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Uma Capela cheia de segredos !Você quer descobri-la conosco? Saiba, antes de tudo, que a Casa Mãe da Companhia das Filhas da Caridade era o antigo "Hotel de Châtillon". Este, foi concedido à Companhia, em 1813, por Napoleão Bonaparte, depois da tormenta da Revolução Francesa. Imediatamente, começa a construção da Capela.A 8 de agosto de 1813, realizou-se a bênção solene da Capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Em 1830, aconteceram então as aparições. Aumentou o numero de vocações.Foi necessário transformar a Capela, que passa então por várias modificações. Em 1930, por ocasião do centenário das apariçes, uma nova reforma nos mostra a Capela tal como a vemos hoje.Agora, a você a oportunidade de visitá-la!
http://www.chapellenotredamedelamedaillemiraculeuse.com

Visita a Capela da Medalha Milagrosa, localizada na Rue du Bac, 140 - Paris

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quarta-feira, 18 de junho de 2008

ENTREVISTA COM FREI LEONARDO SHIGESHI MATSO


FREI LEONARDO SHIGESHI MATSO
a fé católica dos japoneses e de seus descendentes

No dia 18 de junho, comemora-se o centenário da imigração japonesa no Brasil. Neste dia, em 1908, chegou ao país o navio que trazia os primeiros 791 imigrantes, depois de uma viagem de 52 dias. Frei Leonardo Shigeshi Matsuo veio muito tempo depois, em 1963. Veio como missionário, a pedido da colônia japonesa, mas também se considera um imigrante, pois enfrentou os mesmos desafios das diferenças de cultura e de língua. Aqui, ele deu assistência espiritual aos católicos de origem nipônica e ajudou a criar a Panib (Pastoral Nipo-brasileira).Hoje, com 74 anos, é pároco da paróquia pessoal São Maximiliano Kolbe, na Diocese de Mogi da Cruzes (SP). Com muito bom humor e sabedoria, ele fala aqui sobre a fé católica dos japoneses e de seus descendentes, lembrando as dificuldades que esse povo teve para viver essa religião em seu país, das adversidades que encontrou em nossas terras e da rica contribuição que trouxe para o nosso país.

POVO: Fale um pouco sobre a sua família. Seus pais já seguiam a religião católica no Japão?............................ Frei Leonardo: Nasci em Nagasaki (Japão), em 1933. Minha família já era católica, mas, naquele tempo, os católicos eram naquele tempo, os católicos eram perseguidos no Japão. Então, meus pais fugiram para muito longe da cidade onde nasci.Procuraram uma ilha onde havia mais segurança, em Formosa, pois corriam perigo de vida. Foi lá que cresci e que entrei no seminário.

POVO: Por que você veio para o Brasil?
Frei Leonardo: Cheguei aqui com 30 anos, em 1963, já padre franciscano conventual. Existem três ramos na família franciscana: frades menores, conventuais e capuchinhos. Sou um padre conventual. Fiz o curso Teologia em Assis (Itália) e, depois, fui para a Inglaterra estudar inglês. Já estava me preparando para voltar ao meu país, quando veio uma carta do nosso superior, dizendo que eu iria para o Japão apenas para me despedir da minha família e, depois, arrumaria a mala para vir para o Brasil. O superior geral havia visitado o Brasil e os japoneses daqui pediram que enviasse padres japoneses. Vim com toda alegria.

POVO: Por que escolheu ser sacerdote franciscano?
Frei Leonardo: Parece que não era pra se eu! Eu tinha um primo que era também um grande amigo. Estudávamos juntos e íamos a todos os lugares juntos. Um padre franciscano recém formado veio à nossa igreja e convidou meu primo para entrar no seminário, não a mim. Como meu primo não queria ir sozinho, ele me chamou pra ir também. Decidimos ir os dois. Mas, no momento de partir, ele não pôde ir mais, porque a família era contra. Então, fui sozinho, já que estava tudo pronto para minha partida. Por isso, falo que foi um chamado errado: meu primo é quem foi convidado, mas eu é que entrei. Continuei assim meu caminho.

POVO: Como foi sua chegada ao Brasil?
Frei Leonardo: Viemos em dois padres, eu e Frei Estevão, porque os franciscanos nunca andam sozinhos. No porto de Santos (SP), o consulado do Japão, alguns padres e vereadores foram nos receber e a acolhida foi muito boa. Sentimos que o povo estava nos esperando com muita alegria e ansiedade. O primeiro problema que tivemos, sem dúvida, foi a língua. Tivemos dificuldades para nos comunicar e porque não conhecíamos os lugares... Foi uma boa experiência! Muita gente, em vários lugares do Brasil, estava lutando para estabelecer sua vida aqui e ainda enfrentava muita dificuldade com a língua. Fui primeiramente para a cidade de Santo André, na grande São Paulo, onde havia uma grande colônia e onde trabalhei três anos. Ali, minha dificuldade inicial era não saber onde estavam esparramadas as famílias japonesas. Um vizinho ajudou-me a visitar casa a casa e a ir conhecendo as pessoas. Outro problema é que, sendo a maioria deles feirante, eles dormiam de dia e, à noite, saiam para as compras no mercado e para a feira. Mas conseguimos, pouco a pouco, realizar um trabalho com os jovens. Depois fui para Mogi das Cruzes, onde havia também muitos japoneses.

POVO: Entre os japoneses que chegaram havia muitos católicos ou eles foram se convertendo?Frei Leonardo: Existiam poucos católicos, mas a metade dos japoneses, quando entraram em terra estranha, é estar em harmonia com os habitantes locais. Por isso, talvez, muitos quiseram adotar a religião católica, que era a da maioria dos brasileiros. O primeiro padre que cuidou da evangelização dos japoneses foi o pe. Lourenzo, não lembro agora o sobrenome dele, redentorista de Aparecida (SP). Ele ficou sabendo que tinham muitos imigrantes em Pindamonhangaba, nas plantações de arroz. Então, desceu até lá, foi andado a pé cerca de 40 quilômetros, para encontrá-los. Com dicionário, porque não sabia falar a língua deles nem esses entendiam seu português, fez amizade com eles e começou a ensinar-lhes a doutrina cristã. Ele escreveu para o Vaticano pedindo material de catequese em japonês. O Vaticano não tinha nada e aconselhou-o a escrever para um almirante no Japão que era católico. O almirante, então, começou a mandar algum material e os japoneses começaram a ser evangelizados e a entrar para a Igreja Católica. Foi pe. Lourenzo quem batizou o primeiro migrante japonês no Brasil. Também o núncio apostólico preocupou-se com a quantidade de imigrantes japoneses não católicos que estavam entrando no Brasil. Ele escreveu uma carta para a embaixada do Japão no Rio de Janeiro (RJ), mas eles também não sabiam onde encontrar livros de catequese em japonês. Aí a embaixada pediu aos bispos japoneses que enviassem padres missionários para o Brasil, a fim de que os migrantes tivessem melhor assistência espiritual. O primeiro missionário vindo do Japão chegou em 1923. Era pe. Domingos Nakamura(1865/1940), que fez um belo trabalho junto à colônia japonesa, principalmente no estado de São Paulo.

POVO: Oque monsenhor Domingos Nakamura representa para a colônia japonesa no Brasil, hoje?
Frei Leonardo: Para nós, ele é verdadeiramente o pai dos imigrantes. Naquele tempo, não havia condução fácil; viajava-se a cavalo, em carroças ou de trem. Mesmo assim ele mandou muito por todas as regiões de São Paulo, pelo Paraná, Mato Grosso. Onde havia colonos japoneses, ele estava lá. Atendia todas as necessidades do povo, fazia casamentos, batizados, ministrava outros sacramentos e era esperado em todos os lugares. Tudo o que ele fez está registrado. Ele precisava carregar uma mala pesada com todos os paramentos e utensílios litúrgicos. Alguns jovens o ajudavam, revezando-se no carregamento da mala. Na maioria das vezes, andava a pé, porque não sabia andar a cavalo, já que, no Japão, não havia esse costume. É um exemplo para os padres de hoje. O pedido para sua canonização já foi encaminhado ao Vaticano.

POVO: Qual é o atual da Pastoral Nipo-Brasileira?
Frei Leonardo: Os missionários japoneses procuraram atender às necessidades do povo japonês, nos lugares onde ele vivia. Então, quase todos atuaram em educação, levantando escolas, na catequese e na assistência social. A Pastoral Nipo-Brasileira foi se estruturando em torno desses eixos. Passaram-se 100 anos e, agora, estamos nos tempos dos nisseis, sanseis, na quarta ou quinta geração de descendentes de japoneses no Brasil. Essa turma não tem mais dificuldade de língua, já está bem entrosada no país, não precisa mais de assistência social nem de escolas que lhes ensinem o português, mas nós ainda temos que atender os poucos que precisam dessas coisas. Outro trabalho é com nisseis e sanseis. Ainda que eles já se considerem brasileiros, o rosto não mudou e a mentalidade também ficou. A tendência deles, então, é agrupar-se, pois, para eles, é importante manter a identidade e a cultura nipônica. A Panib também cuida de promover isso entre as novas gerações, descendentes dos primeiros imigrantes japoneses.

POVO: Desde quando a Panib está organizada na Igreja do Brasil?
Frei Leonardo: Ela foi organizada a nível nacional em 1967. Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo (SP), foi um grande incentivador. Ele mandou quatro jovens sacerdotes para o Japão, a fim de aprender a língua e os costumes. Eles voltaram com muito entusiasmo e organizaram grupos de jovens. Pouco depois, dom Geraldo Majella, que era bispo de Londrina (PR), incentivou a sua organização em nível e foi o primeiro bispo responsável por ela na CNBB. Era uma época de mudanças na Igreja, o período pós Concílio Vaticano II. A nova pastoral inseriu-se no setor de animação missionária da CNBB. No começo, só existia em São Paulo e Paraná, onde havia mais japoneses. A Pastoral Nipo-Brasileira sempre teve o objetivo de evangelizar, fortalecer a fé, manter a cultura japonesa entre os imigrantes e integrá-los na vida eclesial e na nação.

POVO: Existem muitas vocações religiosas e sacerdotais entre os descendentes de japoneses no Brasil?
Frei Leonardo: Não sei se são muitas ou poucas. Em todo caso, mandamos para todas as congregações e dioceses uma carta pedindo essa informação. Por esse levantamento, descobrimos que existem na Igreja do Brasil mais ou menos 500 descendentes de japoneses, entre padres, religiosos e religiosas.

POVO: A espiritualidade dos católicos japoneses é diferente da dos católicos japoneses é diferente de católicos da dos católicos brasileiros de origem européia?
Dom Leonardo: Observando nossa comunidade, posso dizer que existem, sim, algumas diferenças. Talvez porque a espiritualidade dependa da cultura, da história de cada povo. Por exemplo, os japoneses católicos eram muito mais fechados, porque o Catolicismo era proibido no Japão e, durante 150 anos mais ou menos, eles foram perseguidos, proibidos, escondidos. Essa opressão de viver em segredo formou uma característica mais fechada. Foi uma herança que recebemos. Além disso, os imigrantes que se converteram ao catolicismo não tinham tradição, vivência da religião na família. Aqui no Brasil, os japoneses deixaram seus filhos à vontade para ser batizados e seguir a fé cristã, mas esses não viam os pais ir à igreja, participar das celebrações, rezar em casa etc. Muitos entravam para a Igreja Católica por conveniência e não tinham aprofundamento da fé. Esse caminho histórico influenciou a espiritualidade dos japoneses no Brasil. Mas percebo, na diocese onde trabalho, que sempre tem algum japonês envolvido com os trabalhos de cada paróquia e que eles assumem com muita dedicação suas responsabilidades na Igreja.

POVO: Quando foi ordenado o primeiro padre no Japão? E o primeiro descendente de japonês no Brasil?
Frei Leonardo: O Japão foi evangelizado por São Francisco Xavier (1549). Quando ele esteve no Japão, muitas pessoas se converteram ao catolicismo, mas uns 30 anos depois começou a perseguição. Creio que o primeiro padre japonês tenha sido ordenado nessa época, pois já fora criado um grande seminário lá. Com os primeiros missionários, entraram no Japão as máquinas impressoras, o ensino do latim e outras novidades. Mas, quando começou a perseguição, eles foram para as Filipinas e levaram tudo. No Brasil, o primeiro padre japonês foi pe. Kondo. Ele veio pequeno do Japão e ordenou-se aqui na Diocese de Lins.

POVO: O que a Panib preparou para celebrar os 100 anos da Imigração Japonesa?
Frei Leonardo: Nós estamos fazendo a preparação há três anos. No primeiro ano, estudamos a história dos japoneses no Brasil; no segundo, as obras; no terceiro, as comunidades. No dia 18 de junho, teremos uma celebração na Catedral de São Paulo, presidida pelo cardeal dom Odilo Scherer e concelebrada por um bispo do Japão. Além disso, organizamos uma peregrinação ao Japão que saiu do Brasil em março. Eles foram a Tóquio, depois percorreram o caminho dos 26 primeiros mártires do Japão e, no final foram a Nagasaki, de onde saiu monsenhor Nakamura, o primeiro missionário japonês no Brasil. Aqui também fizemos uma peregrinação a Álvares Machado (SP), onde está o túmulo do Monsenhor. Para essa peregrinação, vieram o arcebispo de Nagazaki, dom Joseph Takami, e PE. Dominic Noshita, responsável pela beatificação de Nakamura. Estamos pensando em outra peregrinação a Promissão (SP). Onde está a primeira igreja construída pelos japoneses. É interessante a história dessa igreja, porque católicos japoneses que viviam naquela cidade pediram cópias do desenho da igreja que eles freqüentavam no Japão e construíram uma tal e qual eles tinham lá. Ela estava abandonada, mas moradores antigos lembraram de como ela fora construída e resolveram restaurá-la. Nessa ocasião do centenário, ela se tornou um verdadeiro monumento da imigração japonesa. Em agosto, faremos a Romaria Nacional da Pastoral Nipo-Brasileira a Aparecida (SP).

POVO: Também está previsto um Congresso Nacional dos Missionários da Panib, não é?
Frei Leonardo: Sim. O Congresso acontecerá de 14 a 17 de julho. A Panib convocou todas as pessoas que trabalham nessa pastoral para estudar juntos alguns temas, atualizar-se, confraternizar etc. hoje, por exemplo, temos o grande problema dos dekasseguis, descentes de japoneses que saem do Brasil para trabalhar no Japão. É uma realidade que precisa ser refletida pelos agentes e missionários da Pastoral Nipo-brasileira.

POVO: a Panib tem alguma atuação direta com os dekasseguis?
Frei Leonardo: Não, mas estamos sempre em colaboração. Por exemplo, se um bispo do Japão escreve dizendo que precisa de missionários lá, a gente prepara e encaminha alguns. É um trabalho quase inverso daquele que foi feito no início do século passado. Já foram vários missionários leigos e religiosos. Onde tem grande concentração de dekasseguis tem um padre brasileiro atendendo. Existem cerca de 20 missionários, entre padres, freiras e religiosos trabalhando no Japão.

POVO: O que o senhor diria para os dekasseguis católicos?
Frei Leonardo: Eles enfrentam a mesma coisa que experimentamos quando chegamos aqui: dificuldades com a língua, preconceitos, diferenças de costume. Mas tudo isso está pior para os dekasseguis. Sabemos que eles não podem superar sozinhos esses sofrimentos. A fé ajuda muito e eles devem participar de encontros, reuni-se como Igreja, para conseguir ser mais felizes.

POVO: O que o povo japonês trouxe de bom para o Brasil?
Frei Leonardo: Os dois lados aprenderam muita coisa uns com os outros e cresceram juntos. Por causa da dificuldade de comunicação dos primeiros imigrantes japoneses, surgiram grandes problemas, mas isso foi superado. Com o tempo, o Brasil viu que esse povo tinha força. Do outro lado, os japoneses aprenderam que sua cultura não é a única nem a melhor, que existem outros jeitos de viver e abriram a sua visão de mundo. A religião católica, nesse aspecto, contribuiu muito para a integração dos japoneses no Brasil. Tradicionalmente, eles já tinham como a característica a honestidade, dedicação, determinação e, aqui, isso ficou mais evidente, porque precisavam vencer. Acho que puderam ensinar também isso aos brasileiros, além de contribuir muito com a agricultura. Enfim, brasileiros e japoneses influenciaram uns aos outros e os dois saíram ganhando.
Fonte: PANIB - PASTORAL NIPO-BRASILEIRA

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