ESTADO DA CIDADE DO VATICANO COMPLETA 80 ANOS
- O Estado da Cidade do Vaticano está completando, nesta quarta-feira, 80 anos de vida. O Tratado de Latrão (também chamado Pacto Lateranense) entre a Itália e a Santa Sé foi assinado em 11 de fevereiro de 1929, entre o Papa Pio XI e Benito Mussolini. Esse Tratado acabou com o conflito que os Papas (exilados no Vaticano) mantiveram com o Reino da Itália desde 1870, quando as tropas de Giuseppe Garibaldi liquidaram os antigos Estados Pontifícios. O atual Estado da Cidade do Vaticano está encravado na cidade de Roma, à direita do rio Tibre, com uma superfície de 440.000 metros quadrados. Considerado como o menor Estado do mundo, esse território assegura a liberdade da Sé Apostólica e a independência do Papa, para poder realizar sua missão. Mas como se pode explicar hoje a necessidade de um estado soberano para exercitar uma autoridade espiritual sobre os católicos espalhados no mundo? Foi o que a Rádio Vaticano perguntou ao presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, Card. Giovanni Lajolo:Card. Lajolo:- "Todo o significado do Estado soberano da Cidade do Vaticano é preservar o papa de qualquer ingerência política na condução da Igreja e no seu magistério evangélico, que é dirigido não somente à Igreja, mas a toda a humanidade. O vigário de Cristo deve ser independente e livre, não deve responder a nenhuma autoridade terrena, mas somente a Deus. A história, sobretudo da Europa, demonstrou demasiadas vezes no decorrer dos séculos, e também no século passado, a inclinação de alguns regimes e de alguns governos a aprisionar a voz do papa. Ainda hoje, não poucos homens políticos gostariam que o papa não se pronunciasse sobre temas morais, desagradáveis a eles. O Estado da Cidade do Vaticano, por menor que seja, garante ao papa a plena independência de qualquer influência política externa." P. Durante alguns anos, o senhor foi secretário das Relações com os Estados. Quais são os desafios mais difíceis ao representar o menor Estado do mundo em sedes internacionais?Card. Lajolo:- "Devo fazer uma premissa, de que a atividade internacional da Santa Sé, em especial a diplomacia, raramente diz respeito ao Estado da Cidade do Vaticano. Isso acontece quando se trata de questões técnicas, que não representam grandes desafios. A atividade internacional e diplomática da Santa Sé é, ao invés, sempre uma atividade de Igreja, e é conduzida não com base em um poder político da Santa Sé, mas com base na força da palavra ditada pela razão e, em especial, sobre a força da Palavra inspirada por Deus."O cardeal explica que os grandes desafios dizem respeito à liberdade da Igreja local, isto é, dos bispos junto a seus fiéis, e aos direitos humanos, a partir do direito à vida e à nutrição, e o direito a uma verdadeira liberdade religiosa. Ele cita também o direito ao desenvolvimento econômico dos países mais pobres e fracos, mas também das pessoas pobres e desfavorecidas. Todos esses desafios convergem para o maior desafio, do grande empenho da Igreja: a paz.P. Nota-se ainda hoje uma atitude de fascínio pelo "mundo misterioso" dentro dos muros vaticanos. É justo manter esta imagem, ou se busca mudar?Card. Lajolo:- "Trata-se de um mito que, a meu entender, não tem fundamento. Quem quiser se informar ou informar aos outros, basta recorrer aos instrumentos de domínio público, abertos a todos, que são as leis e as normas da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano. Além disso, há uma vasta informação sobre questões atuais fornecida por Rádio Vaticano, L'Osservatore Romano, o site da Santa Sé (www.vatican.va) e do Estado da Cidade do Vaticano (www.vaticanstate.va) e, recentemente, o novo canal no Youtube. As celebrações dos 80 anos do Estado da Cidade do Vaticano também são uma ocasião para melhor conhecer "o mundo misterioso", na realidade muito simples e claro, do Vaticano." (BF)
Fonte: RV
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