BENTO XVI: QUE OS RICOS SEJAM SENSÍVEIS AO DRAMA DA FOME NO MUNDO
Cidade do Vaticano,
- O Santo Padre dedica ao Apostolado da Oração, uma intenção geral e uma intenção particular para cada mês. Para o mês de abril, o papa convida, na intenção geral, a rezar "a fim de que o Senhor abençoe o trabalho dos agricultores com uma colheita abundante, e torne os povos mais ricos sensíveis ao drama da fome no mundo."O pontífice faz uma triste constatação: a fome no mundo, ao invés de diminuir, aumenta. As pessoas atingidas pela desnutrição já são quase um bilhão.Para Bento XVI não se trata de "uma mera fatalidade, provocada por situações ambientais adversas ou de calamidades naturais desastrosas" – de fato, existem no planeta recursos suficientes para erradicar a fome. Trata-se de um verdadeiro escândalo, que se deve, sobretudo, a uma lógica que faz o lucro prevalecer sobre a dignidade humana.Segundo o pontífice, são necessárias "providências corajosas" que respeitem o princípio da "destinação universal dos bens da terra", contrastando uma globalização que se faz segundo a lei do mais forte e com políticas protecionistas que impedem aos mais pobres o acesso aos mercados.Quem paga com isso são as populações rurais dos países em via de desenvolvimento: o trabalho delas "é avidamente explorado e a sua produção é desviada para mercados distantes, com pouco ou nenhum benefício para a comunidade local", com a conseqüente emigração e desagregação das famílias.Bento XVI indica o trágico paradoxo de um mundo "que experimenta uma riqueza sem precedentes, tanto econômica quanto científica e tecnológica", junto a uma crescente e dramática pobreza.Diante dessa realidade, o papa ressalta que se faz "necessário reconhecer que o progresso técnico, embora necessário, não é tudo. O verdadeiro progresso é somente aquele que salvaguarda a dignidade do ser humano na sua inteireza e permite a todo povo partilhar os seus recursos espirituais e materiais, em benefício de todos".Bento XVI destaca a necessidade de uma colaboração entre países ricos e pobres, entre instituições internacionais e organizações não-governamentais: a necessidade de uma ação conjunta que ajude "as comunidades indígenas a prosperar em seus próprios territórios e a viver em harmonia com as suas culturas tradicionais".Nesse sentido, o Santo Padre afirma que cada um de nós deve se sentir comprometido em primeira pessoa – até mesmo mudando estilo de vida – a combater a desnutrição.Uma antiga sentença dos padres da Igreja afirma: 'Dê de comer àquele que se encontra moribundo por causa da fome, porque, se não você não tiver dado de comer, o terá assassinado'.O pontífice convidou ao jejum para esta Quaresma, o que significa "privar-nos de algo para ajudar os outros", e recordou que no fim da vida seremos julgados sobre o amor: "tive fome e me destes de comer" (Mt 25, 35). (RL)
Fonte: RV
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