Gripe: as diferenças entre suína e comum
Estudo publicado na revista Science compara ação da gripe sazonal com suína no organismo
ALEXANDRE GONÇALVES, alexandre.gonçalves@grupoestado.com.br
Estudo publicado na revista Science compara ação da gripe sazonal com suína no organismo
ALEXANDRE GONÇALVES, alexandre.gonçalves@grupoestado.com.br
O vírus A (H1N1), causador da gripe suína, replica-se com mais facilidade nas regiões próximas aos pulmões, podendo infectar o órgão, enquanto o da gripe sazonal costuma permanecer no início do trato respiratório, até a traqueia. Além disso, o novo vírus causa quadros ligeiramente mais graves do que a influenza sazonal.Essa conclusão está entre os principais resultados de dois estudos, publicados hoje na revista americana Science, que comparam a evolução das gripes suína e sazonal. O trabalho foi desenvolvido com furões - pequenos mamíferos de corpo longo e delgado, que são considerados bons modelos para o estudo de doenças ligadas às vias respiratórias. A influenza costuma afetá-los de modo semelhante aos humanos.As equipes responsáveis pelos dois estudos - uma dos Estados Unidos e outra da Holanda - infectaram animais com o A(H1N1) e com cepas responsáveis pela gripe sazonal. O grupo americano dissecou os animais para verificar se outros órgãos eram afetados. Descobriram que o A(H1N1) também estava presente no intestino dos mamíferos, o que pode explicar a maior incidência de diarreia e náusea na gripe suína, sintomas presentes em 40% dos infectados no mundo.Houve, no entanto, divergência entre os pesquisadores quando se comparou a capacidade de transmissão dos microrganismos. Para os cientistas holandeses, o novo vírus é tão eficaz quanto as variantes sazonais ao infectar pelo ar novos indivíduos. Já os americanos consideraram o A(H1N1) menos transmissível do que a versão sazonal. Nos experimentos, furões gripados conviveram, sem contato direto, com outros saudáveis, compartilhando apenas o ar.Os pesquisadores formularam uma explicação para a menor transmissibilidade. Uma proteína presente na superfície do novo vírus, importante para o sucesso da infecção, liga-se de forma ineficiente às células do sistema respiratório, explica Ram Sasisekharan, principal autor do artigo americano e pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Segundo o cientista, a limitação justificaria o padrão da pandemia - um grande número de surtos em grupos locais em vez de um contágio generalizado. Mas mudanças genéticas, comuns no vírus da gripe, podem alterar a dinâmica da doença e torná-la mais infecciosa.
Fonte: Jornal da Tarde
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