"O TERÇO É 'ARMA' ESPIRITUAL NA LUTA CONTRA O MAL"

O PAPA NO SANTUÁRIO MARIANO DE POMPÉIA: "O TERÇO É 'ARMA' ESPIRITUAL NA LUTA CONTRA O MAL"

Pompéia, 19 out (RV) - Na manhã deste domingo, Bento XVI realizou uma breve visita pastoral ao santuário de Nossa Senhora do Santo Rosário de Pompéia, sul da Itália.

O Santo Padre celebrou a Missa, no decorrer da qual recitou a "Súplica", a célebre oração do fundador do santuário, o bem-aventurado Bartolo Longo.

Bartolo Longo nasceu em Brindisi, na Itália, em 1841. No período dos estudos universitários em Nápoles, afastou-se da fé cristã, influenciado por filósofos imanentistas e positivistas, tornando-se um militante anticlerical. Todavia, sua conversão o fez abandonar a brilhante carreira, para dedicar-se às obras de caridade.

Bartolo Longo projetou um centro de devoção mariana com obras assistenciais, e o lugar escolhido foi a antiga cidade de Pompéia, sepultada debaixo das cinzas após a violenta erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.c. Em 1880, deu-se início à construção do santuário em homenagem a Nossa Senhora do Santo Rosário, que se tornou um centro mariano internacional.

Em torno deste santuário, foi construída a atual cidade de Pompéia.Na homilia, Bento XVI explicou o motivo de sua visita: seguindo as pegadas do Servo de Deus João Paulo II, deseja confiar à Mãe de Deus a Assembléia do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano, sobre o tema da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja.

A visita do papa coincide também com o Dia Mundial das Missões, celebrado hoje: "Contemplando em Maria Aquela que acolheu em si o Verbo de Deus e o doou ao mundo, rezaremos por aqueles que na Igreja gastam suas energias a serviço do anúncio do Evangelho a todas as nações".

Comentando as leituras do dia, Bento XVI faz uma analogia entre Israel e Maria. Israel é designado com os apelativos de "filha de Sião" e "filha de Jerusalém", e é convidado a exultar "rejubila... solta gritos de alegria".

O mesmo pedido feito pelo anjo Gabriel a Maria, "alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo", "não temas, Maria".

O motivo da confiança, afirmou o papa, é o mesmo: a presença do Senhor é fonte de alegria, porque onde Ele está, o mal é derrotado e a vida e a paz triunfam.

"Sim, o amor de Deus tem este poder: renovar todas as coisas, a partir do coração humano, que é a sua obra-prima e onde o Espírito melhor atua a sua ação transformadora.

Com a sua graça, Deus renova o coração do homem, perdoando o seu pecado, o reconcilia e infunde nele o ímpeto para o bem.

"Sobre a segunda leitura, extraída da Carta aos romanos, Bento XVI disse que ali está traçado o programa de vida de uma comunidade cristã, cujos membros foram renovados pelo amor e se esforçam em renovar-se continuamente para discernir sempre a vontade de Deus e não recair no conformismo da mentalidade mundana.

Pompéia, apesar dos limites próprios de toda realidade humana, é um exemplo desta nova civilização, que surgiu e progrediu sob o olhar materno de Maria. "Como tantas vezes reiteraram meus predecessores, a característica da civilização cristã é a caridade: o amor de Deus que se traduz em amor ao próximo", explicou Bento XVI.

O papa citou como exemplo dessa caridade Bartolo Longo e as muitas iniciativas de caridade em prol dos irmãos mais necessitados. Impulsionado pelo amor, ele foi capaz de projetar uma nova cidade, que surgiu depois em torno do santuário mariano.

Não se trata de uma "catedral no deserto", isolada do mundo, mas inserida no território para resgatá-lo e promovê-lo.

"A história da Igreja, graças a Deus, é rica de experiências deste tipo, e também hoje inúmeras delas estão presentes em todas as partes do mundo. São experiências de fraternidade, que mostram a face de uma sociedade diferente, inserida como fermento dentro do contexto civil.

De fato, a força da caridade é irresistível: é o amor que leva o mundo adiante!"Citando novamente Bartolo Longo, Bento XVI afirmou que a história de sua crise espiritual é hoje de grande atualidade. Como São Paulo, de perseguidor ele se tornou apóstolo.

"A sua conversão, com a descoberta da verdadeira face de Deus, contém uma mensagem muito eloqüente para nós", disse o papa, porque, infelizmente, não faltam nos nossos dias tendências anticlericais.Contudo, continuou o pontífice, aonde Deus chega, o deserto floresce. Pompéia, portanto, é uma demonstração histórica de como Deus transforma o mundo: isto é, preenchendo de caridade o coração do homem e fazendo dele um "motor" de renovação religiosa e social. Pompéia é um exemplo de como a fé pode atuar na cidade do homem, suscitando apóstolos de caridade que se põem a serviço das crianças e dos pobres, e agem para que também os últimos sejam respeitados em sua dignidade e encontrem acolhimento e promoção.

Em Pompéia, acresentou o papa, se entende que o amor por Deus e o amor ao próximo são inseparáveis.

Este santuário e esta cidade continuam a ser sempre ligados a um dom especial de Maria: a oração do Terço.

"O Terço é oração contemplativa acessível a todos: grandes e pequenos, leigos e clérigos, cultos e pouco instruídos. É vínculo espiritual com Maria para permanecer unidos a Jesus, para conformar-se a Ele, assimilar seus sentimentos e comportar-se como Ele se comportou.

O Terço é 'arma' espiritual na luta contra o mal, contra toda violência, pela paz nos corações, nas famílias, na sociedade e no mundo." No final da missa, o Santo Padre, diante da imagem da bem-aventurada Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, pronunciou a Súplica escrita pelo bem-aventurado Bartolo Longo. (BF)

Fonte: RV