Editorial RV: Gestos simples
Vamos viver a Semana Santa como “humilde dos humildes”
Cidade do Vaticano– Desde a eleição de Papa Francisco, os meios de comunicação de massa, e fiéis dispersos por todo o mundo continuam a se maravilhar com os gestos desse Sucessor de Pedro, vindo – como ele mesmo disse – de um país que está lá no fim do mundo. Parece até mesmo que os senhores cardeais tiveram que ir até o fim do mundo para trazer para o coração da cristandade alguém que com seus “gestos simples” pudesse novamente dar simplicidade a uma Igreja, se é que já não existia. Mas por que essa admiração e estupor? O que Papa Francisco fez de tão extraordinário?
Se percorrermos os primeiros dias de Papa Francisco vamos olhar primeiramente para a sua veste branca, sem ornamentos, com a qual apareceu no balcão da Basílica Vaticana. Sua cruz peitoral, de ferro, sem o brilho dourado. O encontro com os paroquianos na saída da Igreja Sant’Ana, quando como um simples pároco, foi até a porta de entrada e cumprimentou cada um dos fiéis, que maravilhados, não entendiam o que estava acontecendo: “o Papa esperando a gente na porta!”, disse um deles, sem conter a emoção.
Depois tantos outros gestos, como o pagamento da conta da hospedagem por ele usufruída durante os dias de pré-Conclave, os telefonemas para amigos agradecendo pela ajuda e oração;e em plena Praça São Pedro, no dia da missa de início de Pontificado mandou parar o carro, desceu e foi beijar um homem com problemas físicos, que se encontrava ao longo de seu percurso.
Seriam muitos os gestos a serem citados nestes primeiros momentos de Pontificado que a imprensa salientou e chamou a atenção.
A pergunta volta à mente; por que chama a atenção gestos tão simples de um Papa que está cada vez mais se tornando o “pároco do mundo”. Talvez a resposta, também simples, está na espetacularidade da simplicidade e humildade de um homem que por toda a vida, fez gestos como esses, sem pensar que eram grandes gestos, mas sim que eram gestos que deveriam ser feitos, porque são gestos cristãos, gestos que provém da simplicidade do Evangelho e que nos remetem diretamente aos gestos simples e humildes do Homem da Galiléia, que também no seu tempo chocou as multidões realizando gestos inusitados, sem precedentes, que dignificavam o homem, sem olhar para sua condição social, raça ou cor.
Falar de gestos simples que em muitos lugares como a América Latina são corriqueiros, como grandes novidades de um pontificado, é tornar redutivo a importância do mesmo pois se olharmos para o nosso passado recente, os nossos últimos papas, todos eles, também fizeram gestos proféticos e simples mas que talvez se perderam no emaranhado da espetacularidade que a mídia produz e segue.
De tudo isso temos a certeza de que Papa Francisco, assim como o Pobrezinho de Assis, está sacudindo as mentes e corações de muitos, e desta vez não com grandes gestos, e aí está o paradoxo, mas com gestos simples como se os mesmos não existissem mais.
Certamente é o Papa a fazê-los, mas os faz sem segundas intenções, sem a obrigação de fazê-los. Ele os faz porque devem ser feitos, porque são gestos que todo o cristão deve fazer.
Os gestos de Papa Francisco, são gestos que na sua simplicidade incomodam os gestos espetaculares e cujos refletores nestes dias, pelo menos, parecem estar apagados.
Estamos para inciar a Semana Santa, e novos gestos do Papa Francisco, certamente irão chamar a atenção; pois sejam-benvindos esses gestos se ajudam as pessoas a refletirem a melhorarem-se e a tornar o Cristo humilde conhecido e presente nas vidas das pessoas. Vamos viver a Semana Santa na qual o “humilde dos humildes” se entregou pelos homens para que o seu gesto de extremo amor, esse sim um gesto que perdura na história, seja aceito e vivido pelos homens de boa vontade.
Simples, humilde, descontraído, espontâneo. Assim é o Papa Francisco. (Silvonei José)
Fonte: RV
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