PAPA EM ANGOLA: "CHEGOU PARA A ÁFRICA O TEMPO DA ESPERANÇA"
Luanda,
- Bento XVI realizou , na segunda etapa de sua viagem apostólica internacional à África, uma visita de cortesia ao presidente da República de Angola. O presidente José Eduardo dos Santos recebeu o Santo Padre na entrada do palácio presidencial, onde foi festivamente acolhido com o comitê de honra, seguido da execução dos hinos nacional de Angola e do Vaticano.Logo em seguida, teve lugar, no estúdio presidencial, o colóquio privado entre José Eduardo e Bento XVI, acompanhado do cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e um colaborador.Concluído o colóquio, a esposa do presidente e familiares entraram no estúdio presidencial para a foto oficial. Ao término, o presidente acompanhou o pontífice até o Salão de honra – para o encontro com autoridades políticas e civis e o corpo diplomático – onde o presidente e o papa pronunciaram um discurso dirigido ao mundo político angolano e internacional."Angola vive um tempo novo e de esperança", disse o presidente José Eduardo, que em seu discurso abordou também temas internacionais, evocando a pobreza e os conflitos que ainda martirizam o continente africano."O mundo está vivendo uma grave crise econômica e financeira, mas também uma crise de valores e de princípios éticos e morais", afirmou o presidente angolano, acrescentando que os países pobres serão atingidos particularmente por essa crise internacional."Queremos colaborar com a Igreja para construir a justiça através do diálogo político, cultural e inter-religioso. Mas também para combater o integrismo e o terrorismo", ressaltou o presidente, recordando que Angola é um Estado laico, onde, todavia, 70% de seus habitantes são cristãos católicos."Queremos construir uma sociedade moderna que inclua todos sem exclusões sociais", acrescentou o presidente José Eduardo, que concluiu fazendo votos de que o seu país possa realizar o sonho da paz duradoura e de um futuro melhor.Por sua vez, o Santo Padre, o iniciou seu discurso agradecendo ao presidente angolano pela acolhida e pelas palavras a ele dirigidas de estima ao Sucessor de Pedro e de confiança na ação da Igreja Católica. Bento XVI contextualizou a sua visita e convidou os responsáveis ao esforço para o progresso do país e do continente."Após vinte e sete anos de guerra civil que devastou o país, a paz começou a se enraizar, trazendo consigo os frutos da estabilidade e da liberdade. Os esforços palpáveis do Governo para estabelecer as infra-estruturas e recriar as instituições indispensáveis ao desenvolvimento e bem-estar da sociedade fizeram voltar a esperança entre os cidadãos", frisou o pontífice, acrescentando que "chegou para a África o tempo da esperança"."Podereis transformar este continente – exortou Bento XVI – libertando o vosso povo do flagelo da avidez, da violência e da desordem e guiando-o pelo caminho indicado por princípios indispensáveis a qualquer democracia civil moderna: o respeito e a promoção dos direitos humanos, um governo transparente, uma magistratura independente, uma comunicação social livre, uma administração pública honesta, uma rede de escolas e de hospitais que funcionem de modo adequado, e a firme determinação, radicada na conversão dos corações, de acabar de uma vez por todas com a corrupção."Em seguida, o papa ressaltou que "o desenvolvimento econômico e social da África requer a coordenação das ações governamentais nacionais com as iniciativas regionais e com as decisões internacionais".-"Uma tal coordenação – acrescentou – supõe que as nações africanas não sejam apenas consideradas como destinatárias dos planos e soluções elaborados por outros. Os próprios africanos, trabalhando juntos para o bem das suas comunidades, devem ser os agentes primários do seu desenvolvimento.""Quanto à comunidade internacional no seu todo – observou o pontífice – é de urgente importância a coordenação dos esforços para enfrentar a questão das alterações climáticas, a realização plena e honesta dos compromissos em prol do desenvolvimento indicados pela rodada de Doha e, de igual forma, a realização desta promessa muitas vezes repetida pelos países desenvolvidos: destinarem 0,7% do seu PIB (produto interno bruto) para ajudas oficiais ao desenvolvimento. Esta assistência é ainda mais necessária hoje com a tempestade financeira mundial em curso; que ela não seja mais uma das suas vítimas."Bento XVI se deteve sobre o papel da família, mas também sobre a difícil situação na qual ela se encontra. «A família representa a base sobre a qual está construído o edifício da sociedade» (Ecclesia in Africa, 80). Por fim, o papa ressaltou a importância do compromisso da Igreja, que está ao lado dos mais pobres do continente africano. (RL)
Fonte: RV
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