Festejamos hoje a Cátedra de Pedro
Quarta-feira passada iniciamos com toda a Igreja o tempo da Quaresma, que no Brasil também é aprofundada com a Campanha da Fraternidade. Algumas festas, porém, são celebradas neste tempo de conversão a caminho da Páscoa.
Uma delas é a Festa da Cátedra de São Pedro, comemorada no dia 22 de fevereiro, segunda-feira.
Qual o sentido de celebrar tal festa? Sem dúvida, trata-se de uma comemoração importante, pois revela que a Igreja, tal como querida por Jesus, é uma comunhão ordenada, tendo Pedro à frente. Na Sagrada Escritura, por diversas vezes, a missão de Pedro dentro da comunhão da Igreja aparece como única.
O nome de Pedro encabeça a lista dos Apóstolos. É Pedro quem fala com Jesus em nome dos demais Apóstolos. Jesus promete fundar sobre o Apóstolo a sua Igreja, cuja estabilidade não seria jamais ameaçada, e entrega, particularmente a Pedro, as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16, 16-19).
Jesus também roga pela fé de Pedro, em particular, a fim de que o príncipe dos Apóstolos confirme os irmãos na fé (cf. Lc 22, 31-32) Jesus, depois da Ressurreição, ainda aparece confirmando a singular missão pastoral de Pedro ao lhe confiar seus cordeiros e ovelhas (cf. Jo 21, 15-17). Pedro também aparece discursando ao povo em nome do colégio dos Apóstolos (cf. At 2, 14ss.).
Ademais, a tradição dos primeiros tempos da Igreja confirma, de diversos modos, o papel único de Pedro no seio da comunhão da Igreja. Vale aqui recordar as belas palavras do grande Arcebispo de Constantinopla, São João Crisóstomo, sobre o texto de Jo 21, 15-17: “O principal bem que resulta deste amor é o de procurar a salvação do próximo.
O Senhor, prescindindo dos demais Apóstolos, dirige a Pedro estas promessas, porque Pedro era o primeiro dos Apóstolos, a voz dos discípulos e a cabeça do colégio. Por isso, depois de apagada a negação, o Senhor o investiu como prelado de seus irmãos. Não lhe lança em rosto a negação, mas diz: ‘Se me amas, preside a seus irmãos e dá testemunho agora do amor que sempre demonstraste, sacrificando por minhas ovelhas a vida que disseste que darias por mim’” (In Joannem, hom. 87).
A Cátedra de Pedro é o símbolo da missão magisterial que o Apóstolo recebeu do próprio Cristo. Os ensinamentos de Pedro procuram atualizar os ensinamentos de Jesus.
A missão de Pedro é a de fazer com que o mistério do Filho de Deus, – Caminho, Verdade e Vida –, seja conhecido e amado pelos homens. Nesse sentido, estar em comunhão com o magistério autorizado de Pedro é estar em comunhão com a doutrina de Cristo. O antigo ditado latino expressa muito bem este sentimento: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia” – Onde está Pedro, está a Igreja.
Em alguns momentos da história muitos se esqueceram do mandato de Jesus de viver a unidade! Somos chamados a ser corajosas pessoas da comunhão, da unidade entre nós e com Pedro e seu sucessor, caminhando como Igreja que anuncia hoje a boa notícia ao mundo com a mesma coragem dos primeiros discípulos.
Em alguns momentos da história muitos se esqueceram do mandato de Jesus de viver a unidade! Somos chamados a ser corajosas pessoas da comunhão, da unidade entre nós e com Pedro e seu sucessor, caminhando como Igreja que anuncia hoje a boa notícia ao mundo com a mesma coragem dos primeiros discípulos.
O Apóstolo Pedro tem nos Papas seus legítimos sucessores. A cidade de Roma foi honrada pela presença e pelo martírio de São Pedro, que assim a consagrou como Sede Apostólica. Nós honramos a Sede de Pedro com o carinhoso e respeitoso título de Santa Sé. A Cátedra de Pedro é hoje ocupada pelo Papa Bento XVI.
Ao longo da história, Deus mesmo é quem sustenta a Igreja na terra e o Papa que está à sua frente. A Cátedra de São Pedro foi ocupada por inúmeros nomes ilustres e santos, que se distinguiram seja pelo zelo pelas coisas de Deus, pela preservação e transmissão da sã doutrina, pela missão, pela sabedoria ou pelo serviço da caridade. Sabemos também que a fragilidade humana marcou a história do papado.
Entretanto, nada de contrário ao sentido verdadeiro da Palavra de Deus foi oficialmente ensinado por um Papa, por menos digno que ele fosse, o que revela a ação de Deus assistindo à sua Igreja. Na verdade, Deus faz com que o ouro do Evangelho chegue incólume aos fieis!
Nestes últimos tempos assistimos como a ação do Espírito Santo faz com que tenhamos as pessoas necessárias para o nosso tempo e para que a Igreja continue na fidelidade a Cristo e ao Evangelho no caminhar da história. A lista e a diversidade dos últimos Papas nos demonstram isso.
O atual Papa Bento XVI destaca-se, entre outras coisas, pela coragem que tem de propor aos homens de nosso tempo a autêntica mensagem de Jesus, sem atenuações ou diminuições.
Sabemos que o mundo atual, a diversos títulos, afasta-se de Deus e do seu Cristo. O consumismo, o hedonismo e o individualismo se apresentam hoje como deuses que reclamam culto de adoração. O secularismo e a indiferença religiosa parecem tomar proporções consideráveis.
O desprezo pela verdade e o descaso, em muitos casos, pela dignidade da vida humana, principalmente em sua fase inicial e terminal, são realidades que estão aí. Apesar de tudo, Bento XVI não se intimida e propõe, com frescor sempre renovado, os valores do Evangelho.
O Papa tem a consciência de que a Mensagem de Cristo nada tem a tirar de tudo aquilo que faz a vida boa e bela. Cristo não nos tira nada.
Ao contrário, Cristo nos dá tudo. Se quisermos correr o belo risco por aquilo que verdadeiramente vale a pena na vida abracemos para valer a doutrina de Cristo, tal como a Igreja, com seu magistério autorizado, no-la transmite. “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mt 11, 29-30).
Na festa da Cátedra de São Pedro façamos a Deus uma prece de louvor e agradecimento. Deus caminha conosco. Jesus é nosso irmão. O Espírito da Verdade guia a Igreja, a fim de que a obra de Cristo sempre produza frutos. Aliás, a promessa de Jesus foi exatamente esta: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade [...]” (Jo 16,13).
Renovemos, pois, a nossa fé e a nossa gratidão. O ministério de Pedro e de seus sucessores, os Papas, é um verdadeiro dom para a comunhão dos irmãos em Cristo. Sabemos que existe na Igreja uma instância autorizada, guiada pelo Espírito, para ser sinal de nossa unidade e interpretar autenticamente a Mensagem de Jesus.
Esta não ficou entregue ao vento, mas foi confiada à Igreja, que tem em sua base a “Pedra” escolhida por Jesus como sólido fundamento.
Neste Ano Sacerdotal, rezemos por todos os sacerdotes e, de modo especial, pelo Papa Bento XVI, que hoje é Pedro para nós!
Fonte: CNBB
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