PAPA ALERTA BRASIL PARA A EXISTÊNCIA DE DUAS POBREZAS: MATERIAL E MORAL
Cidade do Vaticano,
- Bento XVI recebeu nesta segunda-feira o novo embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, para a apresentação de suas credenciais.Em seu discurso, o papa falou que esta ocasião lhe oferece a oportunidade de reiterar seu "sincero afeto e a ampla estima" que nutre pelo Brasil. Em especial, o pontífice recordou a visita pastoral realizada ao Brasil em 2007, para presidir a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, bem como os encontros com o Presidente Lula, tanto em São Paulo, como mais recentemente em Roma. Bento XVI falou ainda dos objetivos, seja da Igreja, na sua missão de natureza religiosa e espiritual, seja do Estado, que, apesar de distintos, confluem num ponto de convergência: o bem da pessoa humana e o bem comum da Nação. "O Brasil é um país que conserva na sua grande maioria a fé cristã legada, desde as origens do seu povo, pela evangelização enraizada há mais de cinco séculos" – afirmou. Para o pontífice, existe convergência de princípios, tanto da Sé Apostólica quanto do governo brasileiro, no que diz respeito às ameaças à paz mundial, quando esta se vê afetada pela ausência da visão de respeito ao próximo em sua dignidade humana. E citou o recente conflito no Oriente Médio, que prova a necessidade de apoiar todas as iniciativas destinadas a resolver pacificamente as divergências, fazendo votos de que o governo brasileiro prossiga nesta direção. Ainda sobre a conjuntura internacional, Bento XVI afirma que o Brasil vem se tornando um fator de estímulo ao desenvolvimento em áreas limítrofes e em vários países do continente africano, promovendo iniciativas contra a pobreza e o despreparo tecnológico. Falando sobre a situação brasileira, o papa mencionou duas pobrezas: material e moral. Quanto à pobreza material, Bento XVI encoraja o governo a prosseguir na política de redistribuição da renda, para fortalecer a justiça social para o bem da população. Sobre a pobreza moral, o pontífice alertou para o perigo do consumismo e do hedonismo, que, aliado à falta de sólidos princípios morais que norteiam a vida do simples cidadão, torna vulnerável a estrutura da sociedade e da família brasileiras. "Por isso, nunca é demais insistir na urgência de uma sólida formação moral a todos os níveis, inclusive no âmbito político, face às constantes ameaças geradas pelas ideologias materialistas ainda reinantes e, particularmente, à tentação da corrupção na gestão do dinheiro público e privado" – afirmou. A este fim, acrescentou, o cristianismo pode proporcionar uma válida contribuição, por ser "uma religião de liberdade e de paz e estar o serviço do verdadeiro bem da humanidade".Por fim, o papa recordou o recente Acordo que define o estatuto jurídico civil da Igreja Católica no Brasil. "A fé e a adesão a Jesus Cristo impõem aos fiéis católicos, também no Brasil, tornarem-se instrumentos de reconciliação e de fraternidade, na verdade, na justiça e no amor. Faço votos, assim sendo, de ver ratificado este Documento solene a fim de que a organização eclesiástica da vida entre os católicos veja-se agilizada e alcance alto grau de eficiência" – concluiu. (BF)
Fonte: RV
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