O drama dos cristãos no Iraque e o perigo de ser esquecido, denunciado pelos bispos, numa mesa redonda na Rádio Vaticano
Um sínodo especial sobre a situação dos cristãos do Médio Oriente será pedido ao Papa pelos bispos caldeus do Iraque para sensibilizar a Igreja Católica inteira para o drama das comunidades cristãs dos lugares do Antigo e do Novo Testamento que correm o perigo de extinção. Os problemas são os mesmos no Iraque, no Líbano e e na Palestina: os cristãos deixam o país explicou D. Luís Sako, arcebispo de Kirkuk, presente em Roma com os seus irmãos no episcopado para a visita quinquenal ad limina apostolorum e que na tarde desta quarta feira participou numa mesa redonda na sede da Rádio Vaticano. Na manhã desta quinta feira Bento XVI recebeu já em audiência um grupo destes bispos.Um sínodo especial como aquele sobre a Africa que se efectuará em Roma em Outubro próximo – explicou o arcebispo de Kirkuk permitiria perceber melhor o problema. Se não existe uma visão clara, os cristãos não permanecerão no Médio Oriente e deixarão esta terra, um tempo abençoada e agora maldita. No centro do sínodo, acrescentou, deveria estar a relação com as maiorias muçulmanas.Aquele dos cristãos no Iraque permanece para o arcebispo Sako o drama no drama; uma comunidade expulsa com a força e a intimidação ,quando não mesmo com a morte, da própria casa e obrigada a viver na indigência em Damasco ou em Aman, graças ás ajudas das organizações humanitárias, com a miragem de talvez um dia poderem regressar á pátria ou criar uma nova vida nos Estados Unidos, na Austrália ou no Canadá. Uma situação que representa bem a tragedia num país que vive na tragédia desde sempre: primeiro a ditadura, depois as guerras e a ocupação, o terrorismo e as lutas entre as várias facções para o controlo dos recursos e do território, num Estado que dá a impressão de precisar ainda de ser inventado.Ao lado de Mons. Sako, presente também Mons. Basuke Georges Casmoussa, arcebispo sírio-católico de Mosul, que há três anos foi vítima de um rapto: “Já antes da chegada dos americanos, havia dificuldades, mas depois estas centuplicaram. Em todo o caso, o verdadeiro problema não são os americanos, que mais cedo ou mais tarde partirão do Iraque”.No encontro participou também Mons. Shlemon Warduni, vigário patriarcal de Bagdad que exprimiu também a preocupação de que a comunidade internacional esqueça o drama iraquiano, e em especial a situação dos cristãos. Sobre a retirada das tropas americanas, considera que “a primeira coisa a fazer é restabelecer a paz e a segurança, e depois sim, podem ir embora”. E acrescentou ainda Mons. Warduni: “A democracia não se pode impor; há que a ensinar, requer uma educação nesse sentido”. Relativamente ao novo presidente norte-americano, Barak Obama, o prelado exortou ao optimismo: “Sofremos tanto por causa da anterior Administração de Washington. Agora, alguém há-de tratar das nossas feridas”.
“Levem lá o nosso petróleo, mas deixem o nosso país” – concluiu.
Fonte: RV
Nenhum comentário:
Postar um comentário