3ª PARTE - CANONIZAÇÃO - CAP. 2
O culto dos santos na Igreja após o Concílio Vaticano II
O culto dos santos na Igreja de fato é fundamentalmente culto a Deus, admirável nos seus santos. Deus é glorificado pelas suas maravilhas operadas nos santos.
O Concílio Vaticano II restaurou a centralidade do culto cristão, centrando-o no mistério pascal de Cristo.
A Sacrosanctum Concilium pede a reforma do Calendário, colocando no centro Jesus Cristo nos seus mistérios. Em seguida, fala do culto a Maria e por último, do culto dos mártires e outros santos.
Jesus Cristo: - “A Santa Mãe Igreja julga seu dever celebrar em certos dias do decurso do ano, com piedosa recordação, a obra salvífica de seu divino Esposo.
Em cada semana, no dia que ela chamou Domingo, comemora a Ressurreição do Senhor, celebrando-a uma vez também na solenidade máxima da Páscoa, juntamente com sua sagrada Paixão.
No decorrer do ano, a Igreja revela todo o Mistério de Cristo, desde a Encarnação e Natividade até a Ascensão, o dia de Pentecostes e a expectação da feliz esperança e vinda do Senhor. Relembrando destarte os Mistérios da Redenção, franquia aos fiéis as riquezas do poder santificador e dos méritos de seu Senhor, de tal sorte que, de alguma forma, os torna presentes em todo o tempo, para que os fiéis entrem em contacto com eles e sejam repletos da graça da salvação” (SC 102).
Falando do Domingo, a Páscoa semanal, diz: “As outras celebrações não se lhe anteponham, a não ser que realmente sejam de máxima importância, por ser o domingo o fundamento e o núcleo do ano litúrgico” (SC 106).
Maria: - Tendo falado de Cristo e de seus mistérios celebrados durante o Ano Litúrgico, o Concílio fala de Maria: “Nesta celebração anual dos mistérios de Cristo, a Santa Igreja venera com especial amor a Bem-aventurada Mãe de Deus Maria, que por um vínculo indissolúvel está unida à obra salvífica de seu Filho; nela admira e exalta o mais excelente fruto da Redenção e a contempla com alegria como uma puríssima imagem daquilo que ela mesma anseia e espera ser” (SC 103).
Nela, portanto, a Igreja celebra os mistérios de Cristo, nela admira e exalta o mais excelente fruto da Redenção, contempla a imagem daquilo que ela, a Igreja mesma, anseia e espera ser.
Os outros santos: - Num terceiro momento, a Constituição conciliar trata do lugar dos outros santos no Ano litúrgico: “No decorrer do ano a Igreja inseriu ainda as memórias dos Mártires e dos outros Santos, que, conduzidos à perfeição pela multiforme graça de Deus e recompensados com a salvação eterna, cantam nos céus o perfeito louvor de Deus e intercedem em nosso favor. Pois nos natalícios dos Santos ela prega o mistério pascal vivido pelos Santos que com Cristo sofreram e foram glorificados e propõe seu exemplo aos fiéis, para que atraia por Cristo todos ao Pai e por seus méritos impetre os benefícios de Deus” (n. 104).
No Concílio a Igreja propõe uma reforma em relação ao culto dos santos: “Os Santos sejam cultuados na Igreja segundo a tradição.
Suas relíquias autênticas e imagens sejam tidas em veneração.
Pois as festas dos Santos proclamam as maravilhas de Cristo operadas em seus servos e mostra aos fiéis os exemplos oportunos a serem imitados.
Que as festas dos Santos não prevaleçam sobre as que recordam os mistérios da salvação. Muitas destas festas sejam deixadas à celebração de alguma Igreja particular, Nação ou Família Religiosa, estendendo-se somente à Igreja toda, aquelas que comemoram os Santos que manifestam de fato importância universal” (n. 111).
À luz dos ensinamentos do Concílio podemos destacar três aspectos do culto dos santos.
Deus é admirável nos seus santos: A graça de Deus foi e continua sendo vitoriosa não somente em Jesus Cristo, a Cabeça, mas também em seus membros, em todos aqueles que o testemunharam na força do Espírito Santo.
Em outras palavras, Deus realizou maravilhas em seu Filho Jesus e em todos os seus santos. Assim, na comemoração dos santos mártires e de todos os santos e santas a Igreja proclama as maravilhas de Deus, da sua graça, da sua santidade transmitida aos seus filhos e filhas.
Os santos, modelos de vida dos discípulos de Cristo: - Nos santos a Igreja proclama as maravilhas de Cristo operadas em seus servos, mostrando aos fiéis os exemplos oportunos a serem imitados. Cada santo e cada santa revelam e conduzem a Cristo.
Cada categoria de santos, apóstolos, evangelistas, mártires, santas virgens, missionários, pastores, santos e santas que se dedicaram aos enfermos, aos jovens, à infância, os que se dedicaram à oração e à contemplação, revela o mistério de Cristo como tal e algum aspecto especial desse mistério, alguma faceta da mensagem do Evangelho.
Assim, nos Apóstolos a Igreja celebra sempre todo o mistério de Cristo e, particularmente, a vocação e a missão da Igreja.
Nos mártires, ela comemora a Igreja toda ela chamada a dar testemunho de Cristo. Nas santas virgens, o amor em plenitude que se deve a Deus.
Nos santos contemplativos, a dimensão orante da Igreja e da vida de cada cristão e cristã. Nos santos e santas que se dedicaram aos enfermos, lembra que todo cristão deve viver o espírito das obras de misericórdia. Poderíamos continuar a analisar outros grupos de santos. Portanto, cada santo e santa revelam o mistério pascal de Cristo no seu todo e alguma faceta especial do mistério de Cristo, do Santo Evangelho.
Por isso, a Igreja pode dizer: “Nos natalícios dos Santos a Igreja prega o mistério pascal vivido pelos Santos que com Cristo sofreram e foram glorificados e propõe seu exemplo aos fiéis, para que atraia por Cristo todos ao Pai”.
Os santos e santas são exemplos propostos pela Igreja para serem imitados. Eles constituem de certa maneira o Evangelho vivido por discípulos do Senhor Jesus. Cada fiel hoje, particularmente na comemoração dos santos, pode aprender uma lição de vida para o seu seguimento de Cristo.
Os santos, intercessores junto a Deus: - Fazendo memória das maravilhas da graça de Deus realizadas nos santos por Cristo e em Cristo, na força do Espírito Santo, a Igreja lembra, coloca diante de Deus essas maravilhas e pede: “Ó Deus, que realizastes tais e tais maravilhas da vossa graça em tal ou tal santo ou santa, renovai agora para com a Igreja, para com cada fiel ainda a caminho aquelas maravilhas”.
A oração da Igreja não se dirige diretamente aos santos. Dirige-se sempre a Deus, falando recordando as maravilhas realizadas nos santos. E pede que renove, nos fiéis, o que realizou nos santos. “Por seus méritos a Igreja impetra os benefícios de Deus”.
Desta forma, os santos e santas se tornam intercessores junto a Deus em favor dos fiéis. Infelizmente a cultura religiosa popular em geral permanece neste aspecto do santo das graças e das bênçãos.
Este aspecto é secundário no culto dos santos como o propõe a Igreja.
O que chama a atenção no culto dos santos proposto pela Igreja, é a centralidade do mistério pascal de Cristo.
“Nos natalícios dos Santos a Igreja prega o mistério pascal vivido pelos Santos que com Cristo sofreram e foram glorificados e propõe seu exemplo aos fiéis, para que atraia por Cristo todos ao Pai”.
Celebração da canonização
A partir de 1584, quando o Martirológio se tornou livro oficial, cada santo novo passou a ser nele inscrito, cumprindo-se à risca o que prescreve a fórmula de canonização pronunciada pelo Papa: “Nós declaramos e definimos que o bem-aventurado N. é santo.
Nós o inscrevemos no catálogo dos santos e decretamos que em toda a Igreja ele seja honrado entre os santos”.
Não existe propriamente um Ritual de Canonização dos Santos. Ela se realiza numa Missa festiva de Ação de graças, dentro da qual é proclamada a fórmula de canonização pronunciada pelo Papa. O Prefeito da Congregação das Causas do Santos faz o pedido ao Papa.
Segue-se a Ladainha de Todos os Santos e, em seguida, o Papa pronuncia a fórmula de canonização.
Pode-se dizer que a Celebração eucarística da canonização constitui a primeira celebração do Santo.
A Palavra de Deus pode realçar a mensagem evangélica marcante vivida pelo santo, a homilia realçará a mensagem do bem-aventurado que solenemente vai ser declarado santo. Depois, sim, pode ser elaborado um formulário de Missa em honra do santo canonizado. Pode ser em favor de toda a Igreja, para um país, uma região ou uma família religiosa. Tal formulário deve ser aprovado pela Sé Apostólica.
Nem todos os santos canonizados são comemorados anualmente pela Igreja universal, nem todos recebem formulários de Missa própria. Costuma ser própria do santo ou do bem-aventurado a oração do dia, chamada coleta.
Canonização de Frei Galvão
Frei Galvão? - Como este novo santo, quando canonizado, vai ser chamado oficialmente, particularmente nos textos litúrgicos?
Em sua beatificação insistiu-se no nome Frei Galvão. A Liturgia, porém, não costuma usar o título do santo, a não ser no caso dos Apóstolos, apóstolo São Paulo, apóstolo São Pedro, apóstolo Santo André etc.
Uma ou outra vez, fala-se em abade tal, ou o mártir tal, presbítero tal, mas estes títulos expressam mais uma categoria do santo.
Não se usa no caso de religiosos e de religiosas, missionários, pastores e assim por diante. No Brasil falou-se em Madre Paulina, mas quando foi canonizada, começou a ser chamada simplesmente Santa Paulina e não Santa Madre Paulina ou Madre Santa Paulina.
Como será com Frei Galvão? Seu nome é Antônio de Santana Galvão.
É muito longo.
A expressão “São Frei Galvão” não parece muito feliz. Poderia ser simplesmente, Santo Antônio. Mas, Santo Antônio é o de Pádua ou de Lisboa, ou simplesmente o nosso Santo Antônio. Existem outros Santo Antônio.
Por exemplo, Santo Antônio Maria Claret, Santo Antônio Maria Zaccaria.
O nosso Santo Antão também é Antônio. Penso que o nome mais adequado para o novo santo nas orações seria Santo Antônio Galvão.
O de Santana ficaria para os livros e notas biográficas.
A mensagem de Santo Antônio Galvão: - No Calendário litúrgico da Ordem Franciscana ele consta como Bem-aventurado Antônio de Santana Galvão, presbítero, da Ordem I.
Ele é apresentado à Igreja e aos fiéis em geral como religioso franciscano e como presbítero, em linguagem popular, padre franciscano.
Distinguiu-se em sua vida como franciscano. É claro, então, que ele testemunha os diversos aspectos do carisma franciscano na Igreja, carisma inspirado em São Francisco de Assis: a oração, a obediência, a pobreza e a fraternidade.
A oração do dia ou oração coleta elaborada por ocasião de sua beatificação reza: “Deus, Pai misericordioso, que fizestes o Bem-aventurado Antônio de Santana Galvão um instrumento de caridade e de paz no meio dos irmãos e irmãs, concedei-nos, por sua intercessão, favorecer sempre a verdadeira concórdia”.
Frei Galvão é visto, pois, como instrumento de caridade e de paz no meio dos irmãos e irmãs.
Pelo fato de ter-se desdobrado na construção do Mosteiro da Luz, em São Paulo, ajudando pessoalmente na construção trabalhando com os outros operários, foi declarado pela Arquidiocese de São Paulo patrono da construção civil. Isso certamente tem sua razão de ser.
Se, porém, analisarmos a vida e a atividade caritativa de Frei Galvão, vemos nele outros aspectos muito ricos. Frei Galvão foi um grande promotor e defensor da vida nascitura. Frei Galvão era procurado para interceder junto a Deus em favor de casais que não conseguiam ter filhos, sendo freqüentemente atendidos.
Além disso, era com freqüência, chamado para rezar em casos de partos difíceis. Pelas suas preces esses casos tinham uma solução feliz.
Nesta linha de pensamento podemos compreender as chamadas “pílulas de fecundidade de Frei Galvão”, com mensagem de Nossa Senhora da Conceição. A mensagem da tirazinha de papel dobrada soava assim: “Post partum, Virgo, inviolata permansisti. Dei Genetrix, intercede pro nobis”, que significa: “Após o parto, ó Virgem, permaneceste inviolada. Mãe de Deus, intercede por nós”.
O fato de se engolir a tira de papel dobrado com a prece a Nossa Senhora, reconhecida como Mãe de Deus, a Imaculada, bem entendido, não precisa causar estranheza.
O profeta Ezequiel (cf. Ez 2,9-3,5), bem como o Livro do Apocalipse (cf. Ap 10,8-11) fala em devorar o livro. Comer o livro ou devorar o livro significa assimilar a mensagem. Quem é chamado e enviado a profetizar, antes, deve acolher e assimilar a mensagem para poder testemunhá-la.
Comer e beber significa tornar seu, assimilar. Jesus mesmo manda comer sua carne e beber o seu sangue (cf. Jo 6,53.-56). Na Eucaristia, os discípulos de Cristo são convidados a comer a Ceia do Senhor, a comer o Corpo do Senhor e beber o Sangue do Senhor.
Na Sagrada Liturgia comer e beber constitui um rito sagrado, uma ação simbólica profética, uma forma de oração, de comunhão com Deus, nas virtudes da fé, da esperança e da caridade. Assim podemos entender a chamada “pílula de Frei Galvão”. Engolir, comer a “pílula” significa, então, assimilar a mensagem contida na tira de papel dobrado, significa proclamar Maria como Mãe de Deus, Imaculada e sempre Virgem, significa colocar a confiança na intercessão da Virgem Imaculada, Mãe de Deus, Maria.
O que importa é que o uso das “pílulas” constitua uma expressão de fé e de esperança e não uma forma de magia, como se a “pílula” tivesse por si mesma um poder miraculoso.
O amor e o respeito à vida, sobretudo à vida que está para nascer constitui, com certeza, uma importante mensagem para a sociedade de hoje.
Frei Galvão deu testemunho do “Evangelho da vida”.
A festa de Santo Antônio Galvão
Podemos dizer que a canonização constitui a primeira celebração do bem-aventurado sendo declarado santo.
Após sua canonização Frei Galvão poderá ser comemorado todos os anos pela Igreja.
Por ocasião da beatificação, a data de sua comemoração foi estabelecida no dia 25 de outubro. Certamente continuará a ser assim.
Na celebração do seu natal, do seu nascimento para Deus, como na comemoração de qualquer santo ou santa, a Igreja celebra e proclama o mistério pascal de Cristo, sua morte e ressurreição, a obra da salvação realizada por Cristo e em Cristo.
Frei Galvão foi santificado em sua vida e em sua morte; ele participa para sempre da santidade de Deus, o verdadeiramente santo.
Comemoram-se nele diversos aspectos do mistério de Cristo como a oração, a fraternidade, a pobreza evangélica, o apostolado. Comemora-se também o Evangelho da vida, sobretudo dos nascituros. Além disso, Frei Galvão deixou um esplêndido exemplo de trabalho.
Nele transparece a vocação de todos os cristãos chamados a serem instrumentos de caridade e de paz, inclusive, através do trabalho, qualquer que ele seja.
Tendo sido apresentado pela Igreja como modelo de vida cristã, os fiéis poderão espelhar-se sempre de novo em suas virtudes como a oração, a geração de uma sociedade sempre mais justa e fraterna, o espírito de pobreza evangélica no relacionamento com os bens materiais, a promoção da vida, o respeito à vida que está para nascer ou se encontra em perigo, vítima da fome, da doença e da violência, bem como o trabalho, qualquer que seja, realizado com amor e na caridade.
Para realizar esse ideal de vida cristã todos podem invocá-lo junto a Deus: “Santo Antônio Galvão, rogai por nós”!
Frei Alberto Beckhäuser, OFM
Fonte: Franciscanos
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Uma Capela cheia de segredos !Você quer descobri-la conosco? Saiba, antes de tudo, que a Casa Mãe da Companhia das Filhas da Caridade era o antigo "Hotel de Châtillon". Este, foi concedido à Companhia, em 1813, por Napoleão Bonaparte, depois da tormenta da Revolução Francesa. Imediatamente, começa a construção da Capela.A 8 de agosto de 1813, realizou-se a bênção solene da Capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Em 1830, aconteceram então as aparições. Aumentou o numero de vocações.Foi necessário transformar a Capela, que passa então por várias modificações. Em 1930, por ocasião do centenário das apariçes, uma nova reforma nos mostra a Capela tal como a vemos hoje.Agora, a você a oportunidade de visitá-la!
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