923 milhões de famintos num mundo que desperdiça comida
Cáritas apóia a campanha «Direito à alimentação. Urgente»
Cáritas apóia a campanha «Direito à alimentação. Urgente»
MADRI,
-Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, celebrado ontem, a Campanha «Direito à alimentação. Urgente» denuncia que 923 milhões de pessoas passam fome e desnutrição em todo o mundo.
São 75 milhões a mais que no ano passado, apesar de que o mundo é mais rico que nunca e que as colheitas de 2007 bateram recordes, segundo denuncia a Cáritas Espanha em um comunicado recebido pela Zenit.
O número de pessoas famintas passou, no último ano, de 854 milhões a 923 milhões, explica o informe.
Por trás deste aumento está a subida do preço dos alimentos, que foi, em média, de 52% entre 2007 e 2008. Alguns produtos básicos como o arroz sofreram um aumento de mais de 200%.
O aumento dos preços dos alimentos não se deve à falta de produção, nem à redução das colheitas pela mudança climática ou à influência dos agro-combustíveis: as colheitas de 2007 bateram recordes enquanto a produção de combustíveis de origem vegetal compete com a de produtos alimentícios no uso dos recursos – água, terra, sementes –, mas não provoca o descenso da produção.
A causa do aumento de preços, portanto, deve ser buscada nas políticas agrárias das últimas décadas, centradas na rentabilidade comercial dos alimentos, ao invés de garantir o direito à alimentação, e na especulação financeira em mercados de futuro e fundos de investimento com os produtos alimentícios, afirma a Cáritas.
Graças às receitas das instituições financeiras como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, nos anos 80 a agricultura deixou de ser uma prioridade para a maioria dos países em desenvolvimento, que abandonaram os cultivos orientados à alimentação da população visando à produção destinada à exportação, explica a instituição de caridade católica.
Os países industrializados, enquanto isso, aprovavam programas milionários de subsídios agrários para sua agricultura, o que permitia a comercialização de seus produtos a preços mais baratos. Países que historicamente eram produtores de alimentos se converteram em importadores de alimentos subsidiados, o que, unido à falta de investimento em tecnologia, sistemas de marcas, capacitação, infra-estruturas... terminou por fundir as agriculturas locais.
Especulação com alimentos
Nos últimos anos, a instabilidade financeira das Bolsas internacionais dirigiu os investimentos de novo para as matérias-primas, que se converteram em valores seguros com os quais especular. Para protegê-los, foram colocadas em andamento medidas como a restrição das exportações, e o produto circulante se reduziu cada vez mais diante da mesma demanda e, portanto, os preços aumentaram, explica a Cáritas.
«Quando três de cada quatro pessoas que passam fome, 75% dos famintos, são trabalhadores do mundo rural, ou seja, produtores de alimentos, e geram alimentos para o dobro de habitantes que atualmente há no planeta, evidencia-se que a violação do direito à alimentação é um problema de acesso aos produtos e recursos suficientes e adequados para satisfazer as necessidades alimentares de todos os habitantes do planeta.»
Recomendações
Nesta situação, a campanha «Direito à alimentação. Urgente», apoiada pela Cáritas, faz estas recomendações:
Países com crescimento econômico sustentável não conseguiram melhorar seus dados de desnutrição porque lutar contra a pobreza não implica necessariamente lutar contra a fome. Enfrentar a violação do direito humano fundamental à alimentação requer medidas específicas, que devem ser tomadas no âmbito jurídico e político dos direitos humanos.
A crise alimentar deve ser vista como uma oportunidade para examinar a situação alimentar mundial, fazer um diagnóstico em um contexto de mudança climática e crescimento demográfico importante e, a partir daí, estabelecer um «mapa» desde a soberania alimentar, que inclua as dimensões social, política, ambiental e nutricional da alimentação.
Ainda que a FAO identifique a bioenergia e a mudança climática como os principais desafios que a segurança alimentar mundial enfrenta, o desafio está em decidir o que, para que, para quem e como se quer produzir. O resto são circunstâncias a enfrentar, como foram outras no passado.
O fim da fome precisa do regresso a políticas agrárias planejadas em função das necessidades da população e com a participação dos agricultores, respeitosos com relação ao meio ambiente e que não tenham por objetivo final o comércio, mas a realização do direito à alimentação das pessoas.
São 75 milhões a mais que no ano passado, apesar de que o mundo é mais rico que nunca e que as colheitas de 2007 bateram recordes, segundo denuncia a Cáritas Espanha em um comunicado recebido pela Zenit.
O número de pessoas famintas passou, no último ano, de 854 milhões a 923 milhões, explica o informe.
Por trás deste aumento está a subida do preço dos alimentos, que foi, em média, de 52% entre 2007 e 2008. Alguns produtos básicos como o arroz sofreram um aumento de mais de 200%.
O aumento dos preços dos alimentos não se deve à falta de produção, nem à redução das colheitas pela mudança climática ou à influência dos agro-combustíveis: as colheitas de 2007 bateram recordes enquanto a produção de combustíveis de origem vegetal compete com a de produtos alimentícios no uso dos recursos – água, terra, sementes –, mas não provoca o descenso da produção.
A causa do aumento de preços, portanto, deve ser buscada nas políticas agrárias das últimas décadas, centradas na rentabilidade comercial dos alimentos, ao invés de garantir o direito à alimentação, e na especulação financeira em mercados de futuro e fundos de investimento com os produtos alimentícios, afirma a Cáritas.
Graças às receitas das instituições financeiras como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, nos anos 80 a agricultura deixou de ser uma prioridade para a maioria dos países em desenvolvimento, que abandonaram os cultivos orientados à alimentação da população visando à produção destinada à exportação, explica a instituição de caridade católica.
Os países industrializados, enquanto isso, aprovavam programas milionários de subsídios agrários para sua agricultura, o que permitia a comercialização de seus produtos a preços mais baratos. Países que historicamente eram produtores de alimentos se converteram em importadores de alimentos subsidiados, o que, unido à falta de investimento em tecnologia, sistemas de marcas, capacitação, infra-estruturas... terminou por fundir as agriculturas locais.
Especulação com alimentos
Nos últimos anos, a instabilidade financeira das Bolsas internacionais dirigiu os investimentos de novo para as matérias-primas, que se converteram em valores seguros com os quais especular. Para protegê-los, foram colocadas em andamento medidas como a restrição das exportações, e o produto circulante se reduziu cada vez mais diante da mesma demanda e, portanto, os preços aumentaram, explica a Cáritas.
«Quando três de cada quatro pessoas que passam fome, 75% dos famintos, são trabalhadores do mundo rural, ou seja, produtores de alimentos, e geram alimentos para o dobro de habitantes que atualmente há no planeta, evidencia-se que a violação do direito à alimentação é um problema de acesso aos produtos e recursos suficientes e adequados para satisfazer as necessidades alimentares de todos os habitantes do planeta.»
Recomendações
Nesta situação, a campanha «Direito à alimentação. Urgente», apoiada pela Cáritas, faz estas recomendações:
Países com crescimento econômico sustentável não conseguiram melhorar seus dados de desnutrição porque lutar contra a pobreza não implica necessariamente lutar contra a fome. Enfrentar a violação do direito humano fundamental à alimentação requer medidas específicas, que devem ser tomadas no âmbito jurídico e político dos direitos humanos.
A crise alimentar deve ser vista como uma oportunidade para examinar a situação alimentar mundial, fazer um diagnóstico em um contexto de mudança climática e crescimento demográfico importante e, a partir daí, estabelecer um «mapa» desde a soberania alimentar, que inclua as dimensões social, política, ambiental e nutricional da alimentação.
Ainda que a FAO identifique a bioenergia e a mudança climática como os principais desafios que a segurança alimentar mundial enfrenta, o desafio está em decidir o que, para que, para quem e como se quer produzir. O resto são circunstâncias a enfrentar, como foram outras no passado.
O fim da fome precisa do regresso a políticas agrárias planejadas em função das necessidades da população e com a participação dos agricultores, respeitosos com relação ao meio ambiente e que não tenham por objetivo final o comércio, mas a realização do direito à alimentação das pessoas.
Fonte: ZENIT.org
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