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Uma Capela cheia de segredos !Você quer descobri-la conosco? Saiba, antes de tudo, que a Casa Mãe da Companhia das Filhas da Caridade era o antigo "Hotel de Châtillon". Este, foi concedido à Companhia, em 1813, por Napoleão Bonaparte, depois da tormenta da Revolução Francesa. Imediatamente, começa a construção da Capela.A 8 de agosto de 1813, realizou-se a bênção solene da Capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Em 1830, aconteceram então as aparições. Aumentou o numero de vocações.Foi necessário transformar a Capela, que passa então por várias modificações. Em 1930, por ocasião do centenário das apariçes, uma nova reforma nos mostra a Capela tal como a vemos hoje.Agora, a você a oportunidade de visitá-la!
http://www.chapellenotredamedelamedaillemiraculeuse.com

Visita a Capela da Medalha Milagrosa, localizada na Rue du Bac, 140 - Paris

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terça-feira, 14 de abril de 2009

FRANCISCANOS: CARISMA ONTEM E HOJE


Carisma ontem e hoje
Frei Almir Ribeiro Guimarães,OFM (*)


Nossa reflexão de hoje se apoiará fortemente sobre o vigoroso texto da FFB sobre os 800 anos do carisma franciscano "Reviver o sonho de Francisco e Clara no chão da América Latina e do Caribe", publicado em 2008.
1. O carisma é graça, dom, manifestação do Espírito Santo em pessoas escolhidas, habilitando-as a iniciativas novas e especiais (vocação) em favor da comunidade eclesial, seja na linha do serviço, do testemunho, da misericórdia e da evangelização. Visa mais o bem dos outros que o próprio.2. O Espírito Santo provê a Igreja de pessoas carismáticas que possam responder criativa e evangelicamente às urgências dos tempos e lugares (sinais dos tempos). Não obstante sua gratuidade, o carisma conta sempre com a colaboração humana: sensibilidade, acolhida, docilidade, compromisso das pessoas aos quais é concedido.3. Todo carisma se situa na confluência de pelos menos três elementos: Deus e sua gratuidade, o ser humano e sua sensibilidade, o tempo e suas vicissitudes. "Tudo o que há de belo na história do mundo foi feito sem que soubéssemos, por um misterioso acordo entre a humilde e ardente paciência do homem e a doce piedade de Deus" (Tirado da dedicatória do livro Desterro e Ternura, de Eloi Leclerc). Deus é fonte dos carismas e os distribui a quem quer e com eles suscita, na Igreja e no mundo, inesperadas primaveras.4."O Carisma fundacional de uma família religiosa como a Família Franciscana, resulta de uma experiência do Espírito, que se torna experiência fundante e que, em seguida, passa aos discípulos e discípulas para ser vivida, custodiada e desenvolvida em proveito do Povo de Deus e do Reino". Existe o carisma do fundador que tem sua especificidade. Existe o carisma dos discípulos.5. O carisma transmitido não é nenhuma camisa de força, inflexível, a ser repetido repetitivamente, na marra, mas um dom benfazejo, aberto à dinâmica permanente do Espírito, que impele as pessoas a recriarem, no tempo presente, uma história parecida com a das origens, sob o influxo do mesmo Espírito.6. O projeto franciscano nos convida a viver a fundo a experiência da fé em Deus e em Jesus Cristo. Sedento e faminto, o mundo busca pessoas que sejam referenciais desse absoluto, que desvelem o sentido da própria vida, que lhe indiquem a fonte e lhe apontem o onde ver a face e encontrar a proximidade de Deus. Retomando uma palavra de Paulo VI, o mundo busca pessoas que falem de um Deus que elas conhecem e que lhes seja familiar. Sem esta mística, sem esta contínua referência à profundidade da vida, sem esse mergulhar no Deus de Jesus Cristo, os irmãos e as irmãs de Francisco e de Clara podem até falar de Deus e anunciar o Evangelho, mas não serão mais do que nuvem sem água e árvore sem frutos. Só aquele que vive de Deus pode ser seu sacramento no mundo.7. Uma das marcas do carisma é o fato de nos termos como irmãos e irmãs, entre nós e comtodos. O fraternismo é a conseqüência mais imediata da experiência de Deus como único Pai e Mãe de todas as criaturas. São claras a nós, talvez mais do que poderiam ter sido a Francisco, as graves conseqüências para nossa própria Casa comum e para o próprio ser humano, do que poderia ser chamado de antropolatria, o culto e a celebração do homem por si mesmo. Dotado das poderosas armas de seu espírito, o ser humano, há séculos, comporta-se no mundo como se fora seu próprio e único senhor, à serventia do qual, tudo, literalmente tudo, deve estar disponível. Os desastres deste modelo já não são, hoje, apenas pressentimentos e prognósticos. Eles vitimam não apenas outros seres criados, mas voltam-se sobre o próprio ser humano. Francisco aparece como aquele que compreendeu que a única forma possível de vivermos humanamente é vivermos fraternalmente.8. Esta proximidade junto aos seres humanos, tão própria de nossa família franciscana, se traduz nessa sintonia com o coração do mundo e dos homens, pela qual nos colocaríamos em condições de captar afetiva, analítica e praticamente os reais apelos das verdadeiras necessidades de um mundo e de pessoas reais.9. Os franciscanos sabem improvisar. Não desconhecemos a necessidade de analisar, de prever, de programar. Sempre foi próprio dos irmãos e das irmãs de Francisco e Clara a flexibilidade, a imediatez e a improvisação criativa no socorro à vida. Quaisquer que sejam nossos empreendimentos, jamais podem abafar ou substituir nossa proximidade com as pessoas, com o povo, e absorver os irmãos e irmãs na sua operacionalidade. Empreendimentos não substituem o ser fraterno e a fraternidade, antes existe para viabilizá-lo.10. Os franciscanos se aproximam de vidas mais fragilizadas. O encontro de Francisco com os leprosos divide a vida em um antes e um depois. Francisco cuida desses seres como se fossem o corpo de Cristo. Volta-se com reverência e cortesia para as criaturas mais insignificantes. Alegra-se por tê-las tão perto e poder protegê-las. Experimenta a alegria e a dor dos seres todos. "Cuidando dos rejeitados do mundo, Francisco começava a ascender à genuína nobreza que buscava, que seria descoberta não nas armas, ou em títulos e batalhas, glórias ou desafios. A honra não estaria na companhia dos mais fortes, dos mais atraentes, dos mais bem vestidos ou mais seguros na sociedade, mas entre os mais fracos, os mais desfigurados, os que estavam marginalizados, dependentes e desprezados " (Donald Spoto, Francisco de Assis. O Santo relutante, p. 104).11. Francisco abdica a todo poder, prestígio, ambições para escolher o caminho que desce socialmente. Sai de Assis e vai para a periferia, em sinal de seu desacordo com o sistema e em resposta ao amor do Filho de Deus que se esvazia de sua divindade para tornar-se pobre, servidor dos humildes e morrendo na cruz, fora da cidade.Os franciscanos se sentem bem entre os humildes. Alegram-se ao encontrarem pessoas insignificantes e desprezadas, entre pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua. Aproximam-se das criaturas com um olhar não possessivo, por isso elas se lhes revelam como irmãs e aliadas. Os franciscanos criam laços afetivos e não meramente ideológicos.
12. "Francisco desempenha hoje um papel invejável nos encontros ecumênicos e inter-religiosos, pois recebe comum aceitação e respeito não só de católicos mas de quantos acreditam nos valores humanos e na vida. É que ele não traz a marca da polêmica, mas da simpatia; não combate heresias, a não ser com o exemplo; valoriza mais a escuta do que a fala; e, no dizer de N. Kazantzakis, escuta a música dos pássaros, mas também lhe interpreta a letra. Em sua vida, busca o diálogo até com o sultão em tempo de plena cruzada; intervém para mediar a reconciliação entre o prefeito e o bispo de Assis e para restabelecer a paz em situações em que está rompida".13. Assim o carisma franciscano mostra sua atualidade. Subsiste uma misteriosa afinidade ou cumplicidade entre o carisma franciscano e as melhores bandeiras que mobilizam a consciência atual, quais sejam: a bandeira da solidariedade para com os pequenos e a da justiça social, expressão prática da minoridade; a bandeira da paz, constitutiva do anúncio franciscano e tão cara a São Francisco; a bandeira da ecologia, que tem em Francisco seu patrono e inspirador; a bandeira da sobriedade e frugalidade, face ao consumismo, e a da fraternidade, face à tentação de medir as pessoas pelo poder ou riqueza que possuem; a bandeira do diálogo e do ecumenismo, em todos os níveis, como condição de sobrevivência de nossa espécie, e a bandeira das relações de gênero, chance histórica única confiada às atuais gerações.
Concluindo
Hoje e aqui, sob o império da mais-valia, do desejo de lucro, do consumismo, quando de forma avassaladora a antropolatria, na sua face mais cínica a indiferença para com as criaturas, a exclusão dos pequenos, o aburguesamento -, a voracidade insaciável do sempre mais ter, parece não reter seus passos nem mesmo no espaço religioso e eclesial, exatamente aqui, interpelam-nos Francisco e Clara a andarmos em outras trilhas. Interpelam-nos a não esquecermos a partilha do pouco que somos e temos, a solidariedade dos pequenos gestos, que se não são suficientes para afrontar a frieza do mundo e os abusos contra as criaturas, nem para debelar a complexidade das dissimetrias sociais e econômicas, a miséria das maiorias e a violência das guerras, declaradas ou não pelo menos poderão levar o conforto de uma presença e um raio de esperança aos humildes: a esperança de que, no chão da América Latina e do Caribe, as trevas não haverão de ser isentas de luz na noite de seus sofrimentos.Proposta para estudo em grupo
1. Retomar o texto desta reflexão e discuti-lo.2. Ler e comentar em grupo o texto: O Encontro do Evangelho com a história (Eloi Leclerc, Francisco de Assis, Retorno ao Evangelho, Cefepal, Vozes, 1983)

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM é Assistente Nacional para a OFS e Assistente Regional da OFS do Sudeste II


Fonte: Franciscanos

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