Papa diz que liberar uso da droga não vai reduzir impacto da dependência
Papa disse que é preciso apoiar quem caiu na "escuridão da dependência".
Aos dependentes, conclamou que eles sejam protagonistas de suas vidas.
Francisco abraça ex-dependente químico durante visita ao hospital São Francisco (Foto: Alexandre Durão/G1)O Papa Francisco afirmou nesta quarta-feira (24) durante inauguração do Hospital São Francisco, na Tijuca, Zona Norte do Rio, que deixar livre o uso das drogas não vai "reduzir a difusão e a influência da dependência química".
A visita ao centro para tratamento de dependentes foi a segunda agenda de Francisco no dia. Pela manhã, ele esteve em Aparecida e celebrou missa no Santuário Nacional. De volta ao Rio, encontrou mais de mil convidados que aguardavam, debaixo de chuva e frio, a cerimônia de inauguração. Francisco foi recepcionado por ex-dependentes e discursou pedindo apoio para aqueles que caíram na "escuridão da dependência".
"É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz no uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constróem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança para o futuro", afirmou.
"Não deixem que vos roubem a esperança. Mas digo também, não roubemos a esperança."
Na solenidade, o estudante Francisco entregou uma imagem de São Francisco feita por um ex-dependente que se tratou no hospital. O prédio desativado, de 1947, vai comportar 80 leitos, mas só deve ser reaberto em agosto.
Visita do papa à Aparecida leva milhares de fiéis
ao santuário nacional (Foto: Reprodução/TV Diário)
ao santuário nacional (Foto: Reprodução/TV Diário)
Em Aparecida (SP), o Papa mobilizou e comoveu milhares de pessoas nesta quarta. Ele celebrou sua primeira missa aberta ao público desde que chegou ao Brasil, e os 12 mil lugares dentro da Basílica foram ocupados logo cedo. Mesmo com a forte onda de frio, muitos fiéis dormiram ao relento para guardar lugar e conseguir ficar perto do Papa. Ele pediu que os jovens construam “um país e um mundo mais justo, solidário e fraterno” e anunciou sua volta à cidade em 2017.Papa durante almoço no Seminário Bom Jesus.
Francisco chegou a Aparecida por volta das 10h15 – após fazer uma viagem de avião do Rio de Janeiro a São José dos Campos e de helicóptero até Aparecida.
Após descer no heliponto do Santuário, Francisco seguiu de papamóvel por um curto caminho até a entrada da Basílica, acompanhado do cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno de Assis. Muitas pessoas tentaram se aproximar do carro aberto durante o trajeto, e o Papa chegou a beijar uma criança.
Sua primeira parada no Santuário foi a Capela dos 12 Apóstolos, onde teve um momento de veneração da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ele foi acompanhado de diversos religiosos. O Papa tem uma devoção mariana muito forte, e costuma visitar igrejas dedicadas à mãe de Cristo. Ele fez uma oração na qual citou a jornada, e mostrou bastante emoção.
Em seguida o Papa se dirigiu para o altar da Basílica, em um cortejo com cardeais brasileiros e de outros países, além de bispos. O Papa apresentou a imagem de Nossa Senhora para os fiéis e iniciou a missa, celebrada em português.A liturgia da missa desta quarta foi a mesma da celebrada todos os dias 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida – foi decidido manter as leituras tradicionais da data. O Evangelho – uma leitura do livro de João, tratou do primeiro milagre atribuído a Jesus, a transformação de água em vinho durante um casamento em Caná da Galileia, com a presença da mãe de Cristo.
Durante o Evangelho, Francisco pediu que os pastores do povo de Deus, pais e educadores sejam responsáveis por transmitir aos jovens valores para construir “um país e um mundo mais justo, solidário e fraterno” a partir de posturas “simples”. Francisco também pediu que a juventude seja encorajada e considerada um “motor potente para a Igreja e para a sociedade”.
Para o pontífice, os jovens não precisam só de coisas, mas, sobretudo “que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo”, disse Francisco, na homilia feita no Santuário Nacional.
O papa disse também que, com suas palavras, quer bater à porta “da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Para tal, gostaria de chamar atenção para três simples posturas: conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria”, disse.
Papa beija criança no caminho até Basílica de
Aparecida (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)
Aparecida (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)
O Papa não distribuiu hóstias – para que a comunhão feita por suas mãos não se tornasse mais importante que a dada por outros religiosos. Cerca de 1100 padres e 50 bispos distribuíram as hóstias consagradas para os fiéis.
No fim da missa, o Papa teve dificuldades para deixar o altar e a basílica – muitos religiosos e a população o abordaram no caminho.
Eu peço um favor, com jeitinho, rezem por mim. Necessito. Que Deus abençoe e Nossa Senhora Aparecida cuide de vocês. Até 2017, porque eu vou voltar"
Papa Francisco
Após a celebração, o papa seguiu para a Tribuna Bento XVI, do lado de fora da basílica, onde abençoou os milhares de fiéis que o esperavam. Francisco pediu desculpas por não falar “brasileiro”, disse que falaria em espanhol e de desculpou novamente. Em todos os intervalos de suas falas, foi ovacionado pelo público.
“Uma mãe se esquece de seus filhos? Ela não se esquece de nós. Ela nos quer e nos cuida”, disse o Papa, antes de pegar a imagem de Nossa Senhora em suas mãos e apresentá-la aos fiéis, abençoando-os.
Em seguida, pediu novamente que todos rezassem por ele – uma tradição em seus discursos e uma das primeiras frases ditas por ele quando foi eleito papa. “Eu peço um favor, com jeitinho, rezem por mim. Necessito. Que Deus os abençoe e Nossa Senhora Aparecida cuide de vocês. Até 2017, porque eu vou voltar”.
Em 2017, o Santuário Nacional vai comemorar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba. O pontífice foi convidado para participar da celebração pelo arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, e disse ter aceitado.
Pouco antes, quando o pontífice ainda tentava deixar o altar da Basílica, sua conta no Twitter publicou uma mensagem pedindo que os jovens não se esqueçam que a “a Virgem Maria é a nossa Mãe, e é com a sua ajuda que podemos permanecer fiéis a Jesus”.
Trajetos
Após deixar a tribuna, o Papa seguiu de papamóvel aberto – mesmo com o frio – até o Seminário Bom Jesus. O trajeto incluiu parte do estacionamento do Santuário e algumas ruas de Aparecida, e foi todo isolado por grades, para que o público não avançasse sobre o Papa como aconteceu em sua primeira aparição no Rio de Janeiro. Muitos seguranças também cercaram o carro durante todo o trajeto.
O trajeto de 1,1 quilômetro foi acompanhado por milhares de pessoas. No seminário, o Papa almoçou um cardápio bastante simples e regional, composto de salada de alface e tomate, purê de batatas, carne de panela, arroz e feijão, além de doce de abóbora e doce de leite de sobremesa. O almoço foi acompanhado por cerca de 60 pessoas, incluindo parte de sua comitiva e alguns seminaristas.
Ainda no Seminário Bom Jesus, o Papa abençoou uma imagem de oito metros de Frei Galvão que foi retirada da entrada da cidade de Guaratinguetá (SP) especialmente para a benção papal.
Fonte: G1
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