IGREJA CATÓLICA: INDÚSTRIA DO ETANOL EMPREGA TRABALHO ESCRAVO
São Paulo,
- A Conferência Internacional sobre Biocombustíveis foi inaugurada ontem em São Paulo em meio a acusações de que esta indústria prejudica a segurança alimentar e energética e propicia o trabalho em condições subumanas.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a defender a produção de etanol de cana-de-açúcar e o biodiesel de oleaginosas sem comprometer a oferta de alimentos, assegurando que o etanol é a melhor fonte alternativa de energia.
A ministra lembrou que em 30 anos de indústria do etanol no Brasil, quase se duplicou o rendimento por hectare cultivado de cana-de-açúcar e foi possível alcançar a auto-suficiência em matéria de combustíveis sem pôr em risco as áreas dedicadas à agricultura.
Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, destacou que após os EUA, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, com 33,2%, e o maior exportador, com 37% do total.
"Em cinco anos esperamos ter a metade do mercado do etanol no mundo", previu o ministro.
Presente na Conferência, a Pastoral da Terra, órgão da Igreja Católica, ofereceu uma visão menos entusiasta dessa indústria, reiterando suas denúncias de que há trabalho escravo e degradante nos cultivos de cana-de-açúcar e na produção de etanol.
A Pastoral apresentou dados do próprio Ministério do Trabalho, segundo os quais, entre janeiro de 2003 e outubro de 2008, foram resgatados 6.779 trabalhadores em condições subumanas de canaviais em Goiás, São Paulo, Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais e Pará.
Desde 2003, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho libertou 32.500 escravos modernos.
De acordo com a Pastoral, os trabalhadores são transportados e alojados de modo pior do que os animais, pressionados pelo pagamento por produção e obrigados a trabalhar até a exaustão, num regime que já provocou várias mortes.
“Se considerar o custo humano, não é possível dissertar sobre as vantagens comparativas do açúcar e do etanol brasileiro no mercado global”, assinalou a Pastoral.
A legislação brasileira considera “equivalente a escravatura” o trabalho em condições precárias e insalubres de alojamento, por pessoas famintas obrigadas a trabalhar para pagar dívidas de transporte e comida contraídas com os próprios empregadores.
A Conferência Internacional sobre Biocombustíveis reúne em São Paulo, de 17 a 21 de novembro, especialistas e políticos representantes de vários países. (CM)
Fonte: RV
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