros da Confederação da Indústria Italiana (Confindustria). A eles, o Pontífice desenvolveu o seu discurso em torno do slogan escolhido pela Confederação: “fazer juntos”.
“Fazer juntos significa investir em projetos que saibam envolver pessoas muitas vezes esquecidas e ignoradas”, disse o Papa, citando de modo especial os jovens, que sofrem com o desemprego, e os idosos, descartados como improdutivos.

Homem no centro da empresa
“No centro de cada empresa, afirmou Francisco, deve estar o homem: não aquele abstrato, ideal, teórico, mas aquele concreto, com os seus sonhos, as suas necessidades, as suas esperanças e as suas fadigas.”
Esta atenção à pessoa concreta, acrescentou, comporta uma série de escolhas importantes, como trabalhar para que o emprego crie mais emprego, tirando mães e pais da angústia de não poder oferecer um futuro aos próprios filhos.

Humanismo do trabalho
Para que o “fazer juntos” não seja somente um slogan, os empresários são chamados a fazer passos corajosos diante de tantas barreiras da injustiça, da solidão e da desconfiança. Citando sua Encíclica Laudato Si, Francisco recordou que os empresários não devem somente produzir riquezas, mas devem ser construtores do bem comum e artífices de um novo “humanismo do trabalho”.

Evitar atalhos
Para isso, o Papa os convida a evitar atalhos, como favoritismos, desvios perigosos da desonestidade e compromissos fáceis. O caminho é a justiça e a lei suprema é a atenção à dignidade do outro, “valor absoluto”. Isso levará a rejeitar categoricamente que a dignidade da pessoa seja espezinhada em nome de exigências produtivas, que escondem miopias individualistas, tristes egoísmos e sede de lucro.
Francisco então concluiu: “Que o bem comum seja a bússola que orienta a atividade produtiva, para que cresça uma economia de todos e para todos. Isso é possível desde que a simples proclamação da liberdade econômica não prevaleça sobre a concreta liberdade do homem e sobre os seus direitos, que o mercado não seja um absoluto, mas honre as exigências da justiça e, em última análise, da dignidade da pessoa.

Fonte RV

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016


 
A CÁTEDRA DE SÃO PEDRO



 

A infalibilidade pontifícia e o primado de jurisdição do Pontífice,
necessariamente  unidos, devem ser, para todo católico, alvo de
um amor preferencial. Mas como fundamentá-los
na Escritura, na  Tradição e na História?
 
            "Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).
Nos últimos cem anos, poucas passagens do Evangelho têm sido objeto de discussões tão veementes e apaixonadas, pois, segundo alegam alguns, a formulação atual não corresponderia ao original escrito por Marcos, mas tratar-se-ia de um texto manipulado por volta do ano 130 com vistas a justificar o primado de Pedro e seus sucessores sobre seus irmãos no episcopado.
Entretanto, durante séculos ninguém pusera em dúvida a autenticidade dessa passagem. Foi preciso aguardar a infiltração do racionalismo na exegese bíblica no século XIX e o historicismo protestante do século XX, para começarem as tentativas de desqualificá-la.
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Argumentos bíblicos em favor do primado de Pedro
 
Sob o ponto de vista documental, a tese da suposta manipulação desse versículo não se sustenta. Os textos mais antigos que reproduzem a passagem em questão não apresentam nenhum vestígio de adulteração: nem o Diatessaron (concordância dos quatro Evangelhos) de Taciano, de meados do segundo século, nem os escritos dos Padres da Igreja anteriores ao século IV e nem os 4 mil códices dos oito primeiros séculos que hoje se conhecem.
Pelo contrário, como pode-se ver no box da próxima página, mais de 160 passagens do Novo Testamento mencionam Pedro ocupando, em muitos deles, uma posição de preeminência sobre os demais Apóstolos. Até mesmo São João, que trata em menor medida do Príncipe dos Apóstolos em seu Evangelho, devido às circunstâncias históricas nas quais foi escrito - em plena polêmica com os gnósticos -, traz duas importantes referências à entrega do primado petrino: "Serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)" (Jo 1, 42); e "Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes? [...] Apascenta meus cordeiros" (Jo 21, 15-17).
Ora, é em Mt 16, 18-19 que se baseia principalmente a doutrina sobre o Papado, realçando-se normalmente na interpretação destes versículos a tríplice metáfora usada por Nosso Senhor: São Pedro é fundamento da Igreja, pois é comparado com os alicerces que dão coesão e estabilidade a todo o edifício; seu poder de jurisdição está figurado nas chaves, as quais, na linguagem bíblica e profana, são símbolo do domínio; e, por último, a imagem de ligar e desligar simboliza a capacidade de criar ou abolir leis que obrigam em consciência.
Considerada isoladamente, a interpretação acima poderá suscitar ceticismo; mas unida a outros trechos do Novo Testamento, bem como aos escritos dos Padres da Igreja e à praxe dos primeiros séculos de cristianismo constitui um poderoso aparato argumentativo. Todos esses indícios somados convergem em afirmar o primado indiscutível de São Pedro, dado por Cristo e reconhecido ininterruptamente ao longo da História da Igreja.
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Testemunho dos Padres Apostólicos
 
De especial importância para o tema que nos ocupa é a história dos primeiros séculos da Igreja, por chocar frontalmente com a gratuita suposição de que o primado de jurisdição universal do Romano Pontífice tenha sido uma invenção posterior aos tempos apostólicos.1
Ora, já na carta enviada pelo Papa São Clemente aos fiéis de Corinto, a respeito da rebelião ocorrida nessa comunidade em torno do ano 96, fica patente o primado romano. Com efeito, nela o Pontífice não pede desculpas por imiscuir-se nos assuntos internos de outra Igreja - como seria normal, caso fosse um simples primus inter pares, chefe de outra Igreja irmã -, mas escusa-se por não ter tido oportunidade de intervir no assunto com mais rapidez; adverte do perigo de cometer pecado grave quem não obedecer às suas admoestações; e mostra-se convencido de que sua atitude é inspirada pelo Espírito Santo.2 Por outro lado, a carta foi recebida em Corinto sem resistências e considerada como uma grande honra, a ponto de ainda no ano de 170, segundo testemunhas, ser lida na liturgia dominical.3
 
 
Fundamento bíblico do primado petrino
 
São Pedro ocupa posição preeminente no Novo Testamento, onde é mencionado 114 vezes nos Evangelhos e 57 vezes nos Atos dos Apóstolos.
Fala em nome de todos os Apóstolos (Lc 12, 41, Mt 19, 27, Mc 10, 28, Lc 18, 28), responde por eles (Jo 6, 68, Mt 16, 16, Mc 8, 29) e age por todos (Mt 14, 28, Mc  8, 32, Mt 16, 22, Lc 22, 8, Jo 18, 10). Outras vezes  os evangelistas referem- se aos Apóstolos dizendo  "Pedro e os seus" (Mc 1, 36, Lc 8, 45; 9, 32, Mc 16, 7,  At 2, 14. 37). Jesus o elege depois de fazer um  grande milagre (Lc 5, 1-11); serve-Se de sua barca  para pregar às multidões (Lc 5, 3); hospeda-Se em  sua casa (Mc 1, 29); associa-o a Si no pagamento do tributo (Mt 17, 23-26); escolhe-o, com Tiago e João,  para assistir à ressurreição da filha de Jairo (Mc 5,  37), à transfiguração (Mc 9, 2) e à agonia no  Getsêmani (Mc 14, 33); é o primeiro a quem aparece  ressuscitado (Lc 24, 34). É o único dos Doze que o  anjo nomeia para ser-lhe comunicada a mensagem  da Páscoa (Mc 16, 7). São João espera a chegada  de São Pedro, para deixá-lo entrar primeiro no  Sepulcro de Jesus (Jo 20, 2-8).
Depois da Ascensão e de Pentecostes, vemos São  Pedro exercendo a autoridade máxima na Igreja.  Completa o Colégio Apostólico com a eleição de São  Matias (At 1, 5ss); fala em nome dos Apóstolos  no dia de Pentecostes (At 2, 14ss); defende perante  as autoridades judaicas o direito dos Apóstolos, de  pregar a Fé em Cristo (At 4, 8-12); condena Ananias  e Safira (At 5, 1-11); é inspirado a abrir as portas da   Igreja também aos pagãos, com a conversão do  centurião Cornélio (At 10, 47); preside o Concílio de  Jerusalém (At 15, 6ss); toda a Igreja orava por sua  libertação, quando foi encarcerado por ordem de  Herodes (At 12, 5).
Por outro lado, São Paulo assinala de modo preeminente a importância de São Pedro como  cabeça da Igreja. Depois de sua estada na Arábia,  dirige-se a Jerusalém para vê-lo (Gal 1, 18);  reconhece nele uma das colunas da Igreja (Gal 2, 9);  coloca-o como o primeiro entre as testemunhas das aparições de Cristo ressuscitado (Cor 15, 5); e mesmo quando lhe resiste "em face" em Antioquia,  age como quem reconhece sua autoridade e, portanto, confirma de algum modo seu primado (Gal  2, 11-14).
 
 
Imagens: "Vocação dos Apóstolos Pedro e André", por Duccio di Buoninsegna - National Gallery of Art, Washington  DC. "Cristo entrega as chaves a São Pedro" -  Basílica de Paray-le-Monial, França. "Pregação de  São Pedro" - Catedral de Manresa, Espanha.
  
 
Esses fatos adquirem especial relevo ao considerar-se que o Apóstolo São João, ainda vivo, encontrava- se em Éfeso, bem mais perto de Corinto do que de Roma.4 E não consta que nem São Clemente, nem os fiéis de Corinto, nem o próprio São João tenham duvidado da autoridade do Sucessor de Pedro para dirimir a questão.
Outro importante testemunho dessa época a favor do primado do Sucessor de Pedro é a carta enviada por Santo Inácio de Antioquia (†107) à Igreja de Roma. Nela também se manifesta de modo evidente, e mais explícito que no caso anterior, o primado da Sé Romana sobre as outras. Com efeito, essa missiva é substancialmente diferente das enviadas por ele nas mesmas circunstâncias (prisioneiro levado da Síria para Roma, onde seria martirizado) a outras Igrejas, como Éfeso, Magnésia, Trália, Filadélfia e Esmirna. Na primeira, o santo Bispo de Antioquia escreve em tom submisso; nas demais, em tom de autoridade.
Além do mais, Santo Inácio reconhece à Igreja de Roma o poder de dirigir as outras Igrejas, instruindo- as como a discípulos do Senhor e recomenda sua diocese na Síria à solicitude pastoral da Sé Romana, e não à de qualquer outra Igreja, talvez mais próxima.5
Um terceiro testemunho é o de Santo Irineu de Lyon. Nascido entre 130 e 140, falecido por volta de 202, foi discípulo de São Policarpo, o qual, por sua vez, havia sido discípulo de São João. Portanto, esteve em contato quase direto com a idade apostólica.
Em seu tratado Adversus hæreses, fala clara e explicitamente do primado da Igreja Romana sobre todas as outras Igrejas e faz referência à mencionada carta de São Clemente Romano aos fiéis de Corinto, que tinha entre outros objetivos "renovar sua Fé" e "declarar a tradição que havia recebido dos Apóstolos".6
Eloquente também é a intervenção do Papa Vítor I (189-199) a propósito da data da comemoração da Páscoa, que ele resolveu unificar. Na Província da Ásia se obedecia a outro calendário. Para solucionar a questão, o Papa convocou um Sínodo dos Bispos italianos em Roma, escreveu aos Bispos do mundo inteiro e, por fim, conclamou os Bispos da Ásia a adotar a prática da Igreja universal, de sempre celebrar a Páscoa no domingo. Caso não o atendessem, ele os declararia excluídos da comunhão da Igreja.7 Vários Bispos tentaram moderar a decisão papal, incluindo Santo Irineu, sem resultado, ao que parece. Fato é que pouco a pouco o costume romano se tornou prática comum em toda a Igreja. Trata-se de mais uma amostra do reconhecimento universal do primado do Papa.
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Insuspeito testemunho de um herege
 
Mas os argumentos não provêm apenas do campo católico. Por volta do ano 220, Tertuliano, já então envolvido na heresia montanista, escreveu um libelo8 atacando o Papa Calisto I, que publicara um edito para ser lido em todas as igrejas, suavizando a disciplina penitencial aplicada aos adúlteros e fornicadores.

 
Atribuindo de modo sarcástico ao sucessor de Pedro a expressão "Pontífice Máximo, ou seja, o Bispo dos Bispos"9 - títulos então usados pelo Imperador romano -, o malfadado escritor eclesiástico mostra quão abrangente era o poder espiritual do Papado. Ademais, termina sua longa objurgatória com uma crítica à reivindicação de Calisto I de que sua autoridade "de ligar e desligar" se fundamentava na de São Pedro, dando um precioso testemunho de quão antiga é a consciência da origem divina dessa autoridade.
Detalhe importante: ao tentar refutar o Papa, Tertuliano - acérrimo adversário da Igreja que antes amara - cita sem qualquer objeção a passagem do Evangelho de São Mateus contestada pelos racionalistas dezoito séculos mais tarde: sim, o Senhor disse a Pedro que este era a rocha sobre a qual construiria a Igreja; deu- lhe, de fato, as chaves, assim como o poder de ligar e desligar, e confiou-lhe o cuidado da Igreja. Basta ler as palavras de Tertuliano para constatar que ele se referia a um fato pacificamente aceito por todos em sua época, tão próxima dos tempos apostólicos, nem se permitindo alguma suspeita relacionada com adulteração do texto bíblico.
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Supremacia fundada sobre uma rocha divina
 
São Leão Magno - cujo pontificado, entre os anos 440 e 461, constitui um interessante ponto de inflexão na história do primado petrino - referia- se à Igreja de Roma como magistra (mestra) e não tinha dúvida alguma a respeito da autoridade do Papa sobre o concílio.
Em nome dessa autoridade confirmou a doutrina definida pelo Concílio de Calcedônia (451), iniciando assim uma prática que será mantida por seus sucessores e considerada como necessária para conferir validez a qualquer concílio ecumênico. 10 Sua conhecida Epístola dogmática11 foi aclamada com transportes de entusiasmo pelos Padres reunidos em Calcedônia, quase todos orientais, com a famosa sentença: "Isto disse Pedro através de Leão!".12
Ora, São Leão Magno desenvolve o conceito de soberania petrina tomando justamente por base o já citado versículo de São Mateus: "Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18). Ele põe em realce que essa declaração do Divino Mestre aplica-se efetivamente à Sé Romana e que o Papa, como Sucessor de Pedro, tem a missão especialíssima de guiar e governar a Igreja universal, bem como o direito de intervir e tomar decisões nas questões eclesiásticas das Igrejas locais.
Infelizmente, fatos históricos indicam, a partir do século VII, uma latente recusa do primado de jurisdição universal do Bispo de Roma por parte de alguns líderes da Igreja do Oriente, embora reconhecendo em geral a autoridade papal em matéria doutrinária.13 O exaltar dos ânimos teria como triste desfecho o cisma de 1054.
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Jurisdição plena e universal
 
Duas importantes prerrogativas dimanam do primado de Pedro: o primado de jurisdição universal e a infalibilidade pontifícia.
A jurisdição do Papa14 se aplica plena e supremamente à Igreja universal, porque ela abrange toda a potestade outorgada por Nosso Senhor Jesus Cristo à Igreja. Essa jurisdição é também monárquica, pois Cristo a concedeu a São Pedro e não aos outros Apóstolos, e ilimitada, o que significa que o Papa não presta contas senão a Deus, por não existir na Igreja instância alguma superior a ele.15 Além do mais, abarca os poderes legislativo, judiciário e executivo. Diz- -se também que é uma potestade ordinária no sentido de que é constitutiva do próprio exercício do ministério petrino; imediata porque se exerce por direito próprio, sem necessidade de intermediários; e episcopal, visto ser eminentemente pastoral o objetivo de seu exercício.16
Em consequência, o Papa é, por um lado, livre de entrar em contato direto com seus Pastores e com os fiéis, sem coerção por parte do poder civil;17 e por outro, é o juiz supremo dos fiéis, ao qual todos têm o direito de recorrer e ninguém pode impugnar, nem mesmo um concílio ecumênico.18
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Magistério ordinário e extraordinário
 
 
Três Padres Apostólicos dão importante testemunho do reconhecimento universal do primado de Pedro nos primeiros séculos da Igreja
“São Clemente Romano” - Basílica de São Marcos, Veneza. “Santo Inácio de Antioquia” - Igreja do Gesù, Roma. “Santo Irineu de Lyon”
- Paróquia de Santo Irineu, Centocelle, Itália
 
A infalibilidade pontifícia, por sua vez, é um carisma inerente ao próprio ministério petrino que confere uma assistência especial do Espírito Santo ao Papa quando este - falando ex cathedra, ou seja, como supremo Pastor da Igreja universal - define uma doutrina de Fé e moral.19
  
 
         Sobre ela pronunciou-se claramente o Concílio Vaticano II nos termos seguintes: As definições do Romano Pontífice "com razão se dizem irreformáveis por si mesmas, e não pelo consenso da Igreja, pois foram pronunciadas sob a assistência do Espírito Santo, que lhe foi prometida na pessoa de São Pedro. Não precisam, por isso, de qualquer alheia aprovação, nem são susceptíveis de apelação a outro juízo. Pois, nesse caso, o Romano Pontífice não fala como pessoa privada, mas expõe ou defende a doutrina da Fé Católica como mestre supremo da Igreja universal, no qual reside de modo singular o carisma da infalibilidade da mesma Igreja".20
Junto com essa forma de Magistério extraordinário, o Papa exerce também o ordinário, por meio de orientações e ensinamentos através de encíclicas, constituições, exortações apostólicas, discursos, etc.
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Infalibilidade não significa impecabilidade
 
Convém lembrar, por fim, que nem do exercício do ministério petrino, nem do carisma da infalibilidade advém ao Romano Pontífice a impecabilidade ou, por outras palavras, a confirmação em graça.
Um dos argumentos racionalistas contra o primado de Pedro é que o pescador da Galileia era sujeito a pecar, como todo homem. E, sem dúvida, o era. Entretanto, seu primado não repousa sobre qualidades humanas, mas na onipotente força do Fundador da Igreja.
 
A festa da Cátedra de Pedro
 
A Igreja celebra a festa de São Pedro em dois dias diferentes:
em 29 de junho, junto com São Paulo, e em 22 de fevereiro, a
Cátedra de Pedro.
 A antiquíssima origem destaúltima festa está documentada
por sua inclusão num calendário do ano 354 e no
Martyrologium Hieronymianum, o mais antigo da Igreja Latina,
 composto entre 431 e 450. Há também referências a ela em
duas homilias do século V.24
Essa longa existência mostra a relevância do símbolo da Cátedra
para a vida da Igreja e reforça com o testemunho da Tradição
 a importância dada ao primado  petrino, pelo menos a partir
 de meados do século IV, pois, segundo explica o Martyrologium
 Romanum, a Sé de Pedro é"chamada a presidir a comunhão
 universal da caridade". O Missal Romano acrescenta que a
comemoração da Cátedra de São Pedro põe em relevo a missão
de mestre e de pastor conferida por Cristo a São Pedro que,
 em sua pessoa e na de seus sucessores, é fundamento visível da
 unidade da Igreja.
 
 
 
Cristo não chamou São Pedro por causa das suas qualidades naturais; foi a graça de Deus que o converteu numa rocha firme e sólida. "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas Eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça" (Lc 22, 31-32).
No seu livro-entrevista recentemente divulgado, Bento XVI relembrou que a tarefa exercida pelo Romano Pontífice não foi dada por ele a si mesmo.21 Pelo contrário, é o Espírito Santo quem escolhe o Papa, usando critérios divinos: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça" (Jo 15, 16).
A santidade de um Papa, portanto, não é inerente ao ministério petrino, mas provém do esforço pessoal e, sobretudo, da ação da graça. As eventuais infidelidades na vida de qualquer Pontífice Romano serão sempre gravíssimas, mas não abolem sua autoridade, já que Deus pode servir-Se de instrumentos infiéis, e o Espírito Santo impedirá com sua assistência que os pecados pessoais ponham em risco a integridade da Igreja, garantida pela promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).
 
O Professor Plinio Corrêa de Oliveira,
na década de 1980


 
Quis a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, ao fundar a sua Igreja, estabelecer como chefe supremo um homem pecável, mas infalível em matéria de Fé e moral. Isto que foi aceito pelo consensus fidelium sem restrição, forma com a pessoa e o primado de Pedro uma feliz união fundada na caridade e na fé.
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O amor ao elo mais fraco de uma corrente mística que une a Terra ao Céu
 
O primado de Pedro e sua infalibilidade são as garantias da invencibilidade da Igreja, de modo que se pode ver no Papa a expressão da unidade e verdade eclesiais. Mas a sujeição à autoridade suprema de um homem, não representa uma humilhação para todos os fiéis?
A esta pergunta dá luminosa resposta um líder católico de projeção internacional, que teve dois de seus numerosos livros elogiados pela Santa Sé: o brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995).22 O amor por sua condição de súdito do Papa, enquanto católico, era um dos principais traços de sua personalidade, e não perdia oportunidade de manifestá-lo. Porque tal submissão ao Romano Pontífice, longe de ser humilhante, é motivo de elevação e alegria para todo o gênero humano.
Afirmou em certa ocasião o insigne pensador que, assim como todos os relógios da terra precisam se regular pela hora solar, assim também os católicos devem se orientar por um outro "sol": a infalibilidade pontifícia, na qual podem depositar toda sua confiança.
De fato, atingida pelo pecado original, a razão humana está sujeita a toda espécie de incertezas e erros, dos quais nascem o caos e a discórdia. Por isso - concluía Plinio Corrêa de Oliveira -, o Papa, infalível em virtude da assistência do Espírito Santo e com poder de jurisdição in universo orbe, é o ponto de referência indispensável para guiar a razão humana em função da Fé.
Assim, a infalibilidade pontifícia e o primado de jurisdição do Pontífice, necessariamente unidos, devem ser, para todo católico, alvo de um amor preferencial.
Como diz Dr. Plinio, "na gloriosa corrente constituída pela Santíssima Trindade, Nossa Senhora e o Papado, este último vem a ser o elo menos vigoroso: porque mais terreno, mais humano e, em certo sentido, estando envolto por aspectos que o podem menoscabar. Costuma-se dizer que o valor de uma corrente se mede exatamente pelo seu elo mais frágil. Assim, o modo mais excelente de amarmos essa extraordinária cadeia é oscular o seu elo menos vigoroso: o Papado. É devotar à Cátedra de Pedro, em relação à qual esmorecem tantas fidelidades, a nossa fidelidade inteira!".23 A essa mesma atitude de espírito, todos somos convidados pela graça. (Pe. Eduardo Caballero Baza, EP; Revista Arautos do Evangelho, Fev/2011, n. 110, p. 18 à 25)
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Fonte: Arautos do Evangelho
Hoje, as 09:30h, "Dia da Cátedra de Pedro", 15º aniversário do "Certificado de Aprovação Pontificia", os Arautos do Evangelho vão realizar a tocante cerimonia de "Ordenação Presbiteral" dos novos padres da associação.

Assistam pela TV ARAUTOS, as 09:30h, clicando na foto abaixo:
http://www.arautos.org/tv/

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Arautos do Evangelho comemoram manhã, 22 de fevereiro, Cátedra de Pedro, o decimo quinto aniversário do recebimento do Certificado de Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício

 
 
 
Os Arautos do Evangelho são uma Associação Internacional de Fiéis de Direito
Pontifício, a  primeira a ser erigida pela Santa Sé no terceiro milênio, o que
ocorreu por ocasião da  festa litúrgica da Cátedra de São Pedro
em 22 de fevereiro de 2001
 
 
Audiência com S.S. Papa João Paulo II por
ocasião do Aprovação Pontifícia
Composta predominantemente por jovens, esta Associação está presente em 78 países. Seus membros de vida consagrada praticam o celibato, e dedicam-se integralmente ao apostolado, vivendo em casas destinadas especificamente para rapazes ou para moças, os quais alternam a vida de recolhimento, estudo e oração com atividades de evangelização nas dioceses e paróquias,dando especial ênfase à formação da juventude.

         Embora não professem votos e conservem-se no estado leigo - exceção feita de alguns que abraçam as vias do sacerdócio - os Arautos do Evangelho procuram praticar em toda a sua pureza fascinante os conselhos evangélicos.

        Vivem normalmente em comunidade (masculinas ou femininas), num ambiente de caridade fraterna e disciplina. Em suas casas fomenta-se uma intensa vida de oração e estudo, seguindo-se a sapiencial diretriz do Papa João Paulo II:

       "A formação dos fiéis leigos tem como objetivo fundamental a descoberta cada vez mais clara da própria vocação e a disponibilidade cada vez maior para vivê-la no cumprimento da própria missão" (Christifidelis Laici, 58).

        Seu fundador é
 Mons. João  Clá Dias.

    Outra categoria de membros são os Cooperadores, os quais "embora sintam-se identificados com o espírito da Associação - lê-se nos Estatutos - não
podem comprometer-se plenamente com os objetivos dela, devido a seus compromissos sacerdotais, ao fato de pertencerem a algum instituto de vida consagrada ou sociedade de vida apostólica, ou a seus deveres matrimoniais ou profissionais".
Leigos, casados ou solteiros que vivem no mundo, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas, leigos de vida consagrada ou membros de outras associações ou movimentos apostólicos, os Cooperadores dos Arautos do Evangelho, além de observarem os preceitos e deveres próprios a seu estado, esforçam-se por viver em conformidade com o carisma e a espiritualidade da Associação, dedicando a ela seu tempo livre e se comprometendo a cumprir certas obrigações.

          Finalidade                                  
Nos primeiros artigos de seus Estatutos encontra-se delineada a vocação dos Arautos do Evangelho:

       "Esta Associação .... nasceu com a finalidade de ser instrumento de santidade na Igreja, ajudando seus membros a responderem generosamente ao chamamento à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade, favorecendo e alentando a mais íntima unidade entre a vida prática e a fé. ....

       Além disso, a Associação tem como fim a participação ativa, consciente e responsável de seus membros na missão salvífica da Igreja através do apostolado, ao qual estão destinados pelo Senhor, em virtude do Batismo e da Confirmação. Devem, assim, atuar em prol da evangelização, da santificação e da animação cristã das realidades temporais."
 
Espiritualidade
Os Arautos têm sua espiritualidade alicerçada em três pontos essenciais: a Eucaristia, Maria e o Papa, como está definido nos seus estatutos:

       "A espiritualidade tem como linhas mestras a adoração a Jesus Eucarístico, de inestimável valor na vida da Igreja para construí-la como una, santa, católica e apostólica, corpo e esposa de Cristo (EE 25, 61); a filial piedade mariana, imitando a sempre Virgem e aprendendo a contemplar n'Ela o rosto de Jesus (NMI 59); e a devoção ao Papado, fundamento visível da unidade da fé (LG 18)."
Esses pontos estão representados em destaque no brasão que os distingue.
 
Carisma
Seu carisma os leva a procurar agir com perfeição em busca da pulcritude em todos os atos da vida diária, mesmo estando na intimidade e está expresso no sublime mandamento de Jesus Cristo: "Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito" (Mt 5, 48).

         
Para o Arauto do Evangelho, este chamamento à perfeição não deve ficar restrito aos atos interiores, mas exteriorizar-se em suas atividades, de modo que melhor reflitam a Deus. Isto quer dizer que ele deve revestir de cerimonial as suas ações cotidianas, seja na intimidade de sua vida particular, seja em público, na obra evangelizadora, no relacionamento com os irmãos, na participação da Liturgia, nas apresentações musicais e teatrais, ou em qualquer outra circunstância.

        Esta procura da perfeição significa não só abraçar a verdade, praticar a virtude, mas também fazê-lo com pulcritude, com beleza, a qual pode ser importante elemento de santificação.
Com razão lembra o Santo Padre, na Carta aos Artistas, o oportuno ensinamento do Concílio Vaticano II:
O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero.          A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração".
 
 
Evangelização através da cultura e da arte
 
Por verem na cultura e na arte eficazes instrumentos de evangelização, os Arautos habitualmente lançam mão da música, tanto pelas vozes como pelos instrumentos.
Assim é que grande número de coros, orquestras e conjuntos musicais foram constituídos por Arautos, a fim de levar sua mensagem de fé e de esperança à sociedade contemporânea .
Esse papel tão importante da arte tem sido ressaltado pelo Papa Bento XVI - ele mesmo um grande apreciador de música - em várias ocasiões, como por exemplo nas palavras finais de agradecimento pelo concerto oferecido pelo Presidente da República Italiana por ocasião do terceiro aniversário do pontificado, a 24/04/2008:
Existe uma misteriosa e profunda relação entre música e esperança, entre canto e vida eterna: por este motivo a tradição cristã representa os espíritos bem-aventurados, enquanto cantam no coro, raptados e extasiados pela beleza de Deus. Porém a arte autêntica, como a oração, não nos torna alheios à realidade cotidiana; mas nos conduz a ela para "impregná-la" e fazer que reviva, para que dê frutos benéficos e paz".

 

Arautos do Evangelho

 A FAMÍLIA CATÓLICA

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Pregação do Frei Capuchinho Raniero Cantalamessa sob a Quaresma.

Cantalamessa: silêncio sobre Espírito Santo atenua carater trinitário da liturgia


Papa Francisco e Cúria Romana durante a primeira pregação da Quaresma - OSS_ROM

19/02/2016 13:40
 
Cidade do Vaticano (RV)
 
O Papa Francisco e a Cúria Romana ouviram, nesta sexta-feira (19/02), na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a primeira pregação da Quaresma feita pelo frei capuchinho Raniero Cantalamessa.


 
Na pregação intitulada “A adoração em Espírito e verdade. Reflexão sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium” o religioso frisou que após o Concílio Vaticano II houve um despertar do Espírito Santo. “Ele não é mais ‘o desconhecido’ na Trindade. A Igreja tornou-se mais consciente de sua presença e de sua ação”, disse.

O papel do Espírito Santo
Segundo o religioso, “se há uma área em que a teologia e a vida da Igreja Católica foi enriquecida nestes 50 anos de pós-concílio, é certamente a relacionada ao Espírito Santo”, mas ressalta que “existem vazios e lacunas a serem preenchidos, em especial, sobre o papel do Espírito Santo. Já tomava nota desta necessidade São João Paulo II, quando, por ocasião do XVI centenário, em 1981, do concílio ecumênico de Constantinopla, escrevia em sua Carta Apostólica, a seguinte afirmação”:
"Todo o trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e iniciou [...] não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e do seu poder ".
A Constituição conciliar Sacrosanctum concilium, sobre a Sagrada Liturgia, “nasce da necessidade, sentida por um longo tempo e por muitos, de uma renovação das formas e ritos da liturgia católica. A partir deste ponto de vista, os seus frutos foram muitos e, no conjunto, benéficos para a Igreja”.
Espírito, protagonista escondido

Segundo Cantalamessa, o Espírito Santo permanece ainda um pouco escondido em relação às Pessoas da Santíssima Trindade. Um problema encontrado no texto conciliar sobre a renovação litúrgica:
“Toda celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação sagrada por excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja ”.
“Nós indivíduos ou atores da liturgia, hoje, somos capazes de perceber uma lacuna nesta descrição”, disse o frei ao Papa e à Cúria Romana. “Os protagonistas aqui realçados são dois: Cristo e a Igreja. Falta alguma alusão ao lugar do Espírito Santo. Também no resto da Constituição, o Espírito Santo nunca é sujeito de um discurso direto, só nomeado aqui e ali, e sempre oblíquo.”
A liturgia como obra do Espírito Santo
“Se a liturgia cristã é o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a melhor maneira de descobrir a sua natureza, é ver como Jesus exerceu a sua função sacerdotal em sua vida e em sua morte. A tarefa do sacerdote é oferecer ‘orações e sacrifícios’ a Deus. Agora sabemos que era o Espírito Santo que colocava no coração do Verbo feito carne o grito “Abba”! que encerra toda a sua oração. Lucas observa explicitamente quando escreve: "Naquela mesma hora Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra...". A própria oferta do seu corpo em sacrifício na cruz aconteceu, segundo a Carta aos Hebreus, “em um Espírito eterno”, isto é, por um impulso do Espírito Santo. O silêncio sobre o Espírito Santo, inevitavelmente, atenua o caráter trinitário da liturgia. 
Cantalamessa deu algumas “orientações práticas para o nosso modo de viver a liturgia e fazer que com ela execute uma das suas principais tarefas, que é a santificação das almas”. 
Espírito e oração de adoração
“O Espírito Santo não autoriza a inventar novas e arbitrárias formas de liturgia ou modificar de própria iniciativa aquelas existentes. Ele é o único, no entanto, que renova e dá vida a todas as expressões da liturgia”, disse ele.
“O Espírito Santo vivifica especialmente a oração de adoração que é o coração de toda oração litúrgica. A sua peculiaridade deriva do fato de que é o único sentimento que podemos alimentar somente e exclusivamente pelas pessoas divinas”.
Espírito e oração de intercessão
“O Espírito Santo intercede por nós e nos ensina a interceder pelos outros. A intercessão é uma componente essencial da oração litúrgica. Em toda a sua oração, a Igreja não faz outra coisa a não ser interceder: por si mesma e pelo mundo, pelos justos e pelos pecadores, pelos vivos e pelos mortos. Também esta é uma oração que o Espírito Santo quer animar e confirmar”.
“A oração de intercessão é, portanto, agradável a Deus, porque é livre de egoísmo, reflete mais de perto a gratuidade divina e está de acordo com a vontade de Deus, que quer que todos os homens sejam salvos”, concluiu Cantalamessa. (MJ)
A seguir, a íntegra da pregação do frei capuchinho.
Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap

Primeira Pregação da Quaresma
A ADORAÇÃO EM ESPÍRITO E VERDADE

Reflexão sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium

1. O Concílio Vaticano II: um afluente, não o rio
Nessas meditações quaresmais eu gostaria de continuar a reflexão sobre outros grandes documentos do Vaticano II, depois de meditar no Advento, na Lumen Gentium. Mas creio que é útil fazer uma premissa. O Vaticano II é um afluente, não é o rio. Em seu famoso trabalho sobre "O Desenvolvimento da Doutrina Cristã", o beato Cardeal Newman declarou enfaticamente que parar a tradição em um ponto do seu curso, mesmo sendo um concílio ecumênico, seria torna-la uma morta tradição e não uma “tradição viva”. A tradição é como uma música. O que seria de uma melodia que parasse numa nota, repetindo-a ad infinitum? Isso acontece com um disco que arranha e sabemos o efeito que produz.
São João XXIII queria que o Concílio fosse para a Igreja “como um novo Pentecostes". Em um ponto, pelo menos, essa oração foi ouvida. Após o Concílio houve um despertar do Espírito Santo. Ele não é mais “o desconhecido” na Trindade. A Igreja tornou-se mais consciente de sua presença e de sua ação. Na homilia da Missa crismal da Quinta-feira Santa de 2012, o Papa Bento XVI afirmava:
"Quem olha para a história da época pós-conciliar é capaz de reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpável a vivacidade inesgotável da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo".
Isso não significa que nós podemos desprezar os textos do Concílio ou ir além deles; significa reler o Concílio à luz dos seus próprios frutos. Que os concílios ecumênicos possam ter efeitos não compreendidos no momento, por aqueles que fizeram parte deles, é uma verdade evidenciada pelo próprio cardeal Newman sobre o Vaticano I[1], porém testemunhada mais vezes na história. O concílio ecumênico de Éfeso do 431, com a definição de Maria como Theotokos, Mãe de Deus, procurava afirmar a unidade da pessoa de Cristo, não aumentar o culto à Virgem, mas, de fato, o seu fruto mais evidente foi precisamente este último.
Se há uma área em que a teologia e a vida da Igreja Católica foi enriquecida nestes 50 anos de pós-concílio, é certamente a relacionada ao Espírito Santo. Em todas as principais denominações cristãs, estabeleceu-se nesses últimos tempos, aquilo que, com uma expressão cunhada por Karl Barth, foi chamada de “a Teologia do Terceiro artigo”. A teologia do terceiro artigo é aquela que não termina com o artigo sobre o Espírito Santo, mas começa com ele; que leva em conta a ordem com que se formou a fé cristã e o seu credo, e não só o seu produto final. Foi, de fato, à luz do Espírito Santo que os apóstolos descobriram quem era realmente Jesus e a sua revelação sobre o Pai. O credo atual da Igreja é perfeito e ninguém sequer sonha em muda-lo, porém, ele reflete o produto final, o último estágio alcançado pela fé, não o caminho através do qual se chega a isso, enquanto que, em vista de uma renovada evangelização, é vital para nós conhecer também o caminho por meio do qual se chega à fé, não só a sua codificação definitiva que proclamamos no credo de memória.
A esta luz aparece claramente as implicações de determinadas afirmações do concílio, mas aparecem também os vazios e lacunas a serem preenchidos, em especial, precisamente sobre o papel do Espírito Santo. Já tomava nota desta necessidade São João Paulo II, quando, por ocasião do XVI centenário do concílio ecumênico de Constantinopla, em 1981, escrevia em sua Carta Apostólica, a seguinte afirmação:
"Todo o trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e iniciou [...] não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e do seu poder[2]".

2. O lugar do Espírito Santo na liturgia
Esta premissa geral é particularmente útil ao lidar com o tema da liturgia, a Sacrosanctum concilium. O texto nasce da necessidade, sentida por um longo tempo e por muitos, de uma renovação das formas e ritos da liturgia católica. A partir deste ponto de vista, os seus frutos foram muitos e, no conjunto, benéficos para a Igreja. Menos advertida era, naquele momento, a necessidade de debruçar-se sobre aquilo que, seguindo Romano Guardini, geralmente chama-se “o espírito da liturgia[3]”, e que - no sentido que vou explicar - eu chamaria mais de “a liturgia do Espírito” (Espírito com letra maiúscula!).
Fies à intenção declarada destas nossas meditações de valorizar alguns aspectos mais espirituais e interiores dos textos conciliares, é precisamente neste ponto que eu gostaria de refletir. A SC dedica a isso só um curto texto inicial, fruto do debate que precedeu a redação final da constituição[4]:
“Em tão grande obra, que permite que Deus seja perfeitamente glorificado e que os homens se santifiquem, Cristo associa sempre a si a Igreja, sua esposa muito amada, a qual invoca o seu Senhor e por meio dele rende culto ao Eterno Pai. Com razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo - cabeça e membros - presta a Deus o culto público integral. Portanto, qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação sagrada par excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja[5]”.
É nos indivíduos, ou nos "atores" da liturgia que hoje somos capazes de perceber uma lacuna nesta descrição. Os protagonistas aqui realçados são dois: Cristo e a Igreja. Falta qualquer alusão ao lugar do Espírito Santo. Também no resto da Constituição, o Espírito Santo nunca é sujeito de um discurso direto, só nomeado aqui e ali, e sempre “oblíquo”.
O Apocalipse nos diz a ordem e o número completo dos atores litúrgicos quando resume o culto cristão na frase: "O Espírito e a Esposa dizem (a Cristo, o Senhor), Vem!" (Ap 22, 17). Mas Jesus já havia manifestado perfeitamente a natureza e a novidade do culto da Nova Aliança no diálogo com a Samaritana: "Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja". (Jo 4, 23).
A expressão "Espírito e Verdade", à luz do vocabulário joanino, só pode significar duas coisas: ou "o Espírito de verdade", ou seja, o Espírito Santo (Jo 14, 17; 16,13) ou o Espírito de Cristo, que é a verdade (Jo 14, 6). Uma coisa é certa: não tem nada a ver com a explicação subjetiva, cara a idealistas e românticos, de que "espírito e verdade", indicariam a interioridade escondida do homem, em oposição a qualquer culto externo e visível. Não se trata só apenas da passagem do exterior para o interior, mas da passagem do humano para o divino.
Se a liturgia cristã é "o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo", a melhor maneira de descobrir a sua natureza, é ver como Jesus exerceu a sua função sacerdotal em sua vida e em sua morte. A tarefa do sacerdote é oferecer "orações e sacrifícios" a Deus (cf. Hb 5,1; 8,3). Agora sabemos que era o Espírito Santo que colocava no coração do Verbo feito carne o grito “Abba”! que encerra toda a sua oração. Lucas observa explicitamente quando escreve: "Naquela mesma hora Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra..." (cf. Lc 10, 21). A própria oferta do seu corpo em sacrifício na cruz aconteceu, segundo a Carta aos Hebreus, “em um Espírito eterno” (Hb 9, 14), isto é, por um impulso do Espírito Santo.
São Basilio tem um texto esclarecedor.
" O caminho do conhecimento de Deus procede do único Espírito, através do único Filho, até o único Pai; inversamente, a bondade natural, a santificação segundo a natureza, a dignidade real, se difundem do Pai, por meio do Unigênito, até o Espírito[6]”.

Em outras palavras, a ordem da criação, ou da saída das criaturas de Deus, parte do Pai, passa através do Filho e chega a nós no Espírito Santo. A ordem do conhecimento ou do nosso retorno a Deus, do qual a liturgia é a expressão mais alta, segue o caminho oposto: parte do Espírito, passa através do Filho e termina no Pai. Essa visão descendente e ascendente da missão do Espírito Santo está presente também no mundo latino. O beato Isaac de Stella (sec. XII), expressa em termos muito próximos aos de Basílio:
"Como as coisas divinas desceram a nós pelo Pai, pelo Filho e o Espírito Santo, ou no Espírito Santo, então, as coisas humanas sobem ao Pai por meio do Filho, e [no] Espírito Santo[7]".
Não se trata, como podemos ver, de ser, por assim dizer, o torcedor de uma ou de outra das três pessoas da Trindade, mas de salvaguardar o dinamismo trinitário da liturgia. O silêncio sobre o Espírito Santo, inevitavelmente, atenua o caráter trinitário da liturgia. Por isso parece-me particularmente oportuno a chamada que São João Paulo II fazia na Novo Millennio Ineunte:
"Obra do Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do rosto do Pai. Aprender esta lógica trinitária da oração cristã, vivendo-a plenamente sobretudo na liturgia, meta e fonte da vida eclesial, mas também na experiência pessoal, é o segredo dum cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro porque volta continuamente às fontes e aí se regenera[8]".

3. A adoração "no espírito"
Vamos tentar tirar, a partir dessas premissas, algumas orientações práticas para o nosso modo de viver a liturgia e fazer que ela execute uma das suas principais tarefas, que é a santificação das almas. O Espírito Santo não autoriza inventar novas e arbitrárias formas de liturgia ou modificar de própria iniciativa aquelas existentes (tarefa que cabe a hierarquia). Ele é o único, no entanto, que renova e dá vida a todas as expressões da liturgia. Em outras palavras, o Espírito Santo não faz coisas novas, mas faz novas as coisas! A palavra de Jesus repetida por Paulo: "É o Espírito que dá vida" (Jo 6, 63; 2 Cor 3, 6) aplica-se principalmente à liturgia.
O apóstolo exortava os fiéis a orar "no Espírito" (Ef 6:18; cf. também Judas 20). O que significa orar no Espírito? Significa permitir que Jesus continue a exercer o próprio ofício sacerdotal no seu corpo que é a Igreja. A oração cristã se torna uma extensão no corpo da oração do chefe. É conhecida a afirmação de Santo Agostinho:
"Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é aquele que reza por nós, reza em nós e que é rezado por nós. Reza por nós como nosso sacerdote, reza em nós como nosso chefe, é rezado por nós como nosso Deus. Reconheçamos, portanto, nele, a nossa voz, e em nós a sua voz[9]”.
A esta luz, a liturgia nos aparece como o "Opus Dei", a “obra de Deus”, não só porque tem Deus por objeto, mas também porque tem Deus como sujeito; Deus não é só rezado por nós, mas reza em nós. O mesmo grito, Abbá! que o Espírito, vindo a nós, dirige ao Pai (Gl 4, 6; Rm 8, 15) mostra que quem reza em nós, pelo Espírito, é Jesus, o Filho único de Deus. Por si mesmo, de fato, o Espírito Santo não poderia dirigir-se a Deus, chamando-o Abbá, Pai, porque ele não é “gerado”, mas somente “procede” do Pai. Se pode fazê-lo é porque é o Espírito de Cristo que continua em nós a sua oração filial.
E, especialmente, quando a oração torna-se cansaço e luta é que se descobre toda a importância do Espírito Santo para a nossa vida de oração. O Espírito se torna, então, a força da nossa oração “fraca”, a luz da nossa oração apagada; em uma palavra, a alma da nossa oração. Verdadeiramente, ele “irriga o que é árido”, como dizemos na sequência em sua honra.
Tudo isso acontece por fé. Basta eu dizer ou pensar: “Pai, tu me deste o Espírito de Jesus; formando, portanto, "um só Espírito" com Jesus, eu recito este Salmo, celebro esta santa missa, ou estou simplesmente em silêncio, aqui em sua presença. Quero dar-te aquela glória e aquela alegria que te daria Jesus, se fosse ele a orar ainda da terra”.
O Espírito Santo vivifica especialmente a oração de adoração que é o coração de toda oração litúrgica. A sua peculiaridade deriva do fato de que é o único sentimento que podemos alimentar única e exclusivamente para com as pessoas divinas. É o que distingue o culto de latria do culto de dulia reservado aos santos e de hiperdulia reservado à Santa Virgem. Nós veneramos Nossa Senhora, não a adoramos, ao contrário do que algumas pessoas pensam dos católicos.
A adoração cristã é também trinitária. É trinitária no seu desenvolvimento, porque é adoração feita “ao Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo”, e é trinitária no seu fim, porque é adoração feita junto “ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo”.
Na espiritualidade Ocidental, quem desenvolveu mais a fundo o tema da adoração foi o cardeal Pierre de Bérulle (1575-1629). Para ele, Cristo é o perfeito adorador do Pai, que precisa unir-se para adorar a Deus com uma adoração de valor infinito[10]. Escreve:
"Desde toda a eternidade, havia um Deus infinitamente adorável, mas não havia ainda um adorador infinito; [...] Tu es agora, oh Jesus, este adorador, este homem, este servidor infinito por potência, qualidade e dignidade, para satisfazer plenamente este dever e fazer esta homenagem divina[11]”.
Se existe uma lacuna nesta visão, que também deu à Igreja belos frutos e moldou a espiritualidade francesa por séculos, essa é a mesma que temos colocado em destaque na constituição do Vaticano II: a pouca atenção dada ao papel do Espírito Santo. Do Verbo encarnado, o discurso de Bérulle muda para a "corte real" que o segue e o acompanha: a Santa Virgem, João Batista, os apóstolos, os santos; falta o reconhecimento do papel essencial do Espírito Santo.
Em qualquer movimento de retorno a Deus, lembrou-nos São Basílio, tudo parte do Espírito, passa através do Filho e termina no Pai. Não basta, portanto, recordar de vez em quando que existe também o Espírito Santo; é necessário reconhecer-lhe o papel de elo essencial, tanto no caminho de saída das criaturas de Deus quanto no de retorno das criaturas a Deus. O abismo existente entre nós e o Jesus da história está cheio do Espírito Santo. Sem ele, tudo na liturgia é somente memória; com ele, tudo é também presença.
No livro do Êxodo, lemos que, no Sinai, Deus indicou para Moisés uma cavidade na rocha, e escondido no interior dela ele poderia contemplar a sua glória sem morrer (cf. Ex 33, 21). Comentando este passo, o próprio São Basílio escreve:
"Qual é hoje, para nós cristãos, aquela cavidade, aquele lugar, onde podemos refugiar-nos para contemplar e adorar a Deus? É o Espírito Santo! De quem aprendemos? Do próprio Jesus que disse: Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em Espírito e verdade![12]”
Que perspectivas, que beleza, que poder, que atração tudo isso dá ao ideal da adoração cristã! Quem não sente a necessidade de esconder-se de vez em quando, no vórtice rodopiante do mundo, naquela cavidade espiritual para contemplar a Deus e adorá-lo como Moisés?

4. Oração de intercessão
Junto com a adoração, um componente essencial da oração litúrgica é a intercessão. Em toda a sua oração, a Igreja não faz mais do que interceder: por si mesma e pelo mundo, pelos justos e pelos pecadores, pelos vivos e pelos mortos. Também esta é uma oração que o Espírito Santo quer animar e confirmar. Dele São Paulo escreve:
"Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus. "(Rm 8, 26-27).
O Espírito Santo intercede por nós e nos ensina a interceder, por sua vez, pelos outros. Fazer oração de intercessão significa unir-se, na fé, a Cristo ressuscitado que vive em um estado constante de intercessão pelo mundo (cf. Rm 8, 34; Heb 7, 25; 1 João 2, 1). Na grande oração com a qual concluiu a sua vida terrena, Jesus nos oferece o exemplo mais sublime de intercessão.
"Rogo por eles, por aqueles que me deste. [...] Guarde-os no teu nome. Não peço que os tires do mundo, mas que os pretejas do mal. Consagra-os na verdade. [...] Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim... "(Jo 17, 9ss).
Do Servo Sofredor se diz, em Isaías, que Deus lhe dá em prêmio as multidões “porque carregava os pecados de muitos e intercedia pelos pecadores” (Is 53, 12): Essa profecia encontrou o seu perfeito cumprimento em Jesus que, na cruz, intercede pelos seus executores (cf. Lc 23, 34).
A eficácia da oração de intercessão não depende de “muitas palavras” (cf. Mt 6, 7), mas do grau de união que se consegue ter com as disposições filiais de Cristo. Mais do que as palavras de intercessão, deve-se, pelo contrário, multiplicar os intercessores, ou seja, invocar a proteção de Maria e dos Santos. Na festa de Todos os Santos, a Igreja pede a Deus para ser ouvida “pela abundância dos intercessores” (“multiplicatis intercessoribus”).
Multiplicam-se os intercessores até quando se rezam uns pelos outros. Diz Santo Ambrósio:
"Se você orar por você, só você vai orar por você, e se cada um só reza por si, a graça que alcança será menor com relação àquele que intercede pelos outros. Ora, dado que os indivíduos rezam por todos, acontece também que todos rezam pelos indivíduos. Portanto, para concluir, se você reza somente por você, você é o único que reza por você. Mas se, pelo contrário, você reza por todos, todos rezarão por você, estando você no meio daqueles todos[13]”.
A oração de intercessão é, portanto, agradável a Deus, porque é mais livre de egoísmo, reflete mais de perto a gratuidade divina e está de acordo com a vontade de Deus, que quer “que todos os homens sejam salvos” (cf. 1 Tm 2, 4). Deus é como um pai compassivo que tem o dever de punir, mas que tenta todas as desculpas possíveis para não ter que fazê-lo e é feliz, em seu coração, quando os irmãos do culpado conseguem detê-lo dessa punição.
Se faltam esses braços fraternos estendidos a Deus, Ele próprio reclama disso na Escritura: “Ele viu que não havia ninguém, maravilhou-se porque ninguém intercedia” (Is 59, 16). Ezequiel transmite-nos esta lamentação de Deus: "Busquei entre eles um homem que levantasse um muro e se colocasse na brecha perante mim, para defender o país, para que eu não o devastasse, porém não o encontrei” (Ez 22, 30).
A palavra de Deus enfatiza o extraordinário poder que tem junto a Deus, pela sua própria disposição, a oração daqueles que Ele colocou no comando do seu povo. Diz-se em um salmo que Deus havia decidido exterminar o seu povo por causa do bezerro de ouro, “se Moisés não tivesse se interposto diante dele para evitar a sua ira” (cf. Sl 106, 23).
Aos pastores e guias espirituais ouso dizer: quando, na oração, vocês sentirem que Deus está zangado com o povo que vos foi confiado, não tomem rapidamente o partido de Deus, mas do povo! Assim fez Moisés, até o ponto de protestar e de querer ser riscado, ele próprio, com eles, do livro da vida (cf. Ex 32, 32), e a Bíblia deixa claro que isto era justamente o que Deus queria, porque ele "abandonou a intenção de prejudicar o seu povo". Quando se está diante do povo, então, devemos dar razão, com toda a força, a Deus. Quando Moisés, pouco depois, encontrou-se na frente do povo, então se acendeu a sua ira: esmagou o bezerro de ouro, dispersou o pó na água e fez as pessoas engolirem a água (cf. Ex 32: 19ss). Somente aquele que defendeu o povo diante de Deus e carregou o peso do seu pecado, tem o direito – e terá a coragem –, depois, de brigar com o próprio povo, em defesa de Deus, como fez Moisés.
Terminemos proclamando juntos o texto que melhor reflete o lugar do Espírito Santo e a orientação trinitária da liturgia, que é a doxologia final do cânon romano: "Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e glória, agora e para sempre. Amém".


[Tradução Thácio Siqueira, ZENIT]
[1] Cf. I. Ker, Newman, the Councils, and Vatican II, in “Communio”. International Catholic Review, 2001, pp. 708-728.
[2] João Paulo II, Carta apostólica A Concilio Constantinopolitano I, 25 marzo 1981, in AAS 73 (1981) 515-527.
[3] R.Guardini, Vom Geist del Liturgie,  23 ed., Grünewald 2013; J. Ratzinger, Der Geist del Liturgie, Herder, Freiburg, i.b., 2000.
[4]  Storia del concilio Vaticano II, organizado por G. Alberigo, vol. III, Bologna 1999, p 245 s.
[5] SC, 7.
[6] S. Basílio de Cesareia, De  Spiritu Sancto XVIII, 47 (PG 32 , 153).
[7] B. Isacc de Stella, De anima (PL 194,  1888).
[8] NMI, 32.
[9]  S. Agostinho, Enarrationes in Psalmos 85, 1: CCL 39, p. 1176.
[10] M. Dupuy, Bérulle, une spiritualité de l’adoration, Paris 1964. .
[11] P. de Bérulle,  Discours de l'Etat et des grandeurs de Jésus (1623), ed. Paris 1986, Discours II, 12.
[12] S. Basílio, De Spiritu Sancto, XXVI,62 (PG 32, 181 s.).
[13] S. Ambrósio, De Cain et Abel, I, 39 (CSEL 32, p. 372).

Fonte RV

Patriarca Kirill em visita ao Brasil

Kirill chega ao Brasil após visitar a Antártida


Patriarca Kirill visitou o continente gelado, onde rezou pelo planeta - AP

19/02/2016 14:18

Santiago (RV)

- O Patriarca Kirill visitou pela primeira vez a Antártida e a Igreja da Santíssima Trindade, única igreja ortodoxa russa permanente do continente, onde rezou pelo planeta e visitou uma colônia de pinguins, informou na quinta-feira,18, a Agência russa Ria Novosti. O Secretário de Imprensa do Patriarca, Alexander Volkov, disse que a celebração constitui um acontecimento histórico para a ortodoxia da Rússia. Na tarde desta sexta-feira, o Patriarca chega à Brasília.
Partindo do Paraguai – onde realizou uma visita de dois dias -  Kirill visitou o continente gelado à convite dos pesquisadores russos. "Aqui estamos, no fim do mundo", disse ele. “Quando abençoei a água no dia de hoje, pensei em todo o planeta (...) e rezei por esta criação de Deus", declarou.
O Patriarca também visitou uma colônia de pinguins, à qual chegou de barco, antes de passear, usando colete salva-vidas, em meio a estes animais, segundo um vídeo divulgado pela Igreja Ortodoxa.
Kirill visitou a Estação de Bellingshausen, na Ilha de Waterloo, onde conversou por longo tempo com os membros da expedição russa. O Patriarca presidiu uma celebração onde rezou pelos “mortos nestas terras longínquas e por aqueles que trabalham em condições difíceis”.
Sem dúvida – observou o Patriarca -  o lugar é muito importante por tudo o que se faz de grande significado para a humanidade, depois de afirmar que “é o único continente onde não existem armas, nem atividade militar  e não são realizadas pesquisas científicas para criar novos meios de destruição das pessoas”.
Estabelecida no extremo norte da península, em 22 de fevereiro de 1968 pela então União Soviética , a Estação de Bellingshausen leva o nome de um dos descobridores da Antártida, junto ao navegante russo Mijail Lazarev, em 1820.
Kirill realiza uma visita pela América Latina. Após Cuba, onde encontrou o Papa Francisco na sexta-feira, o Patriarca foi ao Paraguai, onde pediu que os países desenvolvidos busquem a paz na Síria e no Iraque e evitem que se gere uma nova guerra mundial.
Na tarde desta sexta-feira, 19, o Patriarca da Igreja Ortodoxa de Moscou e de todas as Rússias chega em Brasília, onde visitará a Igreja Ortodoxa russa do ícone de Nossa Senhora de Odiguitria e terá encontros oficiais. À noite, embarca para o Rio de Janeiro, onde na manhã do sábado, visita o Cristo Redentor e a Igreja ortodoxa russa da Santa Mártir Zenaide. Às 16h30min, encontra o Cardeal Orani João Tempesta. À noite, viaja para São Paulo.
No domingo, 21 de fevereiro, às 10 horas, o Patriarca Kirill celebra a Divina Liturgia na Catedral de São Paulo (Patriarcado de Antioquia).
Às 13 horas visita a Igreja ortodoxa russa da Anunciação.
Ás 17 horas encontra os sacerdotes que exercem seu ministério no exterior.
Na segunda-feira, 22 de fevereiro, às 12 horas, parte para Moscou, com escala na Ilha do Sal, em Cabo Verde. (JE/Agências)

Fonte RV