Igreja na Argentina: no meio de mercado de religiões
Entrevista com Dom Enrique Eguía, bispo auxiliar de Buenos Aires e secretário da Conferência Episcopal Argentina
Por Carmen Elena Villa
Entrevista com Dom Enrique Eguía, bispo auxiliar de Buenos Aires e secretário da Conferência Episcopal Argentina
Por Carmen Elena Villa
CIDADE DO VATICANO,
- Em um país com 2.500 cultos, a Igreja Católica na Argentina enfrenta novos desafios, que seus bispos estão analisando durante a visita ad limina apostolorum que realizam à Santa Sé desde 7 de março passado.
Durante estes dias, visitaram diferentes dicastérios vaticanos, onde expuseram os esquemas de trabalho de suas diferentes dioceses e o enquadraram no contexto da Igreja universal.
A Argentina, país com 90% de população católica, tem 70 dioceses com realidades e desafios muito diferentes. Desde ontem até sábado, os bispos estão tendo um encontro com o Papa Bento XVI na Sala Clementina do Vaticano.
Durante estes dias, visitaram diferentes dicastérios vaticanos, onde expuseram os esquemas de trabalho de suas diferentes dioceses e o enquadraram no contexto da Igreja universal.
A Argentina, país com 90% de população católica, tem 70 dioceses com realidades e desafios muito diferentes. Desde ontem até sábado, os bispos estão tendo um encontro com o Papa Bento XVI na Sala Clementina do Vaticano.
Zenit falou com Dom Enrique Eguía, secretário da Conferência Episcopal Argentina e bispo auxiliar de Buenos Aires, acerca desta visita, os frutos que pode trazer para o país e os principais desafios pastorais.
– Em sua opinião, quais podem ser os frutos desta visita para a atividade pastoral na Argentina?
– Dom Enrique Eguía: Primeiro, uma comunicação, aproximação e conhecimento nos diversos organismos do Vaticano para que, desde lá se conheça a vida e a atividade da missão na Argentina, levando em conta que esta visita está precedida pelos informes que cada diocese faz – entre 50 e 200 páginas. Isso permite uma aproximação muito fraterna para dar-nos a conhecer e também entre nós poder saber com quem contamos para nossa tarefa evangelizadora.
– Quais são as principais características da fé do povo argentino?
– Dom Enrique Eguía: Como em toda a América Latina, em nosso país se dá o processo da religiosidade popular. Isso realmente é um dom de Deus, há uma cultura naturalmente religiosa. Nós dizemos sempre que a tarefa evangelizadora é a de sustentar a fé e aumentá-la. Há um desafio muito grande na Argentina, que consiste em aumentar e ajudar essa fé a crescer, essa fé que está no coração de nossos povos. Por isso, o grande desafio não é tanto apresentar a fé aos não-crentes, mas fazer crescer e amadurecer a fé dos crentes para que se viva mais plenamente. É um dom de Deus poder trabalhar a partir de grandes multidões em torno dos santuários. Na Argentina há muitos santuários que reúnem multidões de pessoas de forma periódica. Isso permite uma tarefa pastoral permanente, porque a Igreja oferece em cada experiência de santuário uma quantidade de sacerdotes que acompanha esta experiência confessando e celebrando missa. É uma maravilha ver como mais de um milhão de pessoas vão em peregrinação o Luján uma vez por ano. Ao longo do caminho encontram algum sacerdote para confessar-se e crescer na fé.
– Quase três anos depois de ter realizado a 5ª conferência geral do episcopado latino-americano e do Caribe em Aparecida, quais foram os frutos deste evento para a evangelização em seu país?
– Dom Enrique Eguía: O caminho vai se dando pouco a pouco. Por um lado, trata-se de descobrir a importância de renovar de modo missionário a pastoral cotidiana; trabalhar sobre o cotidiano, dando-lhe uma forte perspectiva missionária. Isso é importante para poder vincular com os planos pastorais diocesanos. Para que Aparecida não seja como algo novo que deve ser acrescentado, mas o caminho natural da Igreja, desde os missionários. É preciso pensar em como se trabalham os batismos, a catequese, a paróquia evangelizadora, e todas as tarefas cotidianas pensá-las a partir da perspectiva missionária. Isso pode ser a primeira vertente.
A segunda é a necessidade de ter novamente, de maneira organizada e programática, missões concretas, com objetivos e prazos para poder chegar a todos. Há um duplo caminho: a renovação da pastoral cotidiana e a necessidade de ter sinais visíveis com missões programadas e com objetivos concretos. Assim, podemos responder ao espírito de Aparecida, que vai tocando pouco a pouco. O que realmente foi muito bem recebido é a identidade cristã como discípulos e missionários. Sobre isso está se trabalhando nas paróquias. A vocação do cristão é ser discípulo e ser missionário. Há grandes expectativas e pouco a pouco se abrem estas duas vertentes.
– Em seu país se reconheceram mais de 2.500 cultos religiosos diferentes. Qual é o principal desafio para a Igreja no meio desse mercado de religiões?
– Dom Enrique Eguía: O desafio é permanente. Sobretudo nas regiões mais populares. A Igreja tem de estar atenta para ter sua capela, uma presença da comunidade católica. Também nos preocupa o fenômeno do «passeio» que as pessoas fazem: podem estar na seita e voltam para a Igreja e depois, por exemplo, vão para uma igreja universal eletrônica. Agora, o grande desafio é conseguir que as pessoas tenham uma experiência e que descubram que a plenitude da fé se vive na Igreja Católica. Mas muita gente tem a concepção de prateleira de supermercado, que cada dia se pega o mesmo produto numa embalagem diferente. O grande desafio está aí.
Fonte: ZENIT.org
– Dom Enrique Eguía: O desafio é permanente. Sobretudo nas regiões mais populares. A Igreja tem de estar atenta para ter sua capela, uma presença da comunidade católica. Também nos preocupa o fenômeno do «passeio» que as pessoas fazem: podem estar na seita e voltam para a Igreja e depois, por exemplo, vão para uma igreja universal eletrônica. Agora, o grande desafio é conseguir que as pessoas tenham uma experiência e que descubram que a plenitude da fé se vive na Igreja Católica. Mas muita gente tem a concepção de prateleira de supermercado, que cada dia se pega o mesmo produto numa embalagem diferente. O grande desafio está aí.
Fonte: ZENIT.org
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