BENTO XVI: A HISTÓRIA DA IGREJA INICIA SEU CAMINHO NA POBRE GRUTA DE BELÉM
- O Santo Padre concedeu hoje ao meio-dia do balcão central da Basílica de São Pedro, a tradicional bênção "Urbi et Orbi" (à cidade de Roma e ao mundo inteiro).Em sua mensagem natalina proferida aos fiéis provenientes de várias partes do mundo, o papa ressaltou que a liturgia do Natal não nos fala de uma luz natural, mas de uma luz diferente, especial, de alguma forma apontada e orientada para um nós, "o mesmo nós para quem o Menino de Belém nasceu. Este nós é a Igreja, a grande família universal dos que acreditam em Cristo, que aguardaram com esperança o novo nascimento do Salvador e hoje celebram no mistério a perene atualidade deste acontecimento" – frisou Bento XVI.O Santo Padre disse ainda que a princípio aquele nós, ao redor da manjedoura de Belém, era quase invisível aos olhos dos homens, como nos diz o Evangelho de São Lucas, englobava, além de Maria e José, poucos e humildes pastores que correram à gruta, avisados pelos anjos. "A luz do primeiro Natal foi como um fogo aceso à noite. Ao redor tudo estava escuro, enquanto na gruta resplandecia a luz verdadeira que ilumina todo homem" – disse o papa – acrescentando: "é a história da Igreja que inicia o seu caminho na pobre gruta de Belém e, através dos séculos, se torna povo e fonte de luz para a humanidade. Também hoje, por meio daqueles que vão ao encontro do Menino, Deus ainda acende fogueiras na noite do mundo para convidar os homens a reconhecerem em Jesus o sinal da sua presença salvífica e libertadora e estender o nós dos fiéis em Cristo a toda humanidade."O Santo Padre frisou ainda "que onde estiver um nós que acolhe o amor de Deus, aí resplandece a luz de Cristo, mesmo nas situações mais difíceis"."A Igreja, como a Virgem Maria, oferece ao mundo Jesus, o Filho, que Ela recebeu como dom e que veio para libertar o homem da escravidão do pecado. Como Maria, a Igreja não tem medo, porque aquele Menino é a sua força e o oferece às pessoas que o procuram com coração sincero, aos humildes da terra e aos aflitos, às vítimas da violência, aos desejam o bem da paz. Também hoje, à família humana profundamente marcada por uma grave crise, certamente econômica, mas também moral, e por dolorosas feridas de guerras e conflitos, a Igreja, com o estilo da partilha e da fidelidade ao homem, repete com os pastores: Vamos a Belém (Lc 2, 15), lá encontraremos a nossa esperança" – ressaltou o pontífice.Bento XVI sublinhou que o nós da Igreja vive no território onde Jesus nasceu, na Terra Santa, para convidar seus habitantes a abandonarem toda a lógica de violência e vingança. O nós da Igreja está presente em outros países do Oriente Médio, como o Iraque, no pequenino rebanho de cristãos que vive naquela região, que passa por várias tribulações. O Santo Padre disse ainda que nós da Igreja, está em Sri Lanka, na Coreia, nas Filipinas, e outras terras asiáticas, como fermento de reconciliação e de paz. "No continente africano, não cessa de erguer a voz a Deus para implorar o fim de toda a prepotência na República Democrática do Congo; convida os cidadãos da Guiné e do Níger ao respeito pelos direitos de cada pessoa e ao diálogo; aos de Madagascar pede para superarem as divisões internas e acolherem-se reciprocamente; a todos lembra que são chamados à esperança, não obstante os dramas, provações e dificuldades que continuam a afligi-los" – frisou Bento XVI."Na Europa e na América do Norte - disse ainda o papa - o nós da Igreja convida a superar a mentalidade egoísta e tecnicista, a promover o bem comum e a respeitar os mais vulneráveis, começando pelos nascituros. Em Honduras, ajuda a retomar o caminho institucional; em toda a América Latina, o nós da Igreja é fator de identidade, plenitude de verdade e caridade que nenhuma ideologia pode substituir, apelo em favor do respeito dos direitos inalienáveis de cada pessoa e ao seu desenvolvimento integral, anúncio de justiça e fraternidade, fonte de unidade".O Santo Padre concluiu sua mensagem, dizendo "que a Igreja é solidária com aqueles que são atingidos pelas calamidades naturais e pela pobreza, mesmo nas sociedades opulentas" e que diante do êxodo das pessoas que emigram por causa da fome, da intolerância ou da degradação ambiental, "a Igreja é uma presença que chama ao acolhimento".O papa desejou um Feliz Natal aos fiéis e peregrinos em várias línguas. Ouçamos suas felicitações natalinas em língua portuguesa. Bento XVI concluiu a cerimônia concedendo a todos a sua bênção apostólica. (MJ)
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