Nova relação entre Igreja e arte para saber “ver o invisível”
20º aniversário da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja
20º aniversário da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja
CIDADE DO VATICANO,
- Hoje, mais do que nunca, é necessário prosseguir no “complexo e nem sempre fácil percorrido que permitirá, através de sinais de reflexão e de comparação entre artistas e teólogos, desenvolver um tecido conectivo de imagens e símbolos que permita à nossa sociedade voltar a ser consciente das suas próprias raízes culturais e de voltar a adquirir a capacidade de ver o invisível”.
Assim afirmou hoje Francesco Buranelli, secretário da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja, durante a coletiva de imprensa do 20º aniversário desta instituição.
Na coletiva de imprensa, interveio também Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura e da comissão pontifícia, e o abade Michael John Zielinski, O.S.B. Oliv, vice-presidente do organismo.
Em sua intervenção, Buranelli recordou que João Paulo II, com a constituição apostólica Pastor Bonus, de 1988, “teve a longa visão cultural de instituir uma estrutura à qual confiar a proteção dos tesouros da Igreja no mundo”.
A excepcionalidade da comissão pontifícia, explicou, está no “valor da universalidade”, porque não se trata de um dicastério de tutela “ligado a limites territoriais ou estatais”, mas “remete à vocação própria da Igreja de conservar, proteger e valorizar todo bem cultural reconhecido como patrimônio identitário da cristandade”.
“Trata-se de uma atividade diária e densa para difundir uma consciência cada vez maior do papel e do valor específico do patrimônio cultural religioso, particularmente do cristão, dentro do patrimônio cultural de cada nação e, por conseguinte, no patrimônio mundial da humanidade.”
Buranelli recordou a atenção prestada recentemente pela mídia e pela opinião pública internacional diante do anúncio da participação da Santa Sé na 54ª Bienal de Arte Contemporânea de Veneza 2011, com um pavilhão promovido pela comissão pontifícia.
Em sua opinião, em todos os lugares se concordou em que “chegou a hora de que a Igreja assuma novamente, com valor, o papel de inspiradora e patrocinadora que durante séculos caracterizou o trabalho da evangelização”.
“A Igreja deveria partir daí para basear-se novamente nesse diálogo com a arte e sobre a arte que a viu durante séculos no centro do debate cultural e que parece ter se enfraquecido – até perder-se em trivialidades e dissensões – no curso dos últimos dois séculos”, comentou.
Nova relação
Francesco Buranelli reconheceu que o contraste entre a Igreja e os artistas “viveu nestas últimas décadas momentos de novo e intenso impulso, que, não por acaso, coincidiu com a grande renovação teológica e litúrgica iniciada no segundo pós-guerra, culminada no Concílio Vaticano II, e que foi favorecida com consciência e amplitude de horizontes pelos últimos pontífices”, até chegar ao encontro de Bento XVI com os artistas no dia 21 de novembro passado, na Capela Sistina.
Nesta última ocasião, sublinhou, culminou-se “um vazio que era a triste consequência da interrupção do vibrante e construtivo diálogo que a Igreja havia instaurado com a arte desde as auroras da arte paleocristã”.
Atualmente, a Igreja não deve “ter medo desta amizade” com a arte.
Para que se instaure uma nova relação com o mundo artístico, é necessário, em primeiro lugar, “um envolvimento eclesial que não se limite à escuta da autorizada iniciativa dos pontífices, mas que faça dela um tesouro e estímulo às instituições religiosas a atuarem em iniciativas de formação e de estímulo para que o que foi um movimento ‘do alto’ se torne operativo também ‘na base’, para que, a partir da inspiração das palavras do Magistério, nasça uma nova etapa artística para toda a Igreja”.
Isso significa promover posturas como a atenção das igrejas particulares pelos artistas presentes em seu próprio território, a constituição de comissões diocesanas de arte religiosa contemporânea e a criação de condições para que “o artista, acompanhado, mas não limitado, na aquisição de uma linguagem coerente e unitária, e de uma sintaxe inteligível, possa enfrentar a teologia e o profundo conhecimento dos ritos e símbolos cristãos, e que, ao entrar em uma igreja, saiba perceber o que é o ‘sagrado’ que sua arte está chamada a fazer viver no coração dos crentes”.
“Somente desta forma – concluiu – o patrocínio eclesial poderá sair dos atalhos fáceis das produções ‘em série’ e os artistas se sentirão novamente provocados pelo tema da relação com o Inexpressável e poderão, confrontando-se com o tema talvez mais alto que a mente humana concebeu, crescer em seu caminho de arte.”
Fonte: ZENIT.org
Assim afirmou hoje Francesco Buranelli, secretário da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja, durante a coletiva de imprensa do 20º aniversário desta instituição.
Na coletiva de imprensa, interveio também Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura e da comissão pontifícia, e o abade Michael John Zielinski, O.S.B. Oliv, vice-presidente do organismo.
Em sua intervenção, Buranelli recordou que João Paulo II, com a constituição apostólica Pastor Bonus, de 1988, “teve a longa visão cultural de instituir uma estrutura à qual confiar a proteção dos tesouros da Igreja no mundo”.
A excepcionalidade da comissão pontifícia, explicou, está no “valor da universalidade”, porque não se trata de um dicastério de tutela “ligado a limites territoriais ou estatais”, mas “remete à vocação própria da Igreja de conservar, proteger e valorizar todo bem cultural reconhecido como patrimônio identitário da cristandade”.
“Trata-se de uma atividade diária e densa para difundir uma consciência cada vez maior do papel e do valor específico do patrimônio cultural religioso, particularmente do cristão, dentro do patrimônio cultural de cada nação e, por conseguinte, no patrimônio mundial da humanidade.”
Buranelli recordou a atenção prestada recentemente pela mídia e pela opinião pública internacional diante do anúncio da participação da Santa Sé na 54ª Bienal de Arte Contemporânea de Veneza 2011, com um pavilhão promovido pela comissão pontifícia.
Em sua opinião, em todos os lugares se concordou em que “chegou a hora de que a Igreja assuma novamente, com valor, o papel de inspiradora e patrocinadora que durante séculos caracterizou o trabalho da evangelização”.
“A Igreja deveria partir daí para basear-se novamente nesse diálogo com a arte e sobre a arte que a viu durante séculos no centro do debate cultural e que parece ter se enfraquecido – até perder-se em trivialidades e dissensões – no curso dos últimos dois séculos”, comentou.
Nova relação
Francesco Buranelli reconheceu que o contraste entre a Igreja e os artistas “viveu nestas últimas décadas momentos de novo e intenso impulso, que, não por acaso, coincidiu com a grande renovação teológica e litúrgica iniciada no segundo pós-guerra, culminada no Concílio Vaticano II, e que foi favorecida com consciência e amplitude de horizontes pelos últimos pontífices”, até chegar ao encontro de Bento XVI com os artistas no dia 21 de novembro passado, na Capela Sistina.
Nesta última ocasião, sublinhou, culminou-se “um vazio que era a triste consequência da interrupção do vibrante e construtivo diálogo que a Igreja havia instaurado com a arte desde as auroras da arte paleocristã”.
Atualmente, a Igreja não deve “ter medo desta amizade” com a arte.
Para que se instaure uma nova relação com o mundo artístico, é necessário, em primeiro lugar, “um envolvimento eclesial que não se limite à escuta da autorizada iniciativa dos pontífices, mas que faça dela um tesouro e estímulo às instituições religiosas a atuarem em iniciativas de formação e de estímulo para que o que foi um movimento ‘do alto’ se torne operativo também ‘na base’, para que, a partir da inspiração das palavras do Magistério, nasça uma nova etapa artística para toda a Igreja”.
Isso significa promover posturas como a atenção das igrejas particulares pelos artistas presentes em seu próprio território, a constituição de comissões diocesanas de arte religiosa contemporânea e a criação de condições para que “o artista, acompanhado, mas não limitado, na aquisição de uma linguagem coerente e unitária, e de uma sintaxe inteligível, possa enfrentar a teologia e o profundo conhecimento dos ritos e símbolos cristãos, e que, ao entrar em uma igreja, saiba perceber o que é o ‘sagrado’ que sua arte está chamada a fazer viver no coração dos crentes”.
“Somente desta forma – concluiu – o patrocínio eclesial poderá sair dos atalhos fáceis das produções ‘em série’ e os artistas se sentirão novamente provocados pelo tema da relação com o Inexpressável e poderão, confrontando-se com o tema talvez mais alto que a mente humana concebeu, crescer em seu caminho de arte.”
Fonte: ZENIT.org
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