PAPA JÁ ESTÁ NO REINO UNIDO: "O CORAÇÃO FALA AO CORAÇÃO"
Edimburgo, 16 set (RV)
- Bento XVI já se encontra no Reino Unido, onde chegou no final da manhã de hoje a Edimburgo – Escócia – primeira etapa da sua 17ª viagem apostólica internacional. A visita de quatro dias culminará no domingo, dia 19, com a beatificação do Cardeal John Henry Newman, em Birmingham – Inglaterra.
O Papa viaja a convite do Governo da Rainha Elizabeth e das Conferências Episcopais Católicas da Inglaterra-Gales e da Escócia.
Hoje o Papa já visitou a Rainha, no Palácio de Holyroodhouse de Edimburgo e presidirá uma celebração eucarística no Parque Bellahouston de Glasgow transferindo-se depois para Londres.
Bento XVI terá ainda encontros com representantes do mundo político, cultural e empresarial. Previstas uma celebração ecumênica na Abadia de Westminster , uma missa na Catedral de Westminster,uma Vigília de oração no Hyde Park de Londres, e no domingo a beatificação do Cardeal John Henry Newman, em Birmingham.
O avião do Papa decolou do aeroporto romano de Ciampino às 8h15 locais (3h15 de Brasília), e aterrisou em Edimburgo às 10h30 horário britânico (6h30 de Brasília).
O Pontífice está acompanhado do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone; do Substituto da Secretaria de Estado, Dom Fernando Filoni, e de membros desse departamento.A comitiva conta ainda com o Arcebispo Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos.
Além disso, junto com o Papa viajam o mestre de cerimônias pontifícias, Mons. Guido Marini; o médico pessoal de Bento XVI, Patrizio Polisca; o Diretor da Sla de Imprens da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, o organizador das viagens papais, Dr. Alberto Gasbarri; membros da segurança do Vaticano e cerca de 50 jornalistas, fotógrafos e outros profissionais de imprensa.Este é a 17ª viagem internacional de Bento XVI, a 11ª a um país europeu.
Trata-se da segunda vez que um papa viaja ao Reino Unido. João Paulo II visitou o país em 1982. O Reino Unido tem 4,2 milhões de católicos, numa população de 61 milhões de habitantes.O tema da viagem é “o coração fala ao coração”.A cerimônia de boas-vindas nesta manhã não se realizou no Aeroporto internacional de Edimburgo, mas sim no Palácio Real de Holyroodhouse, onde Bento XVI foi recebido pela Rainha Elizabeth e pelo príncipe consorte.
Depois das honras militares e da apresentação de autoridades e dignatários realizou-se um encontro privado entre o Papa e a Rainha na Morning Room, enquanto paralelamente em outra sala do Palácio, o Secretário de Estado, Cardeal Tarcísio Bertone se encontrou com o Vice-primeiro-ministro.
Na conclusão do encontro o Papa foi acompanhado aos jardins atrás do Palácio Real, onde se encontravam cerca de 400 hóspedes ilustres, entre os quais representantes políticos, da sociedade civil, das Igrejas anglicana e católica da Inglaterra, além de alguns representantes do Parlamento escocês.Após o discurso da Rainha Elizabeth, que deu as boas-vindas ao Santo Padre, Bento XVII fez o seu primeiro discurso em terras inglesas.
Pontífice iniciou suas palavras agradecendo a Rainha pelo amável convite para visitar oficialmente o Reino Unido e pelas amáveis palavras de boas-vindas em nome do povo britânico. “Ao agradecer a Vossa Majestade, eu tenho a possibilidade de estender os meus cumprimentos a todas as pessoas do Reino Unido e estender com amizade a mão a cada um, disse o Papa.
Depois de saudar os membros da Família Real e expressar gratidão ao atual e aos precedentes governos, o Papa agradeceu todos aqueles que trabalharam para tornar possível essa ocasião.Bento XVI disse ainda que ao começar sua visita ao Reino Unido pela capital histórica da Escócia, saudava, em particular o Primeiro-ministro Salmond e os representantes do Parlamento escocês.
Em seguida o Pontífice fez referência ao nome de Holyrood, residência oficial da Rainha, na Escócia, que recorda a “Santa Cruz” e evoca as profundas raízes cristãs que ainda estão presentes em todas as áreas da vida britânica.
Os monarcas da Inglaterra e Escócia foram cristãos desde os primeiros tempos e existem extraordinários santos, como Eduardo, o Confessor e Margarida da Escócia, disse o Papa, acrescentando que muitos deles exerceram conscientemente suas funções de governo, à luz do Evangelho, modelando assim a nação no bem no nível mais profundo.
Assim, - disse Bento XVI - resultou que a mensagem cristã tornou-se parte integral da língua, do pensamento e da cultura dos povos dessas ilhas por mais de mil anos. O respeito dos seus antepassados pela verdade e a justiça, pela misericórdia e a caridade - continuou o Pontífice - chegam até vocês de uma fé que continua a ser uma força poderosa para o bem de seu reino, com benefícios para cristãos e não cristãos.
O Santo Padre destacou em seguida os muitos exemplos dessa força para o bem na longa história da Grã-Bretanha. Mesmo em tempos relativamente recentes, através de figuras como William Wilberforce, David Livingstone, a Grã-Bretanha interveio diretamente para acabar com o tráfico internacional de escravos. Inspiradas pela fé, mulheres como Florence Nightingale serviram os pobres e os enfermos e os métodos estabelecidos naquela época na área da saúde foram depois copiados pelo mundo todo.
John Henry Newman, cuja beatificação celebrarei em breve – destacou ainda Bento XVI -, foi um dos muitos cristãos britânicos de sua época, cuja bondade, eloqüência e ação foram uma honra para os seus concidadãos. Todos eles, e outros mais, foram inspirados por uma fé profunda, nascida e crescida nessas ilhas. O Papa dirigiu então seu pensamento para a nossa época.“
Também na nossa época podemos recordar como a Grã-Bretanha e seus líderes se levantaram contra a tirania nazista, que queria eliminar Deus da sociedade e negava a muitos a nossa comum humanidade, especialmente os judeus, que não eram considerados dignos de viver.
Desejo também recordar o comportamento do regime em relação aos pastores cristãos e religiosos que proclamaram a verdade no amor; resistiram aos nazistas e pagaram com a vida essa oposição.
Enquanto refletimos sobre as advertências do extremismo ateu do século XX , não podemos esquecer como a exclusão de Deus, da religião e da virtude da vida pública, conduz, em última análise, a uma visão parcial do homem e da sociedade e, portanto, uma “visão restrita da pessoa e dos seu destino”(Caritas in Veritate, 29).Sessenta e cinco anos atrás – recordou o Papa - a Grã-Bretanha teve um papel fundamental na formação do consenso internacional do pós-guerra, que favoreceu a fundação das Nações Unidas e marcou o início de um período de paz e prosperidade na Europa, até aquele momento desconhecido.
Nos últimos anos, - continuou Bento XVI - a comunidade internacional acompanhou os eventos na Irlanda do Norte, que levaram à assinatura do Acordo da Sexta-Feira Santa e ao retorno de competências à Assembleia da Irlanda do Norte.
Encorajo todos os envolvidos – disse Bento XVI - a continuar a caminhar corajosamente juntos no caminho traçado para uma paz justa e duradoura.O Papa finalizou falando sobre o Reino Unido atual:“Hoje o Reino Unido se esforça para ser uma sociedade moderna, multicultural. Nesta tarefa estimulante, possa manter sempre o respeito pelos valores tradicionais e por aquelas expressões culturais que formas mais agressivas de secularismo e não apreciam ou mesmo não toleram.
Não deixe apagar o fundamento cristão que está na base das suas liberdades; e possa aquele patrimônio, - continuou o Papa falando á Rainha - que sempre serviu bem a nação, plasmar constantemente o exemplo do Vosso Governo e do Vosso povo face aos dois bilhões de membros do Commonwealth, como também da grande família de nações de língua inglesa em todo o mundo. Que Deus abençoe Vossa Majestade e todos os habitantes do Vosso reino. Obrigado.
”O Papa almoça na residência do Arcebispo de Saint Andrews em Edimburgo e no final da tarde celebra a Santa Missa no Bellahouston Park de Glasgow. Após a Santa Missa o Papa deixa a Escócia e se dirige para Londres onde amanhã de manhã encontrará o mundo católico da educação no St Mary’s University College de Twickenham e em seguida os líderes de outras religiões. (SP)
Fonte: RV
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