Conferência de Lambeth: Anglicanos conseguem manter unidade periclitante
A Conferência de Lambeth, reunião magna da Comunhão Anglicana, chegou ao fim com um compromisso dos 657 Bispos presentes em manter a unidade, após as várias ameaças de cisma por causa da ordenação episcopal de mulheres e homossexuais. O consenso obtido passou para um documento final recheado de intenções teóricas, mas sem quaisquer aplicações práticas, de momento. Cerca de 230 Bispos, quase um quarto do total dos anglicanos, boicotaram a Conferência, por causa da presença de representantes episcopalianos, o ramo norte-americano da Comunhão Anglicana. O Primaz anglicano e Arcebispo da Cantuária, Rowan Williams, decidiu não convidar o primeiro bispo anglicano abertamente homossexual, Gene Robinson, cuja ordenação nos EUA, em 2003, provocou sérias divisões. No discurso de encerramento, o Primaz admitiu que ainda não foram resolvidos os problemas pendentes. Rowan Williams defendeu a necessidade de um "pacto futuro" que envolva "uma Igreja global de comunidades interdependentes", e anunciou que quer convocar, possivelmente no ano que vem, uma reunião de líderes anglicanos para abordar as dificuldades pendentes. Durante a Conferência de Lambeth teve lugar o anúncio da criação de um Fórum Pastoral e a elaboração de uma Aliança, uma nova carta de princípios a que todas as províncias teriam que aderir sob pena de se verem, na prática, arredados da comunhão. O Presidente do Conselho pontifício para a promoção da unidade dos cristãos Cardeal Walter Kasper, interveio na Conferência de Lambeth para admitir que a ordenação episcopal de mulheres significará um “passo atrás” para o diálogo entre Católicos e Anglicanos. Tocou em “duas questões que estão no centro das tensões no seio da Comunhão Anglicana e das suas relações com a Igreja Católica: a ordenação de mulheres e a sexualidade humana”. “Ainda que o nosso diálogo tenha produzido um acordo significativo sobre a ideia de sacerdócio, a ordenação das mulheres para o episcopado bloqueia substancial e definitivamente um possível reconhecimento das ordenações anglicanas por parte da Igreja Católica”, esclareceu. “Desejamos a continuação de um diálogo teológico entre a Comunhão Anglicana e a Igreja Católica – assegurou –, mas este último passo mina o nosso objectivo e altera o nível do que perseguimos com o diálogo”. Segundo o Cardeal Kasper, “parece que a plena comunhão visível, como objectivo do nosso diálogo, deu um passo atrás”, pelo que agora há “objectivos menos definitivos”.
Fonte: RV
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