Bruxelas - Belgica - Palácio da Justiça, onde nem tudo são flores
Cidade do Vaticano,
- O Vaticano manifestou seu "espanto" diante da abertura de túmulos, no contexto das buscas efetuadas nesta quinta-feira, pela Justiça belga, no território do Arcebispado de Malines-Bruxelas, mas reiterou sua "firme condenação contra todo e qualquer ato pecaminoso e criminoso de abuso de menores por parte de membros da Igreja".
Num comunicado oficial da Secretaria de Estado, a Santa Sé indica "a necessidade de reparar e confrontar tais atos, em conformidade com as exigências da Justiça e os ensinamentos do Evangelho".
De acordo com a imprensa da Bélgica, as buscas feitas na sede do Arcebispado, em seguida a novas denúncias contra membros do clero do país, estenderam-se à cripta da Catedral Saint Rombout, em Malines.
Os policiais estariam à procura de um dossier sobre pedofilia, que – supostamente – estaria escondido num túmulo.
A Secretaria de Estado exprimiu "vivo espanto pela modalidade com que foram feitas algumas buscas conduzidas ontem pelas autoridades judiciais belgas, e seu ressentimento pelo fato de terem sido violadas as sepulturas dos cardeais Jozef-Ernest Van Roey e Léon-Joseph Suenens, falecidos arcebispos de Malines-Bruxelas".
A nota do Vaticano comentou a ação, expressando "pesar" contra "algumas infrações à confidencialidade" "à qual têm direito as vítimas que motivaram a realização dessas buscas".
De acordo com o comunicado, as opiniões foram discutidas pessoalmente pelo secretário vaticano das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti, e pelo embaixador da Bélgica junto à Santa Sé, Charles Ghislain.
A Igreja belga é uma das atingidas pelos episódios de pedofilia denunciados, recentemente, em várias partes do mundo, e que teriam sido cometidos por membros do clero.
Em abril, o bispo emérito de Bruges, Dom Roger Joseph Vangheluwe, teve sua renúncia aceita pelo papa, após ter enviado uma carta à Santa Sé, na qual admitia ter abusado sexualmente de uma criança, durante anos.
O Santo Padre acaba de nomear o novo bispo de Bruges. Trata-se de Dom Jozef De Kesel.A busca de documentos na sede do Arcebispado belga foi condenada pela Conferência Episcopal do país.
De acordo com o porta-voz da entidade, Eric de Beukelaer, a medida "vai contra o direito à reserva, que deve ser garantido às vítimas" de pedofilia.
"Não foi uma experiência agradável, mas tudo se desenvolveu de modo correto" – disse ele.
Por sua vez, o arcebispo de Malines-Bruxelas, Dom André Joseph Leonard, primaz da Bélgica, afirmou que a magistratura "tinha o direito de fazer aquilo que desejava", mas que ficou "chocado" pelo método adotado.
Dom Leonard enfatizou que durante as buscas "foram abertos túmulos na catedral e confiscados computadores e os livros de contabilidade sobre a administração do pessoal". (AF)
Fonte: RV
Nenhum comentário:
Postar um comentário