PAPA FRANCISCO NA AFRICA
Papa em África: Quénia é a primeira etapa
País com cerca de 43 milhões de habitantes, 80% dos quais cristãos, o Quénia situa-se na África Oriental, debruçando-se a sudeste sobre o Oceano Índico, e fazendo fronteira com o Sudão, a Etiópia, a Somália e o Uganda. O seu território estende-se por mais de 580 mil kmq e, além do Lago Turkana e de outros pequenos lagos no chamado Rift Valley, tem também o Monte Quénia que fica a cerca de 200km da capital, Nairobi, e que mede 5.199m de altitude. É o segundo ponto mais alto da África, depois do Klimandjaro, que se encontra na vizinha Tanzânia. Dotado de um Parque Nacional, o Monte Quénia foi inscrito em 1997, pela UNESCO, na lista do património da Humanidade. Os seus cumes glaciares e encostas arborizadas, constituem, ao lado das lindas praias, uma das importantes atracções turísticas do país.
Ex-colónia britânica, o Quénia acedeu à independência a 12 de Dezembro de 1963. Mas, as primeiras cidades do país terão sido fundadas pelos árabes que iniciaram a partir do século XII intensas relações comercias com a população africana da região: kikuyos e masais. Desse encontro surgiu a cultura swahili, caracterizada pela língua kiswahili (hoje língua oficial do país), e pela a religião islâmica.
Na altura os portugueses ocuparam algumas localidades da costa, mas foram rechaçados pelos sultões omanitas do Zanzibar. A presença de europeus viria a intensificar-se em finais do século XIX, quando o Quénia acaba por tornar-se numa colónia britânica.
Em finais da Segunda Guerra Mundial, os kikuyos lutam pela independência que, dizíamos, se concretizou a 12 de Dezembro de 1963. Jomo Kenyatta, considerado o Pai da Independência, é eleito Presidente da República. Promove importantes reformas políticas/económicas e mantém boas relações com os países vizinhos e a própria Grã-Bretanha.
Em 1978 Kenyatta morre e é Daniel Arap Moi é eleito Presidente. Ele prossegue por alguns anos a linha política do seu predecessor, mas em 1982, perante um golpe de Estado falhado, endurece a sua política, instituindo o mono- partidarismo. Com o fim da guerra fria, como muitos outros países da África é introduzido o multi-partidarismo. Mas as forças de oposição não se entendem entre si, e Moi é reeleito em 1992 e 1997. Em 2002 é substituído por Mwai Kibaki.
As eleições de 2008 são marcadas por violências étnicas. Graças à mediação de Kofi Annan, ex-Secretário Geral da ONU chegou-se a um armistício e a um entendimento entre as facções: Kibaki fica Presidente e o seu rival Odinga é nomeado Primeiro Ministro, cargo recém-criado e sucessivamente abolido. As mais recentes eleições gerais de 2013 foram ganhas pelo filho de Jomo Kenyatra, Uhuru Kenyatta.
A 2 de Abril deste ano, o Quénia foi sacudido por um grave atentado terrorista: milícias do grupo islamista somali “Al-Shabab” irromperam, durante a noite, num dormitório do campus Universitário de Garissa, matando 150 estudantes. O ataque foi considerado uma represália contra o Governo de Nairobi, empenhado militarmente na Somália contra extremistas islâmicos, autores de repetidos ataques em território queniano.
Do ponto de vista económico, de salientar que o Quénia é um dos maiores exportadores mundiais de chá e de flores, nomeadamente rosas, cuja cultura foi introduzida em época mais recente e de que se fala de vez em quando pelo trabalho duro e perigoso que sobretudo mulheres exercem nesse domínio. O turismo é também um dos pilares da economia do país. A moeda é a esterlina queniana, uma das moedas mais fortes da África Oriental, usada também no Somália e no Sudão.
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Dizíamos que cerca de 80% dos quenianos são de religião cristã: destes 32,3% são católicos e 47,7% são protestantes. Os restantes 20% pertencem a diversas outras religiões.
Os primeiros contactos dos quenianos com o cristianismo remontam a 1498 aquando da passagem dos portugueses em transito para a Índia. Testemunho disto é uma coluna encimada por uma cruz em pedra, erigida por Vasco da Gama em Malinde e que existe ainda hoje.
Em finais de 1500 chegaram os missionários agostinianos que evangelizaram as populações da costa. Mas em 1631, o sultão de Mombasa, Jerónimo Chingúlia que se tinha antes convertido ao cristianismo, acaba por revoltar-se contra os cristãos e 150 pessoas passam pelo martírio. São os chamados Mártires de Mombasa, cuja causa de beatificação está em curso.
A verdadeira expansão do cristianismo dar-se-á na segunda metade do século XIX com a chegada dos padres do Espírito Santo que se estabeleceram na ilha de Zanzibar, na Tanzânia, e cuja prefeitura apostólica se estendia também ao Quénia. Estava-se em 1860. Seguidamente chegam ao país diversos outras congregações missionárias que em 1899 abrem missões também em Nairobi. 1899, marca, portanto, oficialmente, o início da Evangelização, tendo sido – diga-se de passagem - o centenário comemorado em 1989.
Em 1927, um ano depois de terem sido criadas no país quatro jurisdições eclesiásticas, são ordenados os primeiros sacerdotes nativos e em 1953 é instituída a Hierarquia da Igreja católica com a criação das Dioceses de Nairobi, Nyeri, Kisumu e Meru. Quatro anos depois (1957) o país tem o seu primeiro bispo queniano, D. Maurice Otunga que iria ser criado cardeal em 1973.
O Papa João Paulo II visitou o país três vezes: em 1980, 1985 (por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional) e depois em 1995 para a entrega da Exortação Apostólica pós-sinodal, “Ecclesia in África” .
A Igreja católica no Quénia é, portanto, uma Igreja muito viva, que teremos a oportunidade de conhecer melhor com esta visita do Papa Francisco, visita cujo objectivo - sublinhou Francisco na sua vídeo-mensagem enviada previamente à população queniana - é confirmar a comunidade católica na sua fé em Deus e no testemunho do Evangelho. Evangelho que ensina a dignidade de cada homem e mulher e nos apela a abrir o coração aos outros, especialmente aos pobres e necessitados.
Fonte: R. Vaticano
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