REPRESENTANTE DO VATICANO FALA SOBRE DIREITOS HUMANOS AO RECEBER DOUTORADO HONORIS CAUSA
Buenos Aires,
- Uma sociedade dos direitos desvinculados dos deveres a eles relacionados. Direitos que na realidade são desejos individuais, "sem nenhuma referência a valores fundados, a deveres e responsabilidades". É assim que ocorre que "fortes poderes transnacionais": lançam campanhas para induzir os países, individualmente considerados, a aprovar leis que liberalizem o aborto e a eutanásia, ou que permitam manipulações genéticas "selvagens", ou levem à equiparação entre matrimônio e uniões livres.
"É o que o então Cardeal Joseph Ratzinger chamou de ditadura do relativismo."Em síntese, essa é uma das passagens que constituiu a lectio magistralis feita ontem _ terça-feira _ em Mar del Plata, na Argentina, pelo subsecretário do Pontifício Conselho para os Leigos, Guzmán Carriquirry, durante a cerimônia que o agraciou com o doutorado Honoris Causa a ele concedido, pela Universidade FASTA.
A conferência do representante vaticano foi centralizada no tema dos direitos humanos, a 60 anos da Declaração Universal promulgada pelas Nações Unidas.
Após um excursus sobre a evolução do pensamento em relação ao assunto em causa, Guzmán Carriquirry se deteve sobre a vigorosa retomada do "direito natural" feita por João Paulo II em seu longo pontificado."Atualmente _ observou o subsecretário do organismo vaticano _ a tradição do direito natural exige ser reformulada, seja para a ampliação dos horizontes da razão"; seja "para o desenvolvimento de uma ontologia da participação, da antropologia e da ética que dela derivam; seja considerando os avanços científicos e culturais do nosso tempo; seja à luz da profundidade histórica da sabedoria humana que se expressa, sobretudo, mediante as tradições religiosas".
A Igreja católica "se faz custódia e advogada de ‘princípios não negociáveis’ necessários para uma autêntica convivência humana". Trata-se de princípios que se traduzem em direitos baseados "na lei natural inscrita no coração do homem, presente nas diversas culturas e civilizações" _ prosseguiu o representante vaticano.Durante sua histórica visita à ONU _ recordou Guzmán Carriquirry _, Bento XVI propôs "reencontrar em nosso tempo a convergência de tradições culturais e religiosas a fim de colocar sempre a pessoa humana no centro das instituições, das leis e das intervenções da sociedade".
A fim de respeitar e promover os direitos humanos em sua "universalidade, indivisibilidade e interdependência" como "linguagem comum e substrato ético das relações internacionais", e ainda _ concluiu _ como "a estratégia mais eficaz para eliminar as desigualdades entre países e grupos sociais", para combater o terrorismo e aumentar a segurança. (RL)
Fonte: RV
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