WASHINGTON - O papa Bento XVI se reúne na quarta-feira, dia em que completa 81 anos, com o presidente George W. Bush e com bispos católicos dos Estados Unidos, aonde chegou na véspera para uma visita de seis dias, a primeira de seu pontificado ao país.
Mais de 9.000 pessoas devem ir à Casa Branca ver o papa, o que faz dessa "uma das maiores cerimônias de recepção já realizadas" na sede do governo, segundo a porta-voz Dana Perino. Haverá uma salva de 21 tiros de canhão, e a soprano norte-americana Kathleen Battle apresentará uma versão cantada do "Pai Nosso". Bento XVI será apenas o segundo papa a entrar na Casa Branca -- João Paulo 2o o fez há quase 30 anos.
Já a reunião com os bispos na Basílica Nacional da Imaculada Conceição, em Washington, incluirá um pronunciamento em que o pontífice deve citar o escândalo de pedofilia no clero, que abalou a Igreja dos EUA nos últimos anos.
Na terça-feira, durante o vôo para os EUA, Bento XVI disse a jornalistas que o caso lhe deixou "profundamente envergonhado".
As dioceses norte-americanas já pagaram 2 bilhões de dólares em indenizações às vítimas dos abusos sexuais. O escândalo provocou uma insatisfação considerável entre os católicos dos EUA.
Apesar disso, o papa também deve reservar mensagens otimistas aos bispos. Durante o vôo, ele fez elogios aos EUA por darem espaço para a religião na vida pública, e disse que a Igreja norte-americana é uma força positiva.
Bento XVI e Bush têm em comum a oposição ao aborto e as pesquisas com células-tronco embrionárias, mas diferem em questões como a guerra do Iraque.
O Vaticano foi contra a ocupação, em 2003, mas agora considera a presença militar norte-americana como uma força estabilizadora, que ajuda a proteger minorias cristãs daquele país. "Realmente não acho que o presidente planeje passar muito tempo falando das questões do Iraque com o papa", disse Perino. "A questão de raiz do terrorismo e do extremismo é algo sobre o que eles vão falar."
Durante o vôo para os EUA, Bento XVI afirmou que pedirá a Bush que amplie a ajuda ao desenvolvimento de países pobres, para que seus cidadãos não tenham de emigrar.
Perino disse que os dois líderes devem discutir também formas de proteção aos direitos humanos, de combate ao extremismo, especialmente no mundo islâmico, e de promoção do diálogo ecumênico e da liberdade religiosa.
Fonte TOM HENEGHAN - REUTERS - O Estado de São Paulo