Papa a ortodoxos: “defesa comum” das raízes cristãs
Ao receber as delegações da Bulgária e Macedônia na festa de São Cirilo e São Metódio
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 27 de maio de 2010
A obra dos santos Cirilo e Metódio, evangelizadores dos povos eslavos, continua viva nas raízes cristãs destes países, explicou o Papa no sábado passado, ao receber separadamente as duas delegações, uma da Bulgária e outra da ex-iugoslava República da Macedônia, presentes em Roma.
Nos dois discursos, a ambas as delegações, nas quais estavam presentes representantes da Igreja Ortodoxa, o Papa insistiu na importância de preservar as raízes cristãs destes países, para o que é necessário uma aproximação clara entre católicos e ortodoxos.
Dirigindo-se à delegação da Bulgária, que estava presidida pelo Primeiro-Ministro, Boïko Borissov, o Papa afirmou que o Evangelho "não debilita o quanto há de autêntico nas diversas tradições culturais; pelo contrário, exatamente porque a fé em Jesus nos mostra o esplendor da Verdade, esta dá para o homem a capacidade para reconhecer o verdadeiro bem e o ajuda a realizá-lo na própria vida e no contexto social".
Os irmãos Cirilo e Metódio "estabeleceram providencialmente o cristianismo no espírito do povo búlgaro, de modo que este está ancorado nesses valores evangélicos, que sempre reforçam a identidade e enriquecem a cultura de uma nação".
Deste modo, "contribuíram significativamente para modelar a humanidade e a fisionomia espiritual do povo búlgaro, inserindo-o na comum tradição cultural cristã".
Por isto, perante o atual processo de integração à Europa que vive este país, o Papa exortou os búlgaros a "manterem-se fiéis e a vigiar o precioso patrimônio que une um ao outro, enquanto, tanto ortodoxos como católicos, professam a mesma fé dos Apóstolos e estão unidos pelo batismo comum".
"Como cristãos, temos o dever de conservar e reforçar o vínculo intrínseco entre o Evangelho e nossas respectivas identidades culturais; como discípulos do Senhor, no respeito recíproco das diversas tradições eclesiais, somos chamados ao testemunho comum de nossa fé em Jesus, em nome do qual obtemos a salvação", argumentou.
Minutos depois, perante a delegação macedônia, que estava chefiada pelo presidente do Parlamento, Trjako Veljanoski, o Papa realçou a importância e atualidade da encíclica Slavorum Apostoli, de João Paulo II.
Nela, o falecido papa "quis recordar a todos que, graças ao ensino e aos frutos do Concílio Vaticano II, podemos hoje vislumbrar de um modo novo a obra dos santos Irmãos de Tessalônica" e "ler em sua vida e atividade apostólica, os conteúdos que a sábia Providência divina neles inscreveu, para revelarem-se em uma nova plenitude em nossa época e trazerem-se novos frutos".
"Ambos os irmãos "conheceram sofrimentos, privações e hostilidades, mas suportaram a tudo com fé inquebrantável e esperança invencível em Deus."
"Nós também compreendemos cada vez mais que quando nos sentimos amados pelo Senhor e sabemos corresponder a este amor, somos envoltos e guiados por sua graça em cada atividade e ação nossa. De acordo com a efusão dos múltiplos dons do Espírito Santo, quanto mais sabemos amar e nos doamos aos próximos, tanto mais o Espírito pode vir em ajuda de nossa fraqueza, indicando-nos novas vias para nossa atuação."
Com efeito, exortou, "ponhamos a mão no arado e prossigamos trabalhando sobre o mesmo sulco que Deus em sua providência indicou aos santos Cirilo e Metódio".
Fonte: ZENIT.org
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