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NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Esteja ao lado de Nossa Senhora de Fátima como nunca pode imaginar.

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CAPELA DE NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA

Uma Capela cheia de segredos !Você quer descobri-la conosco? Saiba, antes de tudo, que a Casa Mãe da Companhia das Filhas da Caridade era o antigo "Hotel de Châtillon". Este, foi concedido à Companhia, em 1813, por Napoleão Bonaparte, depois da tormenta da Revolução Francesa. Imediatamente, começa a construção da Capela.A 8 de agosto de 1813, realizou-se a bênção solene da Capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Em 1830, aconteceram então as aparições. Aumentou o numero de vocações.Foi necessário transformar a Capela, que passa então por várias modificações. Em 1930, por ocasião do centenário das apariçes, uma nova reforma nos mostra a Capela tal como a vemos hoje.Agora, a você a oportunidade de visitá-la!
http://www.chapellenotredamedelamedaillemiraculeuse.com

Visita a Capela da Medalha Milagrosa, localizada na Rue du Bac, 140 - Paris

Visita a Capela da Medalha Milagrosa, localizada na Rue du Bac, 140 - Paris
Clique sobre a foto para a visita guiada em 15 etapas

sábado, 31 de janeiro de 2009

PRIMEIRO A NIVERSÁRIO DO BLOG A FAMÍLIA CATÓLICA - HOJE SÃO JOÃO BOSCO


Aniversário de um ano do blog A Família Católica


No dia 31 de janeiro de 2008, iniciávamos, com muita modéstia, mas também com muita esperança e fé no coração, este nosso blog. Não tínhamos muita pretensão a não ser contribuir, ainda que de forma ínfima, para espalhar pela Internet, este poderoso meio de comunicação dos dias de hoje, um pouco dos ensinamentos de Nosso Divino Mestre, além de notícias e fatos de nossa Santa Igreja Católica Apostólica Romana, ou assuntos de interesse para famílias católicas e não católicas que pudessem acessar o nosso site. Como dissemos, não tínhamos muitas pretensões quanto à nossa capacidade, mas confiávamos no poder de Deus.
Para nossa surpresa e alegria, as visitas ao site foram se sucedendo dia a dia, como pudemos acompanhar pelo mapa de visitantes, renovado mensalmente, instalado no final da página da Home Page.

Mapa de visitas e locais no dia 10 de novenbro de 2008

Pedidos de orações, mensagens, constantes pedidos de informação de cunho religioso, até mesmo indicação de uma igreja católica na China, grande número de e-mails de apoio foram se sucedendo, dando-nos uma idéia do alcance e profundidade do nosso humilde trabalho.
Hoje, um ano depois, vemos que são, praticamente, 44.500 mil visitas. Isso nos dá um senso ainda maior de responsabilidade perante todos vocês, queridos leitores e amigos, e ainda mais perante Nosso Pai que, com Sua graça, proporcionou esse resultado, utilizando-se destes modestos instrumentos que somos.
De todo o coração, agradecemos a Deus pelo resultado deste ano e a todos vocês, queridos amigos do mundo, pelas visitas de cada dia e pelo apoio.
Que Deus abençoe a todos e Nossa Mãe Santíssima interceda por suas famílias e por todas as suas necessidades espirituais e materiais.
Contem conosco, hoje e sempre, pela graça de Deus.
A Família Católica

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Hoje: São João Bosco


Veja nossa primeira postagem : Clique São João Bosdco

Fonte: A FAMÍLIA CATÓLICA

ATENÇÃO AO AUMENTO DE SENTENÇAS DE NULIDADE MATRIMONIAL

PAPA PEDE À ROTA ROMANA ATENÇÃO AO AUMENTO DE SENTENÇAS DE NULIDADE MATRIMONIAL


Cidade do Vaticano,

- Bento XVI recebeu em audiência, na Sala Clementina, no Vaticano, o Colégio dos prelados auditores do Tribunal da Rota Romana, por ocasião da inauguração do ano judiciário do referido tribunal. No discurso dirigido aos presentes, o Santo Padre disse que é necessário prestar atenção ao "multiplicar-se exagerado" das declarações de nulidade matrimonial "sob o pretexto de uma certa imaturidade ou fraqueza psíquica do contraente". "O que está em jogo é a própria verdade sobre o matrimônio" – afirmou Bento XVI.O papa serviu-se das alocuções pronunciadas há mais de 20 anos por João Paulo II, sobre a incapacidade psíquica nas causas de nulidade matrimonial (5 de fevereiro de 1987 e 25 de janeiro de 1988), para perguntar-se "em que medida esses pronunciamentos tiveram um acolhimento adequado nos tribunais eclesiásticos"."Salta aos olhos o dado de fato de um problema que continua sendo de grande atualidade" – afirmou o pontífice:"Em alguns casos se pode, infelizmente, perceber ainda a grande exigência da qual falava o meu venerado Predecessor: a de preservar a comunidade eclesial 'do escândalo de ver na prática destruído, o valor do matrimônio cristão, com o multiplicar-se exagerado e quase autônomo das declarações de nulidade, em caso de falimento do matrimônio, sob o pretexto de uma certa imaturidade ou fraqueza psíquica do contraente' (Alocução à Rota Romana, 5.2.1987)."O Santo Padre chamou "a atenção dos agentes do Direito sobre a exigência de tratar as causas com a imperiosa profundidade exigida pelo ministério de verdade e de caridade que é próprio da Rota Romana". E recordou alguns princípios para discernir a validade do matrimônio sem confundir incapacidade e dificuldade.Citando João Paulo II, Bento XVI afirmou que se pode contemplar a hipótese de "uma verdadeira incapacidade 'somente na presença de uma séria forma de anomalia' que – presente já no tempo do matrimônio – 'deve atingir substancialmente a capacidade de entender e ou de querer'" e, portanto, a faculdade de escolher livremente o estado de vida. Anomalia que deve provocar "não somente uma grave dificuldade, mas também a impossibilidade de assumir as tarefas inerentes às obrigações essenciais do matrimônio".Para o papa, "é necessário... redescobrir positivamente a capacidade que em princípio toda pessoa humana tem de casar-se em virtude de sua própria natureza de homem ou de mulher":"De fato, corremos o risco de cair num pessimismo antropológico que, à luz da situação cultural de hoje, considera quase impossível casar-se. À parte o fato que tal situação não é uniforme nas várias regiões do mundo, as reais dificuldades nas quais muitos se encontram, especialmente os jovens – chegando a considerar que a união matrimonial é normalmente impensável e impraticável – não podem ser confundidas com a verdadeira incapacidade consensual. Aliás, a reafirmação da inata capacidade humana ao matrimônio é justamente o ponto de partida para ajudar os casais a descobrirem a realidade natural do matrimônio e o relevo que tem no plano da salvação.""O que definitivamente está em jogo é a própria verdade sobre o matrimônio" – reiterou o papa – cuja validade "não depende do sucessivo comportamento dos cônjuges", mas da capacidade de contrair o vínculo matrimonial:"Essa capacidade não é medida em relação a um determinado grau de realização existencial ou efetiva da união conjugal mediante o cumprimento das obrigações essenciais, mas em relação ao valor eficaz de cada um dos contraentes, que torna possível e operante tal realização já no momento do pacto nupcial.""Diversamente – acrescentou o papa – na ótica reducionista que desconhece a verdade sobre o matrimônio, a realização efetiva de uma verdadeira comunhão de vida e de amor, idealizada num plano de bem-estar puramente humano, se torna essencialmente dependente somente de fatores acidentais, e não, ao invés, do exercício da liberdade humana sustentada pela graça.""Obviamente, algumas correntes antropológicas 'humanísticas' voltadas para a auto-realização egocêntrica, idealizam de tal modo a pessoa humana e o matrimônio, que acabam negando a capacidade psíquica de muitas pessoas, fundamentando-a em elementos que não correspondem às exigências essenciais do vínculo conjugal."Por fim, o papa concluiu afirmando que "as causas de nulidade por incapacidade psíquica exigem, em linha de princípio, que o juiz se sirva da ajuda de peritos para certificar a existência de uma verdadeira incapacidade, que é sempre uma exceção ao princípio natural da capacidade necessária para compreender, decidir e realizar a doação de si mesmos, da qual nasce o vínculo conjugal."

Fonte: RV

É URGENTE TRABALHAR PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

BENTO XVI ÀS IGREJAS ORTODOXAS: É URGENTE TRABALHAR PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS
Cidade do Vaticano,

- Bento XVI recebeu em audiência esta manhã, na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes da reunião da Comissão mista internacional para o Diálogo teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas.Trata-se de um grupo de sete Igrejas locais que se separaram da Igreja no ano 451, não aceitando algumas formulações do Concílio de Calcedônia. Em seu discurso, o Santo Padre disse que a unidade dos cristãos é hoje, ainda mais urgente num mundo marcado por divisões e conflitos.O papa reiterou também a necessidade de que sejam lançadas sementes de esperança no Oriente Médio."O mundo precisa de um sinal visível do mistério de unidade": foi o que ressaltou o pontífice, que louvou o compromisso das Igrejas Ortodoxas em favor do diálogo com a Igreja Católica. Um diálogo necessário para superar as divisões do passado e reforçar "a unidade testemunhada pelos cristãos diante dos enormes desafios que os fiéis devem hoje afrontar" – ressaltou.Bento XVI reiterou que é um dever dos fiéis trabalhar pela manifestação da dimensão da comunhão da Igreja:"Basta pensar no Oriente Médio, do qual muitos de vocês são provenientes, para ver que temos urgente necessidade de sementes autênticas de esperança, num mundo ferido pela tragédia das divisões, dos conflitos e do imenso sofrimento humano" – constatou.Em seguida, o pontífice definiu como um "sinal de esperança e encorajamento" o fato de o diálogo entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas ter prosseguido ao longo dos anos, dando passos importantes."A Semana de oração pela unidade dos cristãos concluiu-se no último domingo com uma cerimônia na basílica dedicada ao grande Apóstolo Paulo", disse o papa, acrescentando que justamente Paulo "foi o primeiro defensor e teólogo da unidade da Igreja". Os seus esforços, o seu compromisso, concluiu, "eram inspirados por uma duradoura inspiração a manter uma visível" e "real comunhão entre os discípulos do Senhor".

Fonte: RV

CANAL DO VATICANO FAZ SUCESSO NO YOUTUBE

CANAL VATICANO NO YOUTUBE JÁ RECEBEU 750 MIL ACESSOS

Cidade do Vaticano,

- O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, divulgou os dados sobre o "Canal Vaticano" no YouTube, depois da primeira semana. Nos primeiros seis dias, o novo canal recebeu mais de 750 mil acessos, com 15 mil inscrições. Segundo o Pe. Lombardi, os analistas do Google afirmam que um confronto com os principais canais institucionais demonstra que o canal vaticano está absolutamente alinhado com os níveis de acessos mundiais. As notícias publicadas foram em média duas por dia. Mas por ocasião do Dia da Memória, também foram publicados três vídeos dedicados às principais intervenções de Bento XVI sobre o tema do Holocausto, extraídas dos arquivos do Centro Televisivo Vaticano. Para o Pe. Lombardi, isso permitiu experimentar um novo uso do canal do YouTube, além daquele primário, que é a publicação de notícias atuais."O caminho, portanto, iniciou bem e confiamos que esta nova forma de empenho será frutuosa", conclui o comunicado divulgado por Pe. Lombardi.

Fonte: RV

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

NOVOS BISPOS PARA O BRASIL

NOMEAÇÕES DE BISPOS PARA O BRASIL

Cidade do Vaticano,
- Bento XVI nomeou três bispos para o Brasil:
O papa aceitou a renúncia ao governo pastoral da Prelazia de Óbidos (PA), apresentada por Dom Martinho Lammers, por motivos de idade. Bento XVI nomeou bispo da Prelazia o Frei Bernardo Johannes Bahlmann, O.F.M., responsável pelos Projetos Albergue São Francisco e pelo Centro Franciscano de Re-inserção Social, na arquidiocese de São Paulo.
O Santo Padre aceitou a renúncia ao governo pastoral da diocese de Bom Jesus da Lapa (BA), apresentada por Dom Francisco Batistela, C.SS.R., também por motivos de idade. Bento XVI nomeou bispo da diocese o Padre José Valmor César Teixeira, S.D.B., Inspetor da Inspetoria Salesiana São Pio X, na arquidiocese de Porto Alegre.
O papa aceitou a renúncia ao governo pastoral da arquidiocese de Juiz de Fora (MG), apresentada por Dom Eurico dos Santos Veloso, sempre por motivo de idade. O Santo Padre nomeou arcebispo metropolitano de Juiz de Fora Dom Gil Antônio Moreira, até então bispo de Jundiaí.

Fonte: RV

REFLEXÃO : A HUMANIDADE ESTÁ ENLOUQUECENDO

A humanidade está enlouquecendo

O sonho de tornar uma grande empresária a fez tirar a vida do próprio filho.
Comove a opinião pública a morte de Isabella. A concentração dos noticiários televisivos na apuração dos fatos estimula e alimenta a indignação das pessoas. Faço duas observações sobre o que está acontecendo. A primeira se refere à brutalidade do assassinato de Isabella. É muito difícil crer que os próprios pais sejam os autores de tal crime. A segunda se refere ao poder da mídia de mobilizar emoções ao dar cobertura minuciosa ao acontecido. Mas passo agora a narrar o que ouvi de um médico ginecologista. Procurado por uma jovem senhora decidida a abortar, ele fez ver a ela a gravidade da decisão que ela estava a tomar. Mas ela tinha uma razão definitiva: com seu esposo acabara de criar uma empresa e precisava dedicar-se à consolidação desse projeto. Não estava, pois, em condições de levar a gravidez até o final e a arcar com os cuidados que um bebê exige. Diante da negativa do médico de atender sua solicitação, ela lhe pediu indicar outro que aceitasse fazer o aborto. Ao que recebeu a resposta: “não conheço e não tenho relações com pessoas envolvidas nessa tarefa”. Com muito custo foi convencida a fazer o ultra-som para verificar as condições do bebê. A esperança do médico é de que, vendo a imagem do bebê durante a realização do ultra-som e ouvindo as batidas de seu coração, lhe fosse mobilizado o instinto materno, tão forte na espécie animal, e, assim, ela viesse a assumir o ser humano que crescia em seu ventre.A jovem senhora, entretanto, recusou-se terminantemente a olhar para o vídeo onde as imagens da vida em desenvolvimento mostravam sua força bem como recusou-se a ouvir as batidas do pequeno coração do bebê que respondia, com suas batidas apressadas, às batidas do próprio coração da mãe. A mãe não voltou mais ao médico a quem havia procurado. Deve ter encontrado um outro qualquer que lhe atendeu o desejo. Lembro-me que o primeiro lhe havia dito que o projeto de ter e criar um filho é muito mais importante do que consolidar uma empresa. Ela, entretanto, estava inebriada pelo sonho de se tornar uma grande empresária e, firmada no direito de decidir sobre a vida do filho em gestação, permitiu sua execução. O bebê foi morto por esquartejamento, sugado aos pedaços do seio de sua própria mãe. Pergunto ao leitor: é possível falar em direito ao aborto? Faz poucos dias vi em projeção de data-show a imagem de um bebê recém-nascido a mamar. Estava como que pregado pelos lábios no peito da mãe. Pensei: seria um crime arrancá-lo da fonte que o alimenta. Só muito lentamente ele vai dispensar aquela fonte. Na mesma projeção, ao lado, aparecia um embrião nidado, agarrado à parede do útero da gestante. Há quem julgue ser lícito arrancá-lo de sua fonte, como se um carrapato fosse. Curiosa e escandalosamente a lei do aborto interrompe uma lógica divina que estabelece ser tanto mais necessário proteger a vida humana quanto mais frágil ela se apresente. Matar uma criança ou dela não cuidar é crime, tanto mais grave quanto mais a criança necessita de proteção. Quanto mais no início tanto mais a sociedade deve cuidar da vida do ser humano. A lógica é interrompida assim: não se pode destruir a vida começada há 12 (11, 10, 9) meses, mas, recuando mais dois, seis, ou 08 meses, quando a vida mais necessita de proteção, aí a lógica é a do egoísmo, prevalece o pretenso “direito” da gestante sobre o real direito do feto ou do embrião. Se todos os canais de TV colocassem no ar, de vez em quando, o DVD “o grito silencioso”, onde está filmada a cena de um abortamento, com certeza haveria de se verificar a mesma comoção produzida pelo assassinato de Isabella. Em outro artigo assim descrevi a cena que vi: “A mulher se colocara na posição de dar à luz. Depois era necessário perfurar a bolsa amniótica. Quando o instrumento - amniótomo - tocava a bolsa, a criança se movia, em manifestações de aflição. Ela não tinha como expressar seu desespero. Confesso que foi com relutância que continuei a presenciar a cena: uma mulher em posição de dar à luz e, colado a seu corpo, em posição de quem faz um parto, um médico, ou coisa parecida, a agir como quem vai extirpar um tumor maligno. E dentro um bebê sem ter onde se esconder. Ah! se ele pudesse fugir para dentro do coração da própria mãe! Ali com certeza não tocariam nele. Perfurada a bolsa, a presa estava à disposição. Foi então introduzido no útero da mãe o aspirador que ligado a uma pequena bomba pneumática tinha a tarefa de sugar, aos pedaços, o pequeno ser. Ele morreu dando um forte grito. Aqueles que crucificaram Jesus escutaram esse grito quando Jesus morreu (Lc 23,46). Do lado de fora foram caindo os pedaços sugados. Sobrou a cabeça, que logo depois foi arrancada por uma espécie de tenaz. E assim veio para fora a parte mais nobre daquela pobre humanidade. Por fim fez-se a limpeza do abrigo onde cresceu por 12 semanas aquela frágil vida. Que horror!
Dom Eduardo Benes é arcebispo de Sorocaba (SP).

Fonte: Revista Vida e Missão – junho/julho de 2008 – pág. 12 – Diocese de Campo Limpo (SP)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

NINGUÉM NEGUE A TRAGÉDIA DO HOLOCAUSTO

PAPA NA AUDIÊNCIA GERAL: NINGUÉM NEGUE A TRAGÉDIA DO HOLOCAUSTO

Cidade do Vaticano,
- Na audiência geral desta quarta-feira, realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, o Santo Padre pronunciou uma condenação categórica a toda tese que nega o Holocausto.Além de se deter sobre a Shoah (o extermínio dos judeus), cuja recordação foi celebrada ontem no Dia internacional da Memória, Bento XVI explicou o significado da anulação da excomunhão aos 4 bispos da Fraternidade São Pio X, exortando-os a serem fiéis ao Concílio Vaticano II.E mais, o pontífice expressou seus melhores votos ao novo patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kirill. A parte catequética da audiência geral foi dedicada às Cartas paulinas a Tito e Timóteo.Na homilia pronunciada no início do pontificado – recordou Bento XVI – afirmei que é "explícita" tarefa do pastor "o chamado à unidade".Justamente no cumprimento desse serviço à unidade, que qualifica de modo específico o ministério de Sucessor de Pedro – acrescentou – "decidi dias atrás conceder a remissão da excomunhão dos quatro bispos ordenados em 1988 por Dom Lefèbvre sem mandato pontifício":"Fiz esse gesto de paterna misericórdia, porque repetidamente esses prelados me manifestaram o seu grande sofrimento pela situação em que se encontravam. Faço votos de que a esse meu gesto, siga o solícito compromisso por parte deles de dar os ulteriores passos necessários para realizar a plena comunhão com a Igreja, testemunhando assim a verdadeira fidelidade e verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do papa e do Concílio Vaticano II."Nestes dias, nos quais recordamos a Shoah, o pontífice voltou com a memória à sua visita ao campo de extermínio de Auschwitz, um dos campos de concentração "nos quais se consumou o extermínio de milhões de judeus, vítimas inocentes de um cego ódio racial e religioso" – recordou. E o papa fez um premente apelo a fim de que a tragédia do Holocausto jamais seja esquecida:"Ao tempo em que renovo com afeto a expressão de minha plena e indiscutível solidariedade com os nossos irmãos destinatários da Primeira aliança, faço votos de que a memória da Shoah leve a humanidade a refletir sobre a imprevisível potência do mal quando conquista o coração do homem. Que a Shoah seja para todos uma advertência contra o esquecimento, contra a negação ou o reducionismo, porque a violência feita contra um só ser humano é violência contra todos. Nenhum homem é uma ilha, escreveu um conhecido poeta. A Shoah ensina especialmente – tanto às velhas quanto às novas gerações – que somente o árduo caminho da escuta e do diálogo, do amor e do perdão conduz os povos, as culturas e as religiões do mundo à almejada meta da fraternidade e da paz na verdade. Nunca mais a violência humilhe a dignidade do homem!"Em seguida, o Santo Padre quis expressar os seus votos ao novo patriarca ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, um dia após a sua eleição:"Invoco sobre ele a luz do Espírito Santo pelo generoso serviço à Igreja ortodoxa russa, confiando-o à proteção especial da Mãe de Deus."Antes dessas palavras, o pontífice, na catequese, se havia detido sobre as cartas pastorais de São Paulo a Tito e Timóteo. Duas epístolas das quais os cristãos de hoje podem tirar muitos frutuosos ensinamentos – disse o papa. Em particular – constatou – o Apóstolo dos Gentios afronta nestes textos alguns erros que estavam se difundindo nas primeiras comunidades cristãs.Por exemplo, uma leitura errônea da Sagrada Escritura "como curiosidade histórica", vez que ela deve ser sempre lida em diálogo com o Espírito Santo.Pela primeira vez, nestas cartas – acrescentou – encontramos uma aprofundada reflexão sobre a estrutura ministerial da Igreja com a indicação das três ordens: episcopal, presbiteral e diaconal.E a propósito de pastores, citando a Carta a Timóteo, o papa reiterou que o bispo deve ser benévolo, prudente, capaz de ensinar e indulgente.Foram palavras acompanhadas de uma exortação aos pastores e aos fiéis de hoje:"Por fim, peçamos ao Senhor e a São Paulo para que também nós, como cristãos, possamos sempre mais caracterizar-nos em relação à sociedade na qual vivemos como membros da família de Deus. E rezemos também para que os pastores da Igreja adquiram sempre mais sentimentos paternos, ao mesmo tempo, ternos e fortes, da formação da casa de Deus, da comunidade da Igreja."O pontífice explicou ainda que dessas epístolas paulinas emerge que a Igreja, cuja missão é universal, é coluna e sustento da fé e da verdade. E reiterou a centralidade da Escritura e da Tradição na vida do cristão.Concluída a sua catequese, o Santo Padre passou a saudar, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis, peregrinos e turistas presentes, entre os quais os de língua portuguesa. Eis a sua saudação aos lusófonos:"A todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos brasileiros provindos de diversas partes do país, envio uma afetuosa saudação, rogando a Deus que este encontro com o Sucessor de Pedro vos leve a um sempre maior compromisso com a Igreja reunida na caridade e, como 'membros da família de Deus', saibam servi-la com generosidade para a edificação do Reino de Deus neste mundo. Com a minha Bênção Apostólica." Bento XVI concluiu a audiência geral concedendo a todos a sua Bênção apostólica.As palavras do papa relacionadas à Shoah, pronunciadas durante a audiência geral, receberam o apreço do rabinato de Israel: o diretor-geral do Rabinato, Oded Wiener, falando com a agência Ansa, as definiu como "um grande passo avante" e falou de "uma declaração muito importante para nós e para o mundo inteiro" - afirmou.

Fonte: RV

ESCOLHIDO O NOVO PATRIARCA DA IGREJA ORTODOXA RUSSA

KIRILL É O NOVO PATRIARCA DA IGREJA ORTODOXA RUSSA

Moscou,

- O metropolita Kirill, de Smolensk e Kaliningrado, de 62 anos, foi eleito ontem pelo concílio eclesiástico Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, sucedendo Alecsey II, falecido em 5 de dezembro passado.Kirill esteve muito tempo à frente da seção de relações exteriores da Igreja russa, e recebeu 508 votos do concílio, reunido na catedral de Cristo Salvador. O candidato concorrente, metropolita Kliment, de Kaluga e Borovsk, obteve 169 votos. Da eleição, que é secreta e se realiza a portas fechadas, participaram 711 delegados de 64 países.Cada uma das 157 dioceses da Igreja Ortodoxa Russa participou com uma delegação de três membros: um sacerdote, um representante monacal e outro dos fiéis. Pela primeira vez desde a reunificação da Igreja Ortodoxa Russa e da Igreja Ortodoxa no Exterior, em 2007, participaram também delegados das dioceses estrangeiras.Após o anúncio dos resultados, o novo Patriarca declarou solenemente: “Aceito e agradeço o concílio da Igreja por minha eleição como Patriarca de Moscou e de todas as Rússias”. Logo em seguida, celebrou uma missa com a congregação.Cerca de 700 bispos da Rússia e representantes de dioceses de outros países participaram da cerimônia - a primeira eleição de um Patriarca após o fim da União Soviética.Enquanto isso, centenas de fiéis entusiasmados cantavam e rezavam do lado de fora da catedral, resistindo ao frio gélido da capital russa.O novo líder da Igreja Ortodoxa Russa, que será entronizado no próximo domingo como 16º patriarca de Moscou e de todas as Rússias, é um grande comunicador: nos últimos 10 anos, conduziu um programa semanal na televisão intitulado ‘Palavras de um pastor’.

Fonte: RV

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

HOJE: SANTO TOMÁS DE AQUINO

TOMÁS DE AQUINO: UM FILÓSOFO ADMIRÁVEL
Primeiros anos
Tomás de Aquino que foi chamado o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios. Nasceu em março de 1225 no castelo de Roca-Sica, perto da cidade de Aquino, no reino de Nápoles, na Itália. Com apenas cinco anos seu pai, conde de Landulfo d’Aquino, o internou no mosteiro de Monte Cassino. Aí iria ser educado pelos sábios monges beneditinos, ordem religiosa fundada por Bento de Núrsia exatamente naquele local.
Tomás fez com raro brilhantismo os primeiros estudos. Mais tarde freqüentou a Universidade de Nápoles. Conheceu então os frades dominicanos, seguidores de Domingos de Gusmão, fundador da ordem dita dos pregadores. Tinha dezoito anos e resolveu fazer-se dominicano. Seus pais e irmãos ficaram decepcionados, pois Tomás era genial e tinha uma carreira fulgurante pela frente. Não queriam que ele fosse um frade de uma ordem mendicante.
Como a família o importunasse no Convento de Nápoles, Tomás foi transferido para Paris. À força foi de lá retirado e trazido de volta ao castelo paterno. Tudo fizeram para lhe tirar da cabeça a idéia de ser padre. Nada o convencia: nem rogos, nem promessas de uma existência com tudo que uma família rica pode oferecer.

A tentação e a vitória
Seus irmãos imaginaram armar-lhe uma cilada. Foi um plano realmente diabólico. Introduziram no seu quarto uma mulher bonita, charmosa, jovem, mas sem moral.
Pensaram eles que Tomás não resistiria. Entregar-se-ia a ela. Desistiria de sua vocação eclesiástica. A provocação era de baixo nível. Grande a tentação. Ao entrar a moça no quarto, Tomás compreendeu que deveria agir sem demora. O perigo era iminente. Então ele que estava entregue a uma piedosa leitura, imediatamente se levantou. Arrancou um tição da lareira. Com ele na mão, como uma espada de fogo, pôs a mulher em fuga.
A moça gritou e sumiu. Deve ter pensado que estava a lidar com um louco furioso agitando chamas, ameaçando, na aparência, deitar fogo à casa. Tomás, logo que ela saiu foi correndo até à porta, a fechou e a trancou. Num impulso natural esmurrou o tição incandescente na porta e traçou nela com o carvão um grande sinal da cruz. Jogou o que sobrou do carvão no fogo. Sentou-se de novo na sua cadeira e voltou a estudar.
Após dois anos, sua mãe Teodora concordou em libertá-lo. Deixou-se seguir para o convento de Nápoles em 1245. Acompanhado pelo Superior Geral, João o Teotônico, Tomás partiu para Paris. Dali foi para Colônia na Alemanha. Foi discípulo de Santo Alberto Magno com o qual logo se afinou culturalmente. Os estudantes de Colônia eram ávidos de discussões filosóficas. Nelas Tomás tomava parte ativamente.
Grande o proveito que tirou das sábias preleções de filosofia e teologia de Alberto Magno, cujos conhecimentos eram enciclopédicos. Com ele Tomás aprendeu que a verdadeira vida de um ser racional é fazer de sua inteligência uma ascensão contínua até chegar aos mais altos conhecimentos inteligíveis, atingindo a ciência da alma e a ciência de Deus. Ótimo discípulo, Tomás se distinguiu entre os colegas, obtendo fama pelo seu talento indiscutível.
O boi mudo
Tomás fora dos momentos de debates acadêmicos e das conversações atinentes a assuntos sérios, era calado, reservado. Além disto não apreciava perder tempo com conversas inúteis. Por isto um de seus colegas o chamou de “o boi mudo”.
Este companheiro, certo dia, levou a Alberto Magno uns apontamentos de Tomás. Foi nesta ocasião que Alberto proferiu a frase que se tornou célebre, pois era uma profecia que se realizou: “Chamais Tomás de “o boi mudo”, mas vos asseguro que seus mugidos ouvir-se-ão por toda a terra”. De fato, até hoje são inúmeros os seguidores de Tomás de Aquino, chamados tomistas.
Muito provavelmente foi porque deram a ele o apelido de “o boi mudo” que um dia os frades resolveram brincar com Tomás. Este estava, como sempre, andando no claustro, ou seja, no pátio interior do convento, meditando sobre profundos assuntos referentes a Deus.
Alguém o chamou, dizendo: “Vem ver um boi voando”! Tomás, imediatamente, o acompanhou e se pôs a olhar para o alto ao som das gostosas gargalhadas de seus confrades. Estes então lhe perguntaram como, sendo tão inteligente, ele podia pensar que um boi estivesse voando. A resposta de Tomás foi uma lição maravilhosa: “Olhei porque deve ser mais fácil um boi voar do que um frade mentir”. Nunca mais brincaram com ele, respeitando seus instantes de funda reflexão.

Seus famosos escritos
Em 1252 Tomás em Paris ensinava como bacharel. Segundo o método da época, deste modo poderia alcançar o título de mestre e doutor. Escreveu neste período comentários ao livro de Sentenças de Pedro Lombardo, obra composta entre 1150 e 1152. Comentou também o Profeta Isaías e o Evangelho de São Mateus.
Passados quatro anos era doutor e escrevia a Suma contra os Gentios, na qual faz uma exposição da crença cristã para uso dos missionários. São quatro livros dos quais os três primeiros tratam de verdades acessíveis à razão e o quarto livro das verdades de fé propriamente ditas.
Em 1268 iniciou a Suma Teológica, sua principal produção. Consta ela de três partes, subdivididas em questões e artigos. As duas primeiras partes datam dos anos de 1266 a 1272. A terceira, iniciada em 1272, ficou incompleta. Foi complementada pelo companheiro e amigo fiel de Tomás, Reginaldo de Piperno. Esta parte se chama
Suplemento.
Além destes trabalhos citados, Tomás escreveu inúmeras Questões como sobre a Verdade, a Alma, o Mal, a Beatitude e vários Opúsculos Filosóficos sobre assuntos diversos como O Ente a Essência, Sobre as Falácias. Deixou ainda comentários a respeito das obras de Aristóteles e outros escritos filosófico-sociais.

Morte imprevista
Quando Tomás de Aquino tinha cinqüenta e três anos, a 7 de março de 1274, foi surpreendido pela morte no mosteiro cisterciense de Fossanova. Estava a caminho de Lião onde, por ordem do Papa Gregório X, iria participar do Concílio de Lião. Ainda no leito de morte encontrou forças para falar aos monges sobre o livro da Bíblia denominado Cântico dos Cânticos.
Após seu falecimento ele entrou para a História com o título de Doutor Angélico, dada a culminância espiritual que atingiu e a perfeição de sua existência.
Conta-se que certa ocasião, diante de um Crucifixo, Tomás ouviu de Jesus estas palavras: “Bem escrevestes sobre mim, Tomás, que prêmio quereis”? Respondeu ele: “Nada senão a Ti mesmo, Senhor”. Prestes a morrer pronunciou estas palavras, após receber a Eucaristia: “De ti, Senhor, me veio o preço da redenção da minha alma! Todos os meus estudos, vigílias e trabalhos foram por teu amor”.
Conta-se que naquele dia 7 de março de 1274 Alberto Magno que se achava em Colônia, na Alemanha, com lágrimas nos olhos comunicou aos frades: “O irmão Tomás de Aquino, meu filho em Cristo, luz da Igreja, morreu. Deus acaba de me revelar isto”. Teve, portanto, a longa distância a percepção do falecimento de seu discípulo exemplar.
O corpo de Tomás de Aquino repousa na Catedral de Tolosa, na França. Foi declarado Santo pelo Papa João XXII que o canonizou em 1323. Paulo V em 1567 o declarou Doutor da Igreja e Leão XIII o proclamou em 1879 padroeiro de todas as escolas católicas. Venera-se sua memória a 28 de janeiro, dia em que seu corpo foi transladado para Tolosa, em 1369.
Ensinamentos de Tomás de Aquino
Tomás de Aquino acentuou a diferença entre a Filosofia, que estuda todas as coisas pelas últimas causas através da luz da razão, e a Teologia, ciência de Deus à luz da revelação.
Mostrou que o homem é o ponto de convergência de toda a criação e que nele se encerram, de certo modo, todas as coisas.
Ensinou que há uma união substancial entre a alma e o corpo. Isto é o fundamento maior da dignidade da pessoa humana. Esta é um corpo que está enformado por uma alma ou uma alma a enformar um corpo.
Defendeu o livre arbítrio, ou seja, a liberdade da vontade humana para aderir ao bem ou ao mal, donde a responsabilidade moral do homem. Daí a sanção da lei: prêmio para as boas ações e punição para os atos maus.
Para ele a morte determina para sempre a alma humana quer na desordem e na infelicidade, quer na ordem e na felicidade, como está na Bíblia.
O conhecimento, ensinava Tomás, tem a primazia sobre a ação, pois nada pode ser amado se não for conhecido primeiro.

Os cinco caminhos
Por cinco vias Tomás prova magistralmente a existência de Deus.
Com notável clareza expôs ele a prova tirada do movimento, partindo do pressuposto de que “tudo o que se move é movido por outro”.
Raciocina então: “se aquilo pelo qual é movido por sua vez se move, é preciso que também ele seja movido por outra coisa e esta por outra. Mas não é possível continuar ao infinito; do contrário, não haveria primeiro motor e nem mesmo os outros motores moveriam como, por exemplo, o bastão não move se não é movido pela mão.
Portanto, é preciso chegar a um primeiro motor que não seja movido por nenhum outro, e por este todos entendem Deus”1.
A segunda via é a da causa primeira universal. Eis o texto de Tomás de Aquino na Suma Teológica: “Constatamos no mundo sensível a existência de causas eficientes. É, entretanto, impossível que uma coisa seja sua própria causa eficiente, porque, se assim fosse, esta coisa existiria antes de existir, o que não tem nenhum sentido.
Ora, não é possível proceder até o infinito na série de causas eficientes, porque, em qualquer série de causas ordenadas, a primeira é causa intermediária e esta é causa da última, quer haja uma ou várias causas intermediárias.
Com efeito, se suprimirdes a causa, fareis desaparecer o efeito: portanto, se não há causa primeira, não haverá nem última, nem intermediária. Ora, se fosse regredir até o infinito dentro da série de causas eficientes, não haveria causa primeira, e, assim, não haveria também nem efeito, nem causas intermediárias, o que é evidentemente falso. Portanto, é preciso, por necessidade, colocar uma causa primeira que todo o mundo chama Deus”2.
Por este texto se percebe a clareza com que Tomás de Aquino expõe o seu raciocínio. Com rara habilidade intelectual ele procura o motivo da existência da causalidade no mundo. Assim se chega infalivelmente a uma causa que produz e não é produzida, ou seja, a causa eficiente primeira que é Deus.
Em terceiro lugar vem a prova da contingência. Em sentido amplo, contingência significa a possibilidade de um objeto qualquer de não ser, de não existir.
É tudo aquilo que pode ser como não ser. É contingente o fato de cada um de nós existirmos. Poderíamos não ter existido. A contingência metafísica significa que contingente é todo ente ao qual a existência não é essencialmente necessária.
Eis como Josef de Vries resume esta prova da existência de Deus proposta por Tomás de Aquino: “a prova cosmológica, baseando-se no nascimento e desaparecimento das coisas, conclui a contingência das mesmas, e partindo da mutabilidade própria também dos elementos constitutivos fundamentais cuja origem não pode ser mostrada experimentalmente, infere sua natureza também contingente, provando dessa maneira que o mundo todo é causado por um Ser Supramundano”3.
Este é o Ser Necessário que existe por sua própria natureza e não pode nunca deixar de existir. As criaturas nascem, crescem e morrem, são possíveis, não necessárias, ou seja, existem, mas não necessariamente. Se em algum tempo não tivesse havido nada de existente, teria sido impossível para qualquer coisa começar a existir, e, deste modo, também neste caso nada existiria o que seria um absurdo. Existe, portanto, um Ser Necessário que é Deus.
A quarta via para provar a existência do Ser Supremo é tirada dos graus dos seres. Na Suma Teológica assim se expressa Tomás de Aquino:
“Verificamos que alguns seres são mais ou menos verdadeiros, mais ou menos bons, etc. ora, diz-se o mais e o menos de coisas diversas segundo a sua aproximação diferente de um máximo. Existe, pois, alguma coisa que é o mais verdadeiro, o melhor, por conseguinte, o mais ser. Ora, o que é o máximo num gênero é a causa de tudo que pertence a este gênero. Existe, portanto, um ser que é para todos os outros causa de ser, de bondade, de perfeição total, e este ser é Deus:”4.
Deus possui o ser de modo absoluto, ao passo que as criaturas têm um grau diverso de ser. Isso significa que tal fato não lhes deriva em virtude de suas respectivas essências, caso em que seriam sumamente perfeitos e não em determinados graus. Ora, se não deriva de suas respectivas essências, isso, é lógico, significa que o receberam de um ser que concede tudo sem receber, que permite a participação sem ser ao mesmo tempo partícipe.
Este ser é a fonte de tudo aquilo que existe de algum modo. Ele é a perfeição infinita, absoluta. É um ser perfeito sob todos os aspectos que se possam imaginar. Nele se realizam com perfeição suprema todas as possibilidades do ser.
O quinto caminho apontado por Tomás de Aquino como prova da existência de Deus é o do finalismo, ou seja, do governo do mundo.
Jolivet resume esta quinta via deste modo: “No conjunto das coisas naturais verificamos uma ordem regular e estável. Ora, toda ordem exige uma causa inteligente, que adapta os meios aos fins e os elementos ao bem do todo. Portanto, a ordem do mundo é obra de uma Inteligência ordenadora, transcendente a todo o universo”5. Esse Ordenador é Deus.
De fato, quando se analisa o que ocorre no mundo se verifica que tudo age e opera como se tendesse a um fim. Não se trata de uma idéia mecanicista do universo, como se Deus interviesse juntando partes como acontece com o relojoeiro para constituir um relógio. Trata-se de se perceber a finalidade inata em algumas coisas, coisas que mostram em si mesmas um princípio de finalidade e total unidade. As exceções que se podem atribuir ao acaso não invalidam este raciocínio.
O que se busca é a causa da regularidade, da ordem e da finalidade visíveis em alguns seres. Esta causa não pode ser identificada com os próprios seres em si. É preciso, pois, remontar a um Ordenador que esteja em condições de dar ser aos seres e, na verdade, daquele modo específico no qual de fato eles operam.

As leis segundo Tomás
Segundo Tomás de Aquino, por ser racional, o homem conhece a lei natural, ou seja, está plenamente capacitado para saber que “se deve fazer o bem e evitar o mal”. Trata-se da participação da lei eterna pelo homem dotado de inteligência. A lei eterna outra coisa não é senão o plano racional de Deus, isto é, a ordem existente no universo todo. Por esta lei dirige tudo para o seu fim específico.
Além desta lei eterna e da lei natural, Tomás fala da lei humana, ou seja, jurídica. São normas feitas pelos homens para impedir que se pratique o mal. É a ordem promulgada por quem tem a responsabilidade pela comunidade.
Seguindo Aristóteles, Tomás de Aquino considera o Estado como uma necessidade natural. É que o homem é um ser social e precisa de orientações para viver em sociedade. Entretanto, Tomás de Aquino deixa claro que as leis humanas não podem contradizer a lei natural.
Aliás, no pensamento dele as normas do direito positivo existem para que os que são propensos aos vícios e neles se obstinam sejam persuadidos, a bem da ordem pública, a evitar tais desvios. Insiste Tomás na função pedagógica das leis humanas e nas sanções que podem e devem incluir. O objetivo é a convivência pacífica entre os homens.

Tomás de Aquino e a Filosofia Grega
Tomás de Aquino repensou Aristóteles, o grande filósofo grego do século V antes de Cristo. Deu diretrizes novas ao pensamento de Platão, outro grande filósofo daquele século. Deus é para Tomás o Criador de tudo, noção não atingida pela filosofia grega. O dualismo inexplicável entre o mundo ideal e o mundo fenomenal, entre Deus e a matéria foi inteiramente superado por Tomás de Aquino.
A ética de Aristóteles é sem obrigação e sem sanção, mas não assim a moral exposta pelo Aquinate.
Na lógica, parte da filosofia que trata da lei do raciocínio correto, Tomás de Aquino expôs e comentou os ensinamentos de Aristóteles, dado que a lógica aristotélica é perfeita. O filósofo grego foi o pioneiro que investigou cientificamente as leis do pensamento e as formulou com exatidão. Kant, filósofo alemão, afirmou que os filósofos posteriores nada acrescentaram ao que Aristóteles ensinou neste aspecto da filosofia6.
Entretanto, a teodicéia de Aristóteles, ou seja, a parte que trata de Deus, é incomparavelmente inferior à de Tomás de Aquino.
Como Aristóteles, porém, Tomás de Aquino na política, acertadamente, ensina que a bondade de um governo, sua eficiência, não dependem de sua forma, mas da honestidade, da competência com que se dedica ao bem comum, ao bem estar dos cidadãos.
Seja monarquia, república ou outra forma qualquer, melhor será, concretamente, a que mais se ajustar às necessidades do povo.

Leão XIII e Tomás de Aquino
Leão XIII que foi considerado o papa dos operários escreveu uma encíclica7, isto é, uma carta circular, solene, sobre a filosofia, em 1879. Neste documento a figura de Tomás de Aquino é objeto de especiais considerações.
Diz o texto que Tomás de Aquino foi quem com maior perfeição uniu a inteligência, a razão, à fé. Fala na excelência e perfeição da doutrina tomista. A confirmação desta importância é atestada pelo valor em si do que ele ensinou, pelos aplausos das Academias e Escolas e até pelos que não são católicos.
Odilon Moura deste modo resumiu o plano da referida encíclica: “Há necessidade de se instaurar uma Filosofia que harmonize a razão com a fé, para implantação da ordem na sociedade (números 1-20); ora, a Filosofia de Tomás é a que melhor atende aos requisitos para a harmonia entre a razão e a fé (números 21-27); logo, deve ser instaurada a Filosofia de Santo Tomás (números 28-37)”8.
Um dos trechos mais expressivos da referida encíclica é este: “Entre todos os doutores escolásticos, brilha como astro fulgurante, e como príncipe e mestre de todos Tomás de Aquino, o qual, como observa o Cardeal Caetano, “por ter venerado profundamente os santos doutores que o precederam, herdou, de certo modo, a inteligência de todos”. O termo escolástica empregado acima significa filosofia ensinada nas escolas medievais do Ocidente Europeu.
Diz ainda Leão XIII: “Tomás reuniu suas doutrinas, como membros dispersos de um mesmo corpo; reuniu-as, classificou-as com admirável ordem, e de tal modo as enriqueceu, que tem sido considerado, com razão, como o próprio defensor e a honra da Igreja”.
Este trecho a seguir retrata admiravelmente quem foi Tomás de Aquino: “De espírito dócil e penetrante, de fácil e segura memória, de perfeita pureza de costumes, levado unicamente pelo amor da verdade, cheio de ciência divina e humana, justamente comparado com o sol, aqueceu a terra com a irradiação de suas virtudes e encheu-a com o resplendor de sua doutrina”.
Sobre seu espírito filosófico Leão XIII atesta: “Não há ponto da filosofia que não tratasse com tanta penetração como solidez. As leis do raciocínio, Deus e as substâncias incorpóreas, o homem e as outras criaturas sensíveis, os atos humanos e seus princípios, são objeto das teses que defende, nas quais nada falta, nem a abundante colheita de investigações nem a harmoniosa coordenação das partes, nem o excelente método de proceder, nem a solidez dos princípios”.
Quem se interessa por obter outras análises de Leão XIII sobre Tomás de Aquino encontra nesta encíclica inúmeras outras considerações que mostram o valor deste filósofo extraordinário.
Tomás de Aquino hoje
Os discípulos, os seguidores de Tomás de Aquino neste final do século XX são incontáveis.
Filósofos talentosos das mais diversas nações encontram em Tomás de Aquino elementos valiosos para suas pesquisas. Sertillanges, Maritain, Gilson, Garrigou-Lagrange, De Finance, Caturelli são alguns entre muitos que manifestam a presença vigorosa do tomismo em nossos dias.
No Brasil Fernando Arruda Câmara, notável filósofo brasileiro, lançou o livro “Tomismo Hoje”, no qual mostra o grande número de tomistas em nossa pátria, entre os quais, se destaquem Maurílio Teixeira Leite Penido, Leonardo Van Acker, Henrique Cláudio de Lima Vaz, Alexandre Correia.
A reelaboração do tomismo efetuada pelos filósofos de nossos dias tem como característica um estudo direto dos textos de Tomás de Aquino. Além disto se nota uma fidelidade absoluta às teses fundamentais estabelecidas por ele. Percebe-se diálogo aberto com as outras correntes filosóficas atuais. Há ainda uma preocupação dos tomistas de hoje de investigar em profundidade a cultura moderna, contemporânea.
Tais discípulos de Tomás de Aquino são chamados neotomistas que tentam responder às profundas perguntas que se colocam ao homem de hoje, cristãos ou não-cristãos. Há sobretudo um apelo à Verdade e ao Amor Criador que precisam penetrar no íntimo da realidade humana.
À cultura moderna e contemporânea influenciada pela técnica e pela ciência, endeusadas erroneamente, o tomismo traz uma contribuição admirável. Leva o ser racional ao encontro de Deus e dos valores perenes, sem os quais é impossível a verdadeira felicidade. Trata-se de libertar o homem da escravidão do materialismo com todas as suas terríveis conseqüências.
Chesterton, pensador inglês afirmou: “Neste momento atual, tão pouco esperançoso, não há homens tão esperançosos como aqueles que consideram agora Santo Tomás como guia em uma centena de perguntas angustiosas respeitante às artes, à propriedade e à ética econômica. Há inegavelmente um tomismo esperançoso e criador em nossa época”9.
É também deste autor esta frase luminosa: “Que o tomismo seja a filosofia do bom senso, o mesmo bom senso o proclama”10. O erro seria considerar o tomista como quem entende Tomás de Aquino de modo estático, medieval. Nada disto. Através de um estudo maduro, de uma reflexão atenta, o tomista procura pinçar o que está latente nos escritos de Tomás de Aquino.
Como observou Dino Staffa: “Nenhuma das maravilhosas conquistas da ciência física são inconciliáveis com a doutrina tomista, senão que a integram e iluminam”11.
Há, de fato, uma perfeita harmonia entre os ensinamentos de Tomás de Aquino e as descobertas científicas de hoje.
Jean Ladrière recentemente declarou: “A atualidade do pensamento de Santo Tomás de Aquino é a presença contínua de uma força inspiradora capaz de assumir, em suas figuras cambiantes, o destino da razão, a consciência que ela tomou de suas conquistas como de seus limites, o pressentimento que ela traz consigo daquilo que lhe pode dar absolutamente seu sentido”12.
Wolfgang Kluxen situou, com rara felicidade, a posição do tomismo ao escrever que este “não é a última palavra da razão e isto segundo seus próprios princípios. Basta, porém, que seja uma palavra real, séria, verdadeira; e, como tal, ele permanecerá sempre atual, contemporâneo a todas as épocas”13.
O reencontro da juventude de hoje com Tomás de Aquino significa libertação e renovação cultural forte. Tomás de Aquino é um convite ao afastamento de tudo que degrada o ser humano. Ele inspira segurança para que se ande nos caminhos do bem e dos verdadeiros valores. Enche de esperança o coração juvenil.

João Paulo II e Tomás de Aquino
Realizou-se em Roma em 1990 o nono Congresso Tomista Internacional. João Paulo II, o atual papa, recebeu em audiência os participantes deste Congresso promovido pela Pontifícia Academia de Santo Tomás. Na oportunidade falando aos tomistas ali reunidos o papa recordou que em 1880 havia chamado Tomás de Aquino de “Doutor da Humanidade”. Tal título era baseado no muito que Tomás de Aquino escreveu dignificando a natureza humana com suas colocações filosóficas e teológicas.
Lembrou o papa os ensinamentos do Aquinate nas obras “Sobre Homem” e “Sobre Deus Criador” nas quais ele ensina que “enquanto o homem é obra das mãos de Deus, traz em si a imagem de Deus e tende, por natureza, a uma semelhança com Deus cada vez mais plena”14.
Depois de outras profundas considerações João Paulo II assim se expressou: “Deve-se, portanto, desejar e favorecer de todos os modos o estudo constante e aprofundado da doutrina filosófica, ética e política que Santo Tomás deixou em herança às escolas católicas e que a Igreja não hesitou em fazer própria, de modo especial no que diz respeito à capacidade, à perfectibilidade, à vocação, à responsabilidade do homem quer na esfera pessoal quer na social…”
Quanto à atualidade da doutrina tomista assim se expressou o papa: “Santo Tomás não podia certamente prever um mundo cultural e religioso tão vasto e complexo e articulado como nós hoje conhecemos. Nem podia, portanto, ditar soluções concretas para a grande quantidade de problemas específicos que nós hoje devemos enfrentar”.
Prossegue, porém, o papa: “Mas dado que seu maior cuidado foi colocar-se e manter-se da parte da verdade universal, objetiva e transcendente [...] traçou um método de trabalho missionário que é hoje substancialmente válido também no plano das relações ecumênicas e inter-religiosas, assim como no confronto com todas as culturas antigas e novas”.
Portanto, a doutrina de Tomás de Aquino é apta para a aproximação dos cristãos entre si e para o entendimento das culturas passadas e recentes.
De fato, o amor à verdade que fulgiu, brilhou, em Tomás de Aquino conduz à sociabilidade é à solidariedade, à liberdade que, segundo João Paulo II, firmado no Aquinate, não pode ser real se não está fundamentada nesta verdade. A crise moral do mundo de hoje lembra no seu discurso o papa “depende do enfraquecimento do sentido da verdade nas inteligências e nas consciências, que perderam a referência à fundação última da verdade mesma”.
É aí, precisamente, que se deve ver a importância capital do contacto com a doutrina de Tomás de Aquino.

Tomás de Aquino e Francisco de Assis
Dada a popularidade de Francisco de Assis, melhor se pode ter uma idéia de Tomás de Aquino, fazendo-se uma comparação entre ambos.
Francisco de Assis era magro, de baixa estatura, vibrante, um corisco. Vivia atrás de seus pobres. Era um andarilho de Deus. Caminhava pelas estradas para ajudar os necessitados. Andava modestamente pelas ruas edificando a todos. Tomás de Aquino era corpulento, pesado como um touro. Gordo, vagaroso. Tranqüilo e quieto. Nada sociável, era tímido. Vivia meditando, refletindo.
Francisco de Assis era irrequieto e para muitos um tanto quanto maluco em suas privações. Tomás de Aquino era o homem da pontualidade, da regra, do método.
Francisco de Assis desprezou os estudos e nem queria que seus seguidores freqüentassem as universidades. Tomás de Aquino era o intelectual debruçado sobre os livros e sempre a escrever.
Francisco de Assis era um poeta ambulante, imerso na beleza das flores, do murmúrio dos rios, do cântico dos pássaros. Tomás de Aquino era um poeta-teólogo, acadêmico, compondo hinos litúrgicos profundos.
Francisco de Assis queria persuadir pela simplicidade das ações vistas pelos homens para arrastá-los a Deus. Tomás de Aquino desejava persuadir pelas palavras para levar milhares até o Criador.
Francisco de Assis pode ser comparado com um manso cordeirinho imerso na natureza. Tomás de Aquino, como foi relatado, foi comparado a um boi, cujos mugidos ecoaram pelos séculos afora. Francisco de Assis era filho de um comerciante da classe média e não estava de acordo com a vida mercantil do pai, pois não amava a agitação do comércio. Seu desapego total às coisas do mundo não se adequava à busca de um lucro material. Tomás de Aquino era de família nobre e poderia ter todo o conforto que o mundo oferece, mas desprezou as glórias mundanas para se entregar inteiramente a seu mundo interior sem o apego a tudo que o luxo pode oferecer.
Ambos por caminhos diferentes e numa ótica diversa optaram pela pobreza evangélica.
Francisco de Assis o homem menos mundano que andou pelo mundo viveu neste mundo como um pobre caminhante. Tomás de Aquino procurava a solidão como alguém que não fosse deste mundo para andar pelos caminhos do espírito nas regiões de profundas questões intelectuais.
Francisco de Assis pode ser chamado o trovador de Deus, mas, por certo, não admitiria o Deus dos trovadores. Tomás de Aquino não reconciliou Cristo com Aristóteles, mas sim reconciliou Aristóteles com Cristo.
Francisco de Assis é o santo da ecologia. Tomás de Aquino é o santo da filosofia.
Francisco de Assis mortificava tanto o seu corpo que mereceu ter em si os estigmas, ou seja, as chagas de Cristo. Tomás de Aquino preferia filosofar sobre o corpo, ensinando que o homem não é um homem sem o corpo, tal como o não é sem a alma.
Francisco de Assis tornou-se um santo eminentemente popular. Tomás de Aquino um santo mais venerado pelos intelectuais.
Quer Francisco de Assis, quer Tomás de Aquino deixam ambos uma mensagem vibrante para este final de milênio: a felicidade não se encontra fora de cada um, mas lá no íntimo do ser racional. Ambos convidam para esta viagem que muitos não gostam de fazer: entrar no âmago da própria consciência. Lá se descobre Deus, para, em seguida, como fizeram os citados personagens, se abrir para o próximo, para a natureza, para as conquistas da inteligência.
Ambos mostram que há caminhos diversos para se atingir o objetivo último do homem nesta busca, nem sempre bem direcionada, da tranqüilidade, da ordem e da paz.
Este reencontro com tão ilustres e sábias figuras por certo move a um repensar frutuoso no sentido daquele auto-controle tão necessário seja a quem for.
Como mostra Francisco de Assis não é preciso se apartar do mundo e das maravilhas que Deus espalhou por toda parte. Cumpre curtir a vida.
Como ensina a vida de Tomás de Aquino não se pode afastar das conquistas do espírito, da inteligência. Tomás, certamente, se vivesse hoje, estaria enfronhado nos progressos humanos. Nas suas reflexões procuraria o sentido, o significado da ciência e da técnica tão avançadas de hoje. Deixou, porém, ele princípios valiosos para que os homens do século atual façam tal análise com pertinência e sabedoria.

Uma aventura divina
A existência de Tomás de Aquino foi, sem dúvida, uma aventura divina.
Quando olhamos para o firmamento à noite, imenso veludo cravado de estrelas, percebemos que umas brilham mais do que outras. Tomás de Aquino no firmamento dos grandes homens é estrela de primeira grandeza. Entre os santos que o cristianismo apresenta, nenhum foi mais sábio.
Ao lado de uma cultura invejável e de uma inteligência admirável Tomás de Aquino deixou o exemplo de uma grande humildade. Honras e dignidades eclesiásticas lhe foram oferecidas, mas ele as recusou. Quis sempre viver na solidão de seu convento onde se refugiava quando não estava a dar aulas ou a pregar.
Tomás de Aquino revela que não basta um saber enciclopédico, mas este deve ser sólido, profundo, alimentado na reflexão contínua.
Na doutrina de Tomás de Aquino encanta não apenas a universalidade dos temas que abordou, dos quais tratou, mas a clareza de sua explanação é também digna de nota.
A obra monumental de Tomás de Aquino foi, sem dúvida, a Suma Teológica, a qual se pode comparar às majestosas catedrais do estilo gótico de seu tempo, elevando-se acima de todos os escritos deste gênero.
Tomás de Aquino ensina como uma vontade determinada, férrea, pode atingir os mais nobres objetivos. A concentração da inteligência nos estudos leva a resultados maravilhosos.
Num mundo no qual tudo arrasta o homem para fora de si mesmo, deixando-o entre as ondas revoltas da angústia e da agitação interior, Tomás de Aquino é um convite vivo a instantes de uma salutar entrega ao silêncio em busca daquela serenidade que felicita e engrandece.
Tudo que foi relatado dizendo respeito ao tomismo, mostra que se trata de um tomismo atual, perdurável e não um tomismo medieval. Isto mostra que há, de fato, em tudo que Tomás de Aquino escreveu uma tendência universalista.
Oferece, realmente, o conjunto de ensinamentos do grande filósofo de Aquino elementos valiosíssimos para pensar o mundo e o momento atual à luz das verdades perenes. Surgem, realmente, novos pensadores que sob a conduta do Doutor Angélico se consagram a estabelecer a ordem segundo a verdade.
É a verdade que sempre salva e liberta o ser racional, hoje, sobretudo necessitando de um senso crítico apurado. A juventude precisa deste amor à verdade para não se deixar levar pelas armadilhas do erro e da mentira.
O tomismo não quer em absoluto retornar à Idade Média. Trata-se, contudo, de salvar e de assimilar todas as riquezas oferecidas por Tomás de Aquino para valorizar tudo que há de positivo nos tempos modernos. É que o tomismo pretende usar da razão para separar o verdadeiro do falso. Pode purificar certas tendências modernas e integrar tudo que a verdadeira conquista do espírito humano conseguiu após Tomás de Aquino. De fato, o tomismo é uma filosofia essencialmente sintética e assimiladora.
O tomismo é uma sabedoria que nasce de um sistema magnificamente arquitetado por Tomás de Aquino, apta, portanto, para orientar as mentes, libertando-se do erro.
No momento em que se nota no mundo de hoje um surto religioso inegável, a presença de Tomás de Aquino é de fundamental importância. Os cristãos, sobretudo, se empenham em viver o que Jesus ensinou e procuram, sem falso moralismo, uma vida longe de lances desonestos que maculam e escravizam. O exemplo magnífico de Tomás de Aquino que, em plena juventude, venceu espetacularmente a tentação sexual, realmente, arrasta e inspira gestos semelhantes.
Com justiça ele foi denominado o Doutor Angélico. Tal elevação de uma existência singular se deveu à sua íntima união com Deus. Hoje grupos juvenis se formam e sem nenhum respeito humano se põem a cantar os louvores divinos e buscam uma perfeição de vida, motivo de fagueiras esperanças. Tudo que Tomás de Aquino realizou ele o consegui indo à fonte suprema do Bem. Neste aspecto há uma sintonia muito grande entre a mentalidade do Aquinate e esta onda religiosa hodierna.
A piedade de Tomás de Aquino era algo viril, pois o conduzia a ações verdadeiramente heróicas. É este o ideal que toma conta de centenas de jovens que não desejam se deixar levar pelas vagas dos vícios, mormente das drogas que matam e rematam tantas vezes a crueldade de espíritos perversos que se enriquecem com as desgraças alheias.
Tomás de Aquino constitui-se deste modo num apelo vibrante a que prossigam todos nesta caminhada vibrante da afirmação pessoal.
Pode-se, portanto, dizer que Tomás de Aquino se torna assim um notável concidadão dos tempos modernos.
Aos males da inteligência ele propõe o remédio do exercício da razão, capaz de desmascarar as insídias das manipulações dos donos do poder.
Aos desastres éticos e morais ele aponta a retidão da vontade firmada na proteção de Deus a levar para longe das servidões dos falsos prazeres.
Ao desânimo que, por vezes, se instaura em tantos corações ele propõe a experiência de Deus, fonte de toda paz e energia interior.
A uma ciência e a uma tecnologia materialistas ele contrapõe o retorno incondicional a Deus, cuja existência ele soube tão bem provar.
A este herói da ordem intelectual se deve acorrer para se buscar nas conquistas do espírito a força capaz de erguer um mundo que se deixou levar pelo endeusamento de falsos ídolos.
Em nossos dias quando a filosofia voltou a ser novamente prestigiada nos currículos até do segundo grau, o reencontro com Tomás de Aquino só poderá resultar numa maior pujança intelectual e cultural.
Por tudo que aqui foi escrito sobre Tomás de Aquino se pode concluir que ele é, de fato, o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios!

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana - MG

REVOGAÇÃO DE EXCOMUNHÃO DOS QUATRO BISPOS ORDENADOS PELO MONSENHOR MARCEL LEFEBVRE

Revogação de excomunhão a «lefebvristas», «início» no «final» de um caminho


Afirma o cardeal Jean-Pierre Ricard, membro da Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei»

BORDÉUS,
- O levantamento da excomunhão imposta em 1988 aos 4 bispos ordenados ilegitimamente pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre, divulgado pela Congregação para os Bispos em 24 de janeiro passado, «não é o final, mas o começo de um processo de diálogo», no qual ainda restam questões a serem esclarecidas.
Assim afirmou o cardeal Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordéus e membro da Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei», em uma declaração divulgada pela Conferência Episcopal Francesa, também em 24 de janeiro passado.
Segundo o purpurado, ainda falta regular duas questões fundamentais para que o cisma possa ser considerado terminado: por um lado, «a integração da estrutura jurídica da Fraternidade de São Pio X na Igreja», e por outro, «um acordo em questões dogmáticas e eclesiológicas».
Entre estes temas a debater, o cardeal Ricard se referiu à questão do Concílio Vaticano II como «texto magisterial de primeira importância. Isso é fundamental».
O cardeal Ricard aludiu a outras questões de tipo cultural e político: «As últimas declarações, inaceitáveis, de Dom Williamson negando o drama do extermínio dos judeus são um exemplo disso», afirmou.
«O caminho será longo, sem dúvida, e exigirá um melhor conhecimento e estima mútuos. Mas o levantamento da excomunhão permitirá percorrê-los juntos», acrescentou.
Esta excomunhão foi revogada, explica o cardeal Ricard, após vários pedidos neste sentido por parte de Dom Fellay, superior geral da Fraternidade São Pio X, «especialmente após uma carta dirigida ao cardeal Castrillón Hoyos, em 15 de dezembro passado, em nome dos 4 bispos afetados».
«Ele faria o mesmo, com a possibilidade de todo sacerdote de celebrar a Missa com o Missal de São Pio V, uma das duas condições prévias à abertura de um diálogo com Roma. Ele havia feito seus fiéis rezarem por esta intenção», acrescenta o purpurado.
O arcebispo de Bordéus explica também que Bento XVI «quis ir o mais longe possível com a mão estendida, como convite a uma reconciliação», desde sua missão de fazer o possível «por voltar a tecer os fios arrebentados da unidade eclesial».
«O Papa, teólogo e historiador de teologia, sabe o drama que um cisma representa na Igreja. Compreende a questão que com frequência surge na história dos cismas: realmente foram colocados todos os meios para evitá-los?», acrescenta.
Não se deve esquecer, conclui, «que o Papa conhece bem o caso, pois João Paulo II lhe encarregou de colocar-se em contato com Dom Lefebvre para tentar impedir que cometesse o ato irremediável das consagrações episcopais».
«O então cardeal Ratzinger ficou marcado pelo fracasso de sua missão», acrescentou.
O purpurado mostrou sua confiança em que «a dinâmica suscitada pela revogação da excomunhão ajude a colocar em andamento o diálogo querido pelo Papa», e pediu aos fiéis que «rezem pela unidade dos cristãos».
«Não esqueçamos que o caminho mais seguro para avançar na unidade dos discípulos de Cristo continua sendo a oração», conclui.

Fonte: ZENIT.org

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

DECRETO DA SANTA SÉ PARA A RETIRADA DA EXCOMUNHÃO DOS QUATRO BISPOS ORDENADOS POR DOM LEFEBVRE

Decreto da Santa Sé para retirar a excomunhão de quatro bispos
Ordenados pelo arcebispo Marcel Lefebvre

CIDADE DO VATICANO,

- Publicamos o decreto da Congregação para os Bispos que retira a excomunhão dos quatro bispos ordenados em 1988 pelo arcebispo Marcel Lefebvre.

* * *
Decreto da Congregação para os Bispos
Com a carta de 15 de dezembro de 2008 enviada a sua eminência o cardeal Darío Castrillón Hoyos, presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, Dom Bernard Fellay, em seu nome e no dos outros bispos ordenados a 30 de junho de 1988, voltava a solicitar a retirada da excomunhão latae sententiae formalmente declarada por decreto do prefeito desta Congregação para os Bispos com a data de 1 de julho de 1988.
Na mencionada carta, Dom Fellay afirma entre outras coisas: «estamos sempre fervorosamente determinados na vontade de ser e permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças ao serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja católica romana. Nós aceitamos todos os seus ensinamentos com ânimo filial. Cremos firmemente no primado de Pedro e em suas prerrogativas e, por isso, faz-nos sofrer tanto a atual situação».
Sua Santidade Bento XVI, paternalmente sensível ao mal-estar espiritual manifestado pelos interessados devido à sanção de excomunhão, e confiando no compromisso expressado por eles na citada carta de não poupar esforço algum para aprofundar nas necessárias conversações com as autoridades da Santa Sé nas questões ainda abertas, e poder assim chegar rapidamente a uma plena e satisfatória solução do problema existente em um princípio, decidiu reconsiderar a situação canônica dos bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta surgida com sua ordenação episcopal.
Com este ato se deseja consolidar as relações recíprocas de confiança, intensificar e fazer mais estáveis as relações da Fraternidade São Pio X com a Sé Apostólica. Este dom de paz, ao final das celebrações de Natal, quer ser também um sinal para promover a unidade na caridade da Igreja universal, e por seu meio, chegar a remover o escândalo da divisão.
Deseja-se que este passo seja seguido pela solícita realização da plena comunhão com a Igreja de toda a Fraternidade São Pio X, testemunhando assim a autêntica fidelidade e um verdadeiro reconhecimento do Magistério e da autoridade do Papa, com a prova da unidade visível.
Em virtude das faculdades que me foram expressamente concedidas pelo Santo Padre, Bento XVI, em virtude do presente Decreto, retiro dos bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta a pena de excomunhão latae sententiae declarada por esta Congregação a 1 de julho de 1988 e declaro desprovido de efeitos jurídicos a partir do dia de hoje o decreto àquele tempo publicado.
Roma, Congregação para os Bispos, 21 de janeiro de 2009
Cardeal Giovanni Battista Re
Prefeito da Congregação para os Bispos

Fonte: ZENIT.org

RETIRADA A EXCOMUNHÃO DE QUATRO BISPOS ORDENADOS POR MONSENHOR LEFEBVRE

Retirada a excomunhão de quatro bispos ordenados por Dom Lefebvre
Comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé


CIDADE DO VATICANO,

- Publicamos o comunicado emitido, no sábado passado, pela Sala de Imprensa da Santa Sé, com o qual se anuncia que Bento XVI acolheu o pedido de retirar a excomunhão dos quatro bispos ordenados em 1988 pelo arcebispo Marcel Lefebvre.

* * *
O Santo Padre, depois de um processo de diálogo entre a Sé Apostólica e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, representada por seu superior geral, Dom Bernard Fellay, acolheu o pedido formulado novamente por este bispo, com uma carta de 15 de dezembro de 2008, em nome também dos outros três bispos da Fraternidade, Dom Bernard Tissier de Mallerais, Dom Richard Williamson e Dom Alfonso de Galarreta, de retirar a excomunhão em que haviam incorrido há vinte anos.
Devido às ordenações episcopais de 30 de junho de 1988 realizadas pelo arcebispo Marcel Lefebvre, sem mandato pontifício, os quatro bispos mencionados haviam incorrido em excomunhão latae sententiae, declarada formalmente pela Congregação para os Bispos, a 1 de julho de 1988.
Dom Bernard Fellay, na mencionada carta, manifestava claramente ao Santo Padre que «estamos sempre fervorosamente determinados na vontade de ser e permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças ao serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja católica romana. Nós aceitamos todos os seus ensinamentos com ânimo filial. Cremos firmemente no primado de Pedro e em suas prerrogativas e, por isso, faz-nos sofrer tanto a atual situação».
Sua Santidade Bento XVI, que seguiu desde o início este processo, tentou sempre buscar a maneira de reparar a fratura com a Fraternidade, inclusive recebendo pessoalmente Dom Bernard Fellay, a 29 de agosto de 2005. Naquela ocasião, o Sumo Pontífice manifestou a vontade de proceder gradualmente e em tempo razoável neste caminho, e agora, benignamente, com solicitude pastoral e misericórdia paternal, mediante um decreto da Congregação para os Bispos de 21 de janeiro desde ano, levanta a excomunhão que pesava sobre os mencionados prelados.
O Santo Padre, nesta decisão, inspirou-se no desejo que de se alcance o mais rápido possível a completa reconciliação e a plena comunhão.

Fonte: ZENIT.org

VIAGEM DE S.S. PAPA BENTO XVI À ÁFRICA

PROGRAMA DA VIAGEM DE BENTO XVI À ÁFRICA


Cidade do Vaticano,

A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou hoje o programa da viagem de Bento XVI à África.

* O Santo Padre partirá no dia 17 de março do aeroporto de Fiumicino, em Roma, em direção à capital de Iaundé, em Camarões.
* Durante três dias, até o dia 20, estão previstos vários eventos, como o encontro com o presidente de Camarões, com os bispos da Conferência Episcopal, a celebração das Vésperas com representantes de outras confissões cristãs e a reunião com representantes da comunidade muçulmana.
* Um dos momentos mais importantes será a Santa Missa por ocasião da publicação do Instrumentum Laboris da II Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, no dia 19 Destaca-se ainda o encontro com os enfermos e o jantar com os membros do Conselho Especial de março, no Estádio Amadou Ahidjo, de Iaundé.
* para a África do Sínodo dos Bispos, sempre no dia 19.No dia 20 de março, Bento XVI parte rumo a Luanda.
* Na capital angolana, está prevista a audiência com o presidente da República, com as autoridades políticas e civis e com o corpo diplomático.
* A estada em Luanda prevê a reunião com os bispos de Angola e São Tomé, a Santa Missa com bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e catequistas e o encontro com os jovens no Estádio dos Coqueiros, no dia 21.
* No domingo, 22 de março, destaca-se a missa com os bispos do sul da África e o encontro com os movimentos católicos para a promoção da mulher, na paróquia de Santo Antônio de Luanda.
* A volta a Roma está programada para segunda-feira, 23 de março.
Fonte: RV

domingo, 25 de janeiro de 2009

HOJE - FESTA DE CONVERSÃO DO APÓSTOLO SÃO PAULO

REPRODUÇÃO DA HOMILIA DO PAPA BENTO XVI NA FESTA DE CONVERSÃO DO APÓSTOLO SÃO PAULO

Basílica de São Paulo Fora dos Muros
Quinta-feira, 25 de Janeiro de 2007

Estimados irmãos e irmãs
Durante a "Semana de Oração", que se encerra esta tarde, intensificou-se nas várias Igrejas e Comunidades eclesiais do mundo inteiro a comum invocação ao Senhor pela unidade dos cristãos. Meditemos juntos sobre as palavras do Evangelho de Marcos, há pouco proclamadas: "Faz ouvir os surdos e falar os mudos" (Mc 7, 37), tema bíblico proposto pelas Comunidades cristãs da África do Sul. As situações de racismo, de pobreza, de conflito, de exploração, de doença e de sofrimento em que elas se encontram, pela própria impossibilidade de se fazer compreender nas suas suas necessidades, suscitam nas mesmas uma forte exigência de ouvir a palavra de Deus e de falar com coragem. Com efeito, ser surdo-mudo, ou seja, não poder ouvir nem falar, não pode constituir um sinal de falta de comunhão e um sintoma de divisão? A divisão e a incomunicabilidade, consequência do pecado, são contrárias ao desígnio de Deus. No corrente ano a África ofereceu-nos um tema de reflexão de grande importância religiosa e política, porque "falar" e "ouvir" são condições essenciais para construir a civilização do amor.
As palavras "Faz ouvir os surdos e falar os mudos" constituem uma boa notícia, que anuncia a vinda do Reino de Deus e a cura da incomunicabilidade e da divisão. Esta mensagem encontra-se em toda a pregação e obra de Jesus, que atravessava as aldeias, cidades ou campos e, onde quer que entrasse, "colocavam os doentes nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar pelo menos as franjas das suas vestes. E quantos o tocavam ficavam curados" (Mc 6, 56). A cura do surdo-mudo, sobre a qual meditamos nestes dias, acontece quanto Jesus, deixando a região de Tiro, se dirige para o lago da Galileia, atravessando o território da chamada "Decápole", região multiétnica e plurirreligiosa (cf. Mc 7, 31). É uma situação emblemática também nos dias de hoje. Como noutras regiões, também na Decápole apresentam um doente a Jesus, um homem surdo e tartamudo ("moghílalon"), e rogam-lhe que imponha as mãos sobre ele, porque o consideram um homem de Deus. Jesus afasta-se com o surdo-mudo para longe da multidão e realiza gestos que significam um contacto salvífico mete-lhe os dedos nos ouvidos e com a sua saliva toca a língua do doente e em seguida, voltando os olhos para o céu, ordena: "Abre-te!". Pronuncia esta ordem em aramaico ("Effathá!"), provavelmente a língua das pessoas presentes e do próprio surdo-mudo, expressão que o Evangelista traduz em grego ("dianoíchtheti"). Os ouvidos do surdo-mudo abriram-se, soltou-se a prisão da sua língua "e falava correctamente" ("orthos"). Jesus recomenda que nada se diga acerca do milagre. Todavia, quanto mais o recomendava, "tanto mais eles o apregoavam" (Mc 7, 36). E o comentário admirado de muitas pessoas que tinham assistido reitera a pregaçao de Isaias para o advento do Messias: "Faz ouvir os surdos e falar os mudos" (Mc 7, 37).
O primeiro ensinamento que tiramos deste episódio bíblico, evocado também no rito do baptismo é que, na perspectiva crista, a escuta é prioritária. A este propósito, Jesus afirma de modo explicito: "Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11, 28). Antes, a Marta preocupada com muitas coisas, Ele diz que "uma só é necessária" (Lc 10, 42). E de tal contexto resulta que esta única coisa é a escuta obediente da Palavra. Por isso, a escuta da Palavra de Deus é prioritária para o nosso compromisso ecuménico. Com efeito, não somos nós que realizamos ou organizamos a unidade da Igreja. A Igreja não se faz a si mesma e não vive por si própria, mas da palavra criadora que provém da boca de Deus. Ouvir a Palavra de Deus em conjunto; praticar a lectio divina da Bíblia, ou seja, a leitura ligada à oração; deixar-se surpreender pela novidade da Palavra de Deus, que nunca envelhece e jamais se esgota; superar a nossa surdez por aquelas palavras que não concordam com os nossos preconceitos e as nossas opiniões; ouvir e estudar, na comunhão dos fiéis de todos os tempos; tudo isto constitui um caminho a percorrer para alcançar a unidade na fé, como resposta à escuta da Palavra.
Além disso, quem se coloca à escuta da Palavra de Deus pode e deve falar e transmiti-la aos outros, àqueles que nunca a ouviram, ou a quem a esqueceu e sepultou sob os espinhos das preocupações e dos enganos do mundo (cf. Mt 13, 22). Devemos perguntar-nos: nós, cristãos, não nos tornamos porventura demasiado mudos? Não nos falta acaso a coragem de falar e de testemunhar, como fizeram aqueles que eram as testemunhas da cura do surdo-mudo na Decápole?
O nosso mundo tem necessidade deste testemunho; espera sobretudo o testemunho conjunto dos cristãos. Por isso, a escuta de Deus que fala implica também a escuta uns dos outros, o diálogo entre as Igrejas e as Comunidades eclesiais. O diálogo honesto e leal constitui o instrumento imprescindível da busca da unidade. O Decreto do Concilio Vaticano II sobre o Ecumenismo salientou o facto de que se os cristãos não se conhecerem reciprocamente nem sequer será imaginável alcançar progressos no caminho da comunhão. Efectivamente, no diálogo ouvimos e comunicamo-nos uns com os outros; confrontamo-nos e, com a graça de Deus, podemos convergir para a sua Palavra, aceitando as suas exigências, que são válidas para todos.
Na escuta e no diálogo, os Padres conciliares não entreviram uma utilidade que visa exclusivamente o progresso ecuménico, mas acrescentaram uma perspectiva relativa à própria Igreja católica: "Deste diálogo afirma o texto do Concilio surgirá mais claramente qual é a verdadeira situação da Igreja católica" (Unitatis redintegratio, 9). Sem dúvida, é indispensável "expor com toda a clareza a doutrina completa" em vista de um diálogo que enfrente, debata e vença as divergências existentes entre os cristãos mas, ao mesmo tempo, "o modo e o método de enunciar a fé católica não devem de forma alguma servir de obstáculo ao diálogo com os irmãos" (Ibid., n. 11). É necessário falar correctamente (orthos) e de maneira compreensível. O diálogo ecuménico exige a correcção evangélica fraternal e leva a um recíproco enriquecimento espiritual na partilha das autenticas experiências de fé e de vida crista. Para que isto aconteça, é preciso implorar incansavelmente a assistência da graça de Deus e a iluminação do Espírito Santo. É quanto os cristãos do mundo inteiro realizam durante esta "Semana" especial, ou que farão na Novena que precede o Pentecostes, assim como em todas as circunstâncias oportunas, elevando a sua oração confiante a fim de que todos os discípulos de Cristo sejam um só e para que, na escuta da Palavra, possam dar um testemunho concorde aos homens e às mulheres do nosso tempo.
Neste clima de intensa comunhão, desejo dirigir a minha cordial saudação a todos os presentes: ao Senhor Cardeal Arcipreste desta Basílica, ao Senhor Cardeal Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e aos demais Cardeais, aos venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, aos Monges beneditinos, aos religiosos, às religiosas e aos leigos, que representam toda a comunidade diocesana de Roma. De modo especial, gostaria de saudar os Irmãos das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, que estão a participar na presente celebração, renovando a significativa tradição de concluir em conjunto a "Semana de Oração" no dia em que comemoramos a fulgurante conversão de São Paulo no caminho de Damasco. Estou feliz por evidenciar o facto de que o sepulcro do Apóstolo das Nações, junto do qual nos encontramos, recentemente foi objecto de investigações e de estudos, depois dos quais se desejou torná-lo visível aos peregrinos, com uma intervenção adequada na área subjacente ao altar-mor. Manifesto as minhas congratulações por esta importante iniciativa. À intercessão de São Paulo, incansável construtor da unidade da Igreja, confio os frutos da escuta e do testemunho conjunto, que pudemos experimentar nos numerosos encontros fraternais e nos diálogos promovidos ao longo do ano de 2006, tanto com as Igrejas do Oriente como as Igrejas e as Comunidades eclesiais do Ocidente.
Nestes acontecimentos foi possível sentir a alegria da fraternidade, juntamente com a tristeza pelas tensões que subsistem, conservando sempre a esperança que o Senhor nos infunde. Damos graças a quantos contribuíram para intensificar o diálogo ecuménico com a oração, com a oferta do seu sofrimento e com a sua obra incansável. É sobretudo ao nosso Senhor Jesus Cristo que damos graças fervorosas por tudo. A Virgem Maria faça com que, quanto antes, possa realizar-se o ardente anseio de unidade do seu Filho divino: "Para que todos sejam um só.... para que o mundo creia" (Jo 17, 21).

sábado, 24 de janeiro de 2009

HOJE - SÃO FRANCISCO DE SALES

Baluarte da Contra-Reforma e Doutor da Igreja Uma das maiores figuras da Contra-Reforma católica na França, tido pelos seus contemporâneos -- incluído o grande São Vicente de Paulo - como a mais perfeita imagem do Salvador então existente na Terra.

No início de novembro de 1622, São Francisco de Sales, Bispo-Príncipe de Genebra, acompanhava o Duque da Sabóia na comitiva que ia de Chambéry a Avignon encontrar-se com o Rei Cristianíssimo, que era então o soberano francês Luís XIII. O Prelado aproveitou a ocasião para visitar os mosteiros da Visitação existentes no percurso, como cofundador que era dessa Congregação. Assim, chegou no dia 11 ao de Belley.
Entre as freiras que, pressurosas, correram-lhe ao encontro, encontrava-se uma que ele muito estimava por sua inocência, virtude e simplicidade, e a quem por isso dera o nome de Clara Simpliciana. Esta, iluminada por luzes sobrenaturais, chorava desoladamente: "Oh, excelentíssimo Senhor!" disse-lhe sem subterfúgios, "vós morrereis neste ano! Eu vos suplico que peçais a Nosso Senhor e à Sua Santíssima Mãe que isso não ocorra".
-- "Como, minha filha?!", respondeu surpreso o Prelado. "Não, não o farei. Não vos alegrais pelo fato de eu ir descansar? Veja: estou tão cansado, com tanto peso, que já não posso comigo. Que falta vos farei? Tendes a Constituição e deixar-vos-ei Madre Chantal, que vos bastará . Ademais, não devemos pôr nossas esperanças nos homens, que são mortais, mas só em Deus, que vive eternamente".
Tais palavras como que resumem a vida e a obra de São Francisco de Sales, cuja festa comemoramos no dia 24 de janeiro. Embora ele contasse então com apenas 55 anos de idade e aparentemente não estivesse doente, entregou sua grande alma a Deus três dias antes que o ano terminasse, conforme predissera Irmã Simpliciana... (1)

A grande provação

Francisco de Sales, primogênito entre os 13 filhos dos Barões de Boisy, nasceu no castelo de Sales, na Sabóia, em 21 de agosto de 1567. Por devoção dos pais ao Poverello de Assis, recebeu seu nome e, chegado ao uso da razão, o menino escolheu-o por patrono e guia.
A virtuosa baronesa dedicou-se ela mesma, com a ajuda de bons preceptores, à educação de sua numerosa prole. Para seu primeiro filho escolheu, por sua piedade e ciência, o Pe. Déage, o qual, até sua morte, foi para Francisco um pai espiritual e guia. Acompanhava-o sempre, mesmo a Paris, onde o jovem barão radicou-se durante seus estudos universitários no Colégio de Clermont, dos jesuítas.
Com um precoce senso de responsabilidade e intuito de fazer sempre tudo que fosse da maior glória de Deus, Francisco estudou retórica, filosofia e teologia com um empenho que lhe permitiu ser depois o grande teólogo, pregador, polemista e diretor de consciências que caracterizaram seu trabalho apostólico.
Francisco, como primogênito, era herdeiro do nome de família e continuador de sua tradição. Por isso, recebeu também lições de esgrima, dança e equitação. Convencia-se porém, cada vez mais, que Deus o chamava inteiramente a Seu serviço. Fez voto de castidade perfeita e colocou-se sob a proteção da Virgem das virgens.
Aos 18 anos, o jovem enfrentou a mais terrível provação de sua vida: uma tão violenta tentação de desespero, que lhe causava a impressão de ter perdido a graça divina e estar destinado a odiar eternamente a Deus com os réprobos. Tal obsessão diabólica perseguia-o noite e dia, abalando-lhe até a saúde.
Ora, para alguém que, como ele, desde o início do uso da razão não procurava senão amar ardentemente a Deus, tal provação era o que havia de mais terrível.
Seria necessário um ato heróico para dela livrá-lo e ele o praticou: não se revoltava contra Deus, mesmo se Ele lhe fechasse as portas do Céu, e pedia, nesse caso, para amá-Lo ao menos nesta Terra.
"Senhor!" -- exclamou certo dia na igreja de Saint Etienne des Grés, no auge de sua angústia --, "fazei com que eu jamais blasfeme contra Vós, mesmo que não esteja predestinado a ver-Vos no Céu. E se eu não hei de amar-Vos no outro mundo, concedei-me pelo menos que, nesta vida, eu Vos ame com todas as minhas forças!".
Rezando depois humildemente o "Lembrai-Vos", aos pés de Nossa Senhora, invadiu-lhe a alma uma tão completa paz e confiança, que a provação esvaiu-se como fumaça (2).

Calcando o mundo aos pés

Aos 24 anos, Francisco, com os estudos brilhantemente concluídos e já doutor em leis, voltou para junto da família. O pai escolhera para ele a jovem herdeira de uma das mais nobres famílias do lugar. Apesar de sua pouca idade, ofereceram ao jovem doutor o cargo de membro do Senado saboiano. Humanamente falando, não se podia desejar mais.
Para espanto do pai, seu primogênito recusou tanto um quanto outro oferecimento. Só à mãe, que sabia de sua entrega a Deus, e a um tio, cônego da catedral de Genebra, explicou Francisco o motivo desse ato tido por insensato.
Faleceu nesse tempo o deão da catedral de Chambéry. O cônego Luís de Sales imediatamente obteve do Papa que nomeasse seu sobrinho para o posto vacante. Com muita dificuldade o Barão de Boisy consentiu enfim que aquele, no qual depositava suas maiores esperanças de triunfo neste mundo, se dedicasse inteiramente ao serviço de Deus. Não podia ele prever que Francisco estava destinado à maior glória que um mortal pode atingir, que é a de ser elevado à honra dos altares; e, por acréscimo, como Doutor da Igreja!...

Zelo anticalvinista

Os cinco primeiros anos após sua ordenação, o Pe. Francisco consagrou-os à evangelização do Chablais, cidade situada na margem sul do lago de Genebra, convertendo, com o risco da própria vida, empedernidos calvinistas. Para isso, divulgava folhetos nos quais refutava suas heresias, contrapondo-lhes as lídimas verdades católicas. O missionário precisou fugir muitas vezes e esconder-se de enfurecidos hereges, e em algumas ocasiões só se salvou por verdadeiro milagre (3).
Assim, reconduziu ao seio da verdadeira Igreja milhares de almas seduzidas pela heresia de Calvino. Ao mesmo tempo dava assistência religiosa aos soldados do castelo de Allinges, os quais, apesar de católicos de nome, eram ignorantes em religião e dissolutos. Seu renome começava já a repercutir como grande confessor e diretor de consciências.
Em 1599, o deão de Chambéry foi nomeado Bispo-coadjutor de Genebra; e, três anos depois, com o falecimento do titular, assumiu a direção dessa diocese.

Apóstolo entre os nobres

Esse fato ampliou muito o âmbito de ação de D. Francisco de Sales. Fundou escolas, ensinou catecismo às crianças e adultos, dirigiu e conduziu à santidade grandes almas da nobreza, que desempenharam papel preponderante na reforma religiosa empreendida na época, como Madame Acarie (depois uma das primeiras religiosas carmelitas na França, morta em odor de santidade), Santa Joana de Chantal, com quem fundou a Visitação. Inúmeras donzelas da mais alta nobreza abandonaram o mundo, entrando nos mosteiros dessa nova congregação, na qual brilharam pelo esplendor de sua virtude.
Todos queriam ouvir o santo Bispo. Convidado a pregar em toda parte, era sempre rodeado de grande veneração, tornando-se necessário escolta militar para protegê-lo das manifestações do entusiasmo popular.
A família real da Sabóia não resistia à atração do Bispo-Príncipe de Genebra, convidando-o constantemente para pregar também na Corte. E não era a mais alta nobreza menos ávida que o povinho de ouvir aquele que já consideravam santo em vida.
Em 1608, ordenou e publicou as notas e conselhos que dera a uma sua prima por afinidade, a Sra. de Chamoisy, num livro que se tornaria imortal: Introdução à vida devota. Essa obra foi ocasião de várias conversões e carreou muitas vocações para os conventos da Visitação.
São Francisco de Sales desenvolveu seu lema no extraordinário livro que escreveu para suas filhas da Visitação, a pedido de Santa Joana de Chantal, o célebre Tratado do Amor de Deus: "a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida".

Glorificado na Terra e no Céu

Os contemporâneos do Bispo-Príncipe de Genebra não tinham dúvidas a respeito de sua santidade. Santa Joana de Chantal, sua dirigida e cooperadora que o conheceu tão intimamente, escreveu: "Oh! meu Deus! Atrever-me-ei a dizê-lo? Sim, di-lo-ei: parece-me que nosso bem-aventurado pai era uma imagem viva do Filho de Deus, porque verdadeiramente a ordem e a economia desta santa alma era toda sobrenatural e divina. Muitas pessoas me disseram que, quando viam este bem-aventurado, parecia-lhes ver a Nosso Senhor na terra" (4). E São Vicente de Paulo, sempre que saia de algum encontro mantido com São Francisco de Sales, exclamava: "Ah! quão bom deve ser Deus quando o excelentíssimo Bispo de Genebra é tão bondoso! (5)
Em seu leito de morte, o resplendor de seu rosto, que já era visível em seus últimos anos de vida, aumentava por vezes muito mais, arrebatando de admiração os que o contemplavam.
Assim que faleceu, verdadeira multidão invadiu o convento das Visitandinas, em Lyon, na França, para oscular-lhe os pés, tocar-lhe tecidos em seu corpo, encostar-lhe rosários. Ao abrirem seu corpo, os médicos constataram que o fígado do Santo se petrificara com o esforço que fizera sempre para dominar seu temperamento sangüíneo, e conservar constantemente aquela suavidade e doçura, aparentemente tão naturais nele, que conquistavam os corações mais empedernidos.
O culto ao santo começou no próprio momento de sua morte. E foi sempre recompensado, algumas vezes com estupendos milagres.
Durante a peste em Lyon, as irmãs visitandinas não bastavam para distribuir ao povo pedaços de tecido tocados no corpo do santo. Em Orleans, a Madre de la Roche mergulhava uma relíquia do venerado Prelado em água, a qual era distribuida à multidão enquanto durou a peste: um tonel por dia em média. Em Crest e em Cremieux, os representantes da cidade foram à igreja da Visitação fazer, em nome da cidade, voto solene de ir em peregrinação ao sepulcro do Bispo, caso cessasse a peste. E todos foram ouvidos.
Foi Santa Joana de Chantal quem iniciou as gestões para o processo de canonização de seu pai espiritual. Recolheu seus escritos privados, cartas, mesmo rascunhos não terminados, e trabalhou com afinco nesse sentido. Escreveu a autoridades civis e eclesiásticas e mesmo a Roma, pedindo que urgissem o início do processo de beatificação.
Mas a alegria de vê-lo elevado à honra dos altares ela só a teria no Céu, pois a celeridade dos processos humanos ficavam muito aquém dos desejos de seu ardente coração.
São Francisco de Sales faleceu em 28 de dezembro de 1622, tendo sido canonizado em 19 de abril de 1665.
O Papa Pio IX declarou-o Doutor da Igreja em 7 de julho de 1877. E Pio XI, na encíclica Rerum omnium, de 1923, atribuiu-lhe o glorioso título de Patrono dos jornalistas e escritores católicos.
1 - Mons. Bougaud, Juana Francisca Fremyot, Tipografia Católica, Madrid, 1924, vol. II, pp. 95/96. 2 - Cfr. Butler Vida de los Santos, edição em espanhol, México, D.F., 1968, vol. I., p. 199. 3 - Cfr. Joh J. Delaney, Dictionary of Saints, Doubleday, New York, 1980, p. 236. 4- Carta ao Pe. Juan de San Francisco, apud Mons. Bougaud, op.cit., vol. I p. 145. 5 - Apud Mons. Bougaud, id., pp. 142, 145.

Fonte: Revista Catolicismo de Janeiro de 1999