A DISCUSSÃO EM TORNO DOS "SINAIS DA MORTE"
Cidade do Vaticano,
- Um artigo publicado na primeira página da edição de hoje do jornal vaticano, L’Osservatore Romano, abriu um debate com cientistas italianos acerca dos critérios para estabelecer a morte de uma pessoa. O artigo foi publicado por ocasião dos 40 anos do “Relatório de Harvard”, que modificou a definição de morte, não mais baseada na parada cardiocirculatória, mas na ausência de atividade cerebral. Desde então, o órgão indicador da morte não é somente o coração, mas o cérebro. Essa mudança de concepção possibilitou o transplante de órgãos. Em 1968, a Igreja Católica aceitou a definição, proclamando-se favorável à retirada de órgãos de pacientes cerebralmente mortos. No entanto, o editorial de hoje recorda que a experiência médica no decorrer desses anos demonstrou que a morte cerebral não é a morte do ser humano. “A idéia de que a pessoa deixa de existir quando o cérebro pára de funcionar considera a existência do ser humano levando em conta somente o funcionamento cerebral”, afirma o artigo. Neste caso, a “morte cerebral” entraria em contradição com o conceito de pessoa segundo a Doutrina católica e, portanto, com as diretrizes da Igreja em relação a casos de comas persistentes. O artigo considera a possibilidade de que este critério tenha sido definido por interesses e pela necessidade de transplantar órgãos, e não por um real avanço científico. Alguns cientistas italianos replicaram essas afirmações, declarando que o parâmetro de morte cerebral é o único cientificamente válido. Antes que o debate acabe em polêmica, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, precisou ontem que o texto publicado pelo jornal vaticano “é um interessante artigo assinado pela renomada senhora Lucetta Scaraffia, mas não pode ser considerado uma posição do Magistério da Igreja”. O Pe. Lombardi recorda que se trata de “uma contribuição à discussão e ao aprofundamento”, mas somente uma contribuição e não é referente à Doutrina católica ou a qualquer organismo vaticano. O diretor da Sala de Imprensa explica ainda que se trata de um artigo, e não de um editorial do L’Osservatore Romano, pois os editoriais podem ser atribuídos somente ao diretor do jornal; neste caso, a Gian Maria Vian. (BF)
Fonte: RV
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