BENTO XVI: CRISTIANISMO É SERVIR O EVANGELHO E OS POBRES
Cidade do Vaticano,
- Na Igreja, existem diversos carismas, mas o que importa é que cada cristão seja fiel à verdade do Evangelho e se dedique a servir os mais pobres, com a "franqueza" e a liberdade de São Paulo. Ao apóstolo Paulo _ apóstolo dos gentios _ Bento XVI dedicou sua reflexão, na Audiência Geral desta quarta-feira, na Praça São Pedro, repleta de fiéis e peregrinos provenientes dos mais diversos recantos do mundo.Em sua catequese, o pontífice analisou dois momentos-chaves na vida de São Paulo: o Concílio de Jerusalém e o chamado "incidente de Antioquia".Existe uma palavra, na experiência humana, que abre sempre infinitos horizontes e que assume significados ainda mais profundos, à luz da mensagem de Cristo. Esta palavra é "liberdade". Bento XVI citou-a insistentemente, esta manhã, exaltando o apóstolo que mais expressou a sua força, isto é, a força da palavra "liberdade", graças à sua fé cristalina: São Paulo. Mas a liberdade como ele a entende, tem características precisas, explicou o papa: nasce do Espírito Santo, é coerente com a "verdade do Evangelho" e jamais esquece os pobres. Nesse contexto, o Santo Padre precisou: "A liberdade cristã não se identifica jamais com a libertinagem ou com o arbítrio de se fazer o que bem se quiser; ela atua na conformidade a Cristo e, portanto no autêntico serviço aos irmãos, sobretudo os mais necessitados."A "coleta" realizada em favor dos pobres _ acrescentou o pontífice _ envolveu todas as Igrejas fundadas por Paulo no Ocidente. "Não foi obrigatória, mas livre e espontânea" _ observou Bento XVI _ testemunhando que, no âmbito da Igreja, o amor pelos pobres e o culto caminham juntos pela mesma estrada. "Tratou-se _ disse o papa _ de uma iniciativa totalmente nova no panorama das atividades religiosas. A coleta exprimia o débito das suas comunidades para com a Igreja-mãe, na Palestina, da qual haviam recebido o dom do Evangelho. É tão grande o valor que Paulo atribui a esse gesto de compartilhar, que ele raramente o chama apenas de "coleta". Para ele, essa "coleta" é muito mais: é serviço, bênção, amor, graça e liturgia."No que diz respeito ao "incidente de Antioquia", Pedro, para não escandalizar os cristãos que observavam as normas sobre a pureza alimentar, deixou de comer com os pagãos. Paulo reagiu, acusando Pedro de "hipocrisia". Na verdade _ observou o papa _ Pedro e Paulo tinham preocupações diversas, todavia _ concluiu _ o incidente de Antioquia "é uma lição que devemos também aprender". "Com os carismas diversos confiados a Pedro e Paulo, deixemo-nos, todos, guiar pelo Espírito, buscando viver na liberdade que encontra a sua orientação na fé em Cristo, e se concretiza no serviço aos irmãos. Essencial é sermos sempre mais conformes a Cristo. É assim que nos tornamos realmente livres, assim se expressa em nós o núcleo mais profundo da Lei: o amor a Deus e ao próximo."Ao término de sua catequese, o Santo Padre saudou os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes, falando-lhes em suas respectivas línguas, convidando os fiéis a rezarem pela próxima assembléia sinodal, que terá lugar no Vaticano, de 5 a 26 de outubro. A seguir, concedeu a todos a sua bênção apostólica."Amados irmãos e irmãs, aos peregrinos de língua portuguesa que vieram de Portugal e do Brasil, saúdo cordialmente com estima e sincero afeto. Seguindo os passos da catequese de hoje, faço votos por que possais acompanhar, unidos às intenções do papa, as celebrações e o desenrolar da XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, subordinada ao tema: "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja". Todo Concílio e Sínodo são, com efeito, um evento do Espírito. Por isso, ajudados pelos dons do Altíssimo, confiamos no sucesso deste significativo acontecimento eclesial. Que Deus vos abençoe!" (AF)
Fonte: RV
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