APRESENTADA MENSAGEM PARA A QUARESMA: BENTO XVI CONVIDA A REDESCOBRIR O VERDADEIRO JEJUM CRISTÃO
Cidade do Vaticano,
- O verdadeiro jejum é finalizado a não mais viver para si mesmos, mas a abrir o coração a Deus e ao próximo: é o que afirma o Santo Padre na mensagem para a Quaresma deste ano, na qual convida a redescobrir essa antiga prática penitencial. O tema da mensagem deste ano é "Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome".A mensagem do papa para a Quaresma foi apresentada esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé. A conferência de apresentação, moderada pelo diretor da Sala de Imprensa vaticana, Pe. Federico Lombardi, teve a participação, entre outros, do presidente do Pontifício Conselho "Cor Unum", Cardeal Josef Cordes, e da diretora executiva do Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas (PAM)."A Quaresma oferece ao cristão um percurso espiritual e prático para exercer, sem reservas, a oferta de nós mesmos a Deus", disse o Cardeal Cordes, que acrescentou: em sua mensagem, Bento XVI nos recorda o nosso compromisso a abrir o coração e a mão a quem se encontra necessitado.Trata-se de uma exortação hoje ainda mais urgente, num período de crise econômica global, acrescentou:"Não podemos simplesmente deixar-nos sucumbir diante da miséria dos homens; devemos fazer o possível para sanar tal miséria."O purpurado deteve-se assim sobre o tema do jejum, tema central na mensagem do papa. O presidente do organismo – que se ocupa da caridade do papa – observou que em nossos dias se difunde um cuidado pelo corpo que corre o risco de se tornar idolatria. Algumas estatísticas no mercado do bem-estar demonstram isso – frisou:"O corpo insiste sempre mais sobre seus direitos. Mas o seu desejo de bem-estar e prazer talvez reduza a liberdade, e não mais possa ser administrada pela vontade do homem. O corpo se torna um tirano."A mensagem quaresmal "se encontra, sem dúvida, numa certa contradição" com essa tendência social – explicou.As palavras do papa sobre a renúncia, num primeiro momento não favorecem às inclinações profundas do homem. Todavia, buscam o seu bem – ressaltou o Cardeal Cordes.O purpurado recordou que também em outras religiões, como o budismo e o islamismo, o jejum tem um papel fundamental. Mas – explicou ele – "a motivação que induz as duas religiões ao jejum é a luta contra o poder da matéria sobre o homem":"Portanto, o jejum tem uma conotação negativa. Trata-se de libertar-nos do peso que as coisas criadas fazem recair sobre nós. Isso, porém, faz correr o risco de isolar o homem e, portanto, de fechá-lo e de voltar-se para si mesmo. Para o cristão, ao invés, o desejo místico jamais é o descer ao próprio ser, mas a descida à profundidade da fé, onde encontra Deus."A palavra do papa não quer simplesmente acrescentar outra iniciativa humanitária às dos nossos dias. O jejum deve ter para os fiéis um significado cristão, "deve dar espaço para a oferta de si a Deus, porque, afinal de contas, somente Ele é a felicidade a que aspiramos". Por sua vez, a diretora do PAM, Sheeran, agradeceu ao papa pelo apoio que a Igreja dá às atividades do Programa Mundial de Alimentação."Encontrei o papa Bento XVI e fiquei profundamente comovida por seu compromisso e compaixão pelos famintos do mundo" – disse a diretora do PAM. O encorajamento do papa "nos ajuda também a recordar que, em todos os lugares, a fome está em crescimento" – acrescentou. E citou um dado dramático: hoje, uma criança morre de fome a cada seis segundos.Sheeran passou em resenha uma série de projetos em diversos países, do Afeganistão ao Senegal, a Gaza, onde o PAM está combatendo contra a chaga da fome. E recordou que a agência da ONU trabalha com as Caritas locais nas dioceses de 40 países. Em seguida, convidou os governos nacionais a se comprometerem mais com o combate à fome:"Nesta fase de medidas de salvação financeira de trilhões de dólares, precisamos de uma salvação humana para combater a fome" – foi a sua exortação. Nessa Quaresma – concluiu – "escolhamos um mundo livre da fome".
Fonte: RV
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