Festa de Corpus Christi na cidade histórica de Santana do Parnaíba - São Paulo - Brasil
O dia amanheceu radioso, como se a própria natureza tivesse decidido homenagear o Rei dos Reis. O sol brilhava no céu azul quase sem nuvens, dissipando o friozinho da manhã de outono.
A convite, tínhamos resolvido celebrar o dia de Corpus Christi em Santana do Parnaíba. É uma encantadora e pequena cidade histórica, que faz parte do circuito dos Bandeirantes. Dista cerca de 40 quilômetros de São Paulo. Foi fundada às margens do Tietê em 1580. Este é um dos cursos d’água seguidos pelos desbravadores do Brasil, na sua procura por ouro e pedras preciosas, no século XVII. Esta cidade é uma das que conservam a tradição de ornamentar as ruas com tapetes de serragens coloridas para a passagem da procissão do Santíssimo, que coroa as festividades de Corpus Christi.
Saímos cedo, por volta das oito horas, para evitar o acúmulo de pessoas esperadas para o evento, que segundo a prefeitura local seria de 65.000 visitantes, e também para poder apreciar a feitura dos tapetes pela população local. Este trabalho estava programado para ser iniciado às seis horas da manhã.
Assim, quando chegamos ao centro histórico de Santana do Parnaíba, com suas ruas de casas coloniais, perfeitamente conservadas, os trabalhos já estavam concluídos em alguns dos trechos mais estilizados, mas ainda estavam sendo executados nos trechos mais complexos. Para que se entenda bem, trata-se de quadros representando o ano litúrgico da Igreja Católica, com todas as suas solenidades. Os quadros são dispostos ao longo das ruas do centro histórico, formando um longo tapete, e cada um deles representa uma cena dos Evangelhos que são lidos aos domingos, na Santa Missa, ou uma das festas que homenageiam a Mãe de Deus, Nossa Senhora, ou um santo do calendário litúrgico da Igreja.
Aos nossos olhos deslumbrados, bem como aos dos demais visitantes que já se aglomeravam nas ruas estreitas de Santana do Parnaíba, o imenso tapete se estendia ao longo do pavimento, numa profusão de cores, formando lindas e significativas cenas, que expressavam toda a religiosidade e a fé de nosso povo. Junto ás calçadas, sacos e mais sacos contendo o material utilizado para a confecção do tapete: serragem de várias cores, pó de café, sal. Pessoas de todas as idades, adultos, jovens e crianças, todos habitantes da cidade, representando grupos paroquiais ou da comunidade, agachavam-se sobre os quadros, executando com arte e carinho este trabalho de amor a Jesus. E o resultado era maravilhoso, emocionante, como todos poderão ver nas fotos e no slide show postado na coluna direita deste blog.
Depois de percorrermos todo o tapete, numa extensão de quase um quilometro por várias ruas, chegara a hora de assistirmos à Santa Missa, na Igreja de Santa Ana, uma construção muito antiga, que deu nome ao lugar.
Ao entrarmos, quinze minutos antes do início da missa das onze e meia, a igreja já estava lotada, a ponto de autorizarem a subida para as galerias no piso superior, onde acabamos nos acomodando no coro.
Foi uma bela cerimônia, alegre e cheia de fervor, com a solenidade que esta festa de Jesus Eucarístico exige.
Às três e meia da tarde, realizou-se a última missa do dia, e em seguida teve lugar a solene procissão do Santíssimo, acompanhada por dezenas de milhares de pessoas, numa magnífica demonstração de fé, sobre o esplendoroso tapete com que uma cidade inteira proclama seu amor por Jesus Salvador e pela Santíssima Eucaristia, em que Ele está sempre vivo e presente entre nós.
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